Mulheres

Na Cidade do Samba, Feminicídio Zero chega à Sapucaí para milhões de pessoas

A ação conta com a parceria do Ministério da Saúde, da Fiocruz e da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa)

Agência Gov | via MM
08/02/2025 00:45
Na Cidade do Samba, Feminicídio Zero chega à Sapucaí para milhões de pessoas
Walterson Rosa/MS
Evento teve a presença das ministras Cida Gonçalves, Nísia Trindade e Anielle Franco

O Ministério das Mulheres selou nesta sexta-feira (7) a chegada da mobilização nacional pelo Feminicídio Zero ao Carnaval do Rio de Janeiro. A ação, que conta com a parceria do Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), foi marcada por um evento na Cidade do Samba.

No período do Carnaval, peças da campanha “Feminicídio Zero - Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada” serão expostas em diversos espaços do Sambódromo da Sapucaí, com paineis, faixa na avenida carregada por mulheres, adesivos nas portas dos banheiros e distribuição de materiais gráficos.

As mensagens da campanha lembram que o Carnaval é um momento de festejar, livre de assédio, e que enfrentar e interromper a violência contra a mulher é papel também dos homens. Outro destaque da campanha é reforçar, em todas as peças, a divulgação da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, disponível também no WhastApp (61) 9610-0180.

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Em seu discurso, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, reforçou a importância e a visibilidade que o Carnaval irá trazer, para o Brasil e o mundo, à mensagem de conscientização para enfrentar a violência contra meninas e mulheres. “No Carnaval, não estaremos apenas na Sapucaí, estaremos nas quadras das escolas de samba, conversando com a comunidade, com as pessoas que produzem essa grande festa, sobre a importância de eliminar a violência contra as mulheres”, disse.

“Queremos, junto com as escolas de samba e com a população, mudar a realidade do Brasil, que ocupa o quinto lugar no ranking mundial de feminicídio”, continuou a ministra. A intenção, lembrou Cida Gonçalves, é transformar o Carnaval em um momento não apenas de celebração, mas também de reflexão, incluindo os homens nessa luta.

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A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que enfrentar a violência contra a mulher também é uma questão de saúde pública. “Mas não cabe só a nós, que trabalhamos na saúde, no SUS, lidar com o impacto da violência. Nós falamos muito sobre as salas lilás, sobre o acolhimento que devemos dar à mulher, mas o papel da saúde é também se somar à prevenção. Então não queremos ter necessidades de novas salas de atendimento”, defendeu.

"Estamos aqui para reafirmar o compromisso da Fiocruz na luta contra qualquer tipo de violência, qualquer que seja, mas especialmente a violência contra as mulheres", afirmou durante o evento o presidente da Fiocruz, Mario Moreira. "O Carnaval é uma potência cultural, uma festa nacional e também uma oportunidade importante de trazer para o debate nacional a questão da violência contra as mulheres. Os números assustam e são inadmissíveis", salientou, colocando a instituição à disposição da causa.

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Cidade do Samba, onde as escolas preparam o Carnaval, foi palco do lançamento da parceria com a Liga Independente

Presidente da Liesa, Gabriel David definiu o dia de hoje como um “marco para o Carnaval, ambiente visto como propício para a violência contra a mulher”. Ele agradeceu à ministra das Mulheres por “entender a importância do Carnaval como um lugar onde as escolas de samba possam levar uma mensagem tão importante para a nossa sociedade. Tenho certeza que existem poucas organizações no Brasil como as escolas de samba com potencial tão grande de comunicar algo tão importante para a sociedade”.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lembrou da irmã, Marielle Franco, vereadora assassinada em março de 2018, e de como ela lutava pelo “Não é Não”. “E a gente segue aqui reafirmando a nossa luta, a gente segue cada vez mais lutando para que toda e qualquer mulher desse país seja livre da maneira que ela bem entenda, mas que seja respeitada”, destacou. A ministra lembrou que o Carnaval é feito por muitas mãos de mulheres negras.

O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, agradeceu ao presidente da Liesa por acolher esta campanha, “um marco muito importante para a história deste país”. “Conversei com a ministra Cida lá atrás, quando pensávamos em um lugar para esta luta tão fundamental para o Brasil, que é o combate a todas as formas de violência contra a mulher, e vimos que nada é mais potente em termos de comunicação do que o nosso Carnaval. Colocar essa mensagem do Feminicídio Zero na Avenida é o posicionamento de um Brasil que a gente precisa sonhar e construir. Parabéns à ministra Cida por essa campanha fundamental”, disse.

Participaram também do evento a Secretária de Mulheres do Estado, Heloisa Aguiar, a Secretária de Políticas para as Mulheres da cidade do Rio de Janeiro, Joyce Trindade, deputadas federais, estaduais e vereadoras, entre elas Benedita da Silva e Jandira Feghali.

Feminicídio Zero é uma mobilização nacional permanente do Ministério das Mulheres. A articulação envolve diversos setores do país, a partir de diferentes frentes de atuação — comunicação ampla e popular, implementação de políticas públicas e engajamento de influenciadores. Em 2024, o Ministério das Mulheres articulou parceria com a CBF e grandes clubes de futebol para promover a campanha durante partidas do Campeonato Brasileiro.

 

Link: https://www.gov.br/mulheres/pt-br/central-de-conteudos/noticias/2025/fevereiro/com-evento-na-cidade-do-samba-rj-feminicidio-zero-chega-a-sapucai-onde-alcanca-mais-de-5-milhoes-de-pessoas
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