Brasil e África do Sul aprofundam cooperação em alimentação escolar
Intercâmbio técnico, de 17 a 21 de março, destaca o modelo brasileiro do PNAE e a troca de experiências para aprimorar políticas públicas

Entre os dias 17 e 21 de março, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) recebe uma delegação da África do Sul para um intercâmbio técnico que tem como objetivo detalhar o funcionamento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) – referência mundial em políticas de alimentação escolar – e fortalecer a cooperação Sul-Sul. A iniciativa, realizada em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) e outras instituições, reafirma o compromisso dos países com a erradicação da fome e o desenvolvimento sustentável.
A cerimônia de abertura, realizada no auditório do FNDE, contou com a presença de autoridades brasileiras e sul-africanas. Durante a sessão inaugural, Fernanda Pacobahyba, presidente do FNDE, destacou: "O Brasil tem muito a compartilhar, mas também muito a aprender. Este intercâmbio não apenas reforça nossa parceria, como abre novas possibilidades para aprimorar políticas públicas de alimentação escolar em ambos os países."
O embaixador da África do Sul no Brasil, Vusi Mavimbela, sinalizou o interesse crescente de outros países em estudar o modelo brasileiro. "Vocês vieram ao lugar certo. Tantos países vêm estudar o sucesso deste programa, e queremos aproveitar essa oportunidade para fortalecer nossas políticas de alimentação escolar na África do Sul."
Siwela Elvis, diretor chefe do Departamento de Educação da Província de Mpumalanga, enfatizou o valor da troca de experiências. "O PNAE é um programa longevo e bem estruturado. Essa visita nos permite aprender com sua implementação e identificar como podemos adaptar boas práticas à nossa realidade."
O Centro de Excelência Contra a Fome do WFP tem sido um grande facilitador na troca de experiências entre Brasil e África do Sul. Daniel Balaban, diretor do Centro, frisou o impacto da cooperação internacional. "A alimentação escolar é uma ferramenta poderosa para combater a fome e melhorar a aprendizagem. O Brasil é um exemplo de como políticas bem estruturadas podem transformar vidas e fortalecer comunidades."
A Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), representada pelo conselheiro Paulo Joppert, colocou o órgão à disposição para estreitar cada vez mais os laços entre os países em favor do combate à fome no mundo.
Sessões técnicas - No mesmo dia (17 de março), a programação avançou com sessões técnicas que aprofundaram a análise sobre governança, financiamento e gestão do PNAE. Anderson Sampaio, diretor de Ações Educacionais do FNDE, ressaltou os pilares do sucesso do programa. "A gestão descentralizada, a participação da sociedade civil e a exigência de que pelo menos 30% dos alimentos venham da agricultura familiar garantem que o PNAE tenha um impacto social e econômico significativo."
Karine Santos, coordenadora-geral do PNAE, ressaltou a importância da integração entre a alimentação escolar e a produção local. "Ao conectar a alimentação escolar com a produção local de alimentos, promovemos uma economia mais inclusiva, garantindo refeições nutritivas e incentivando práticas sustentáveis na agricultura."
Outros representantes também reforçaram, durante as sessões, o valor da troca de experiências para adaptar soluções às especificidades de cada país – especialmente considerando os desafios enfrentados pelo Programa Nacional de Nutrição Escolar (NSNP) da África do Sul, que atende quase 10 milhões de alunos.
Segundo a especialista chefe em educação sul-africana, Carina Muller, um dos objetivos da missão técnica é aprender com a experiência brasileira para ampliar a compra de alimentos locais. "Queremos fortalecer a integração entre escolas e produtores locais para garantir que mais estudantes tenham acesso a refeições saudáveis e de qualidade."
Ainda houve apresentações sobre as diretrizes nutricionais do PNAE e debates em relação à construção de uma proposta de planejamento do cardápio do Programa Nacional de Nutrição Escolar (NSNP), da África do Sul.
Ao longo da semana, a agenda do intercâmbio contempla atividades e visitas que demonstram na prática o modelo brasileiro de compras da agricultura familiar e a execução do PNAE. Entre os destaques estão:
Dia 19 (visitas de campo):
Percurso por escola rural do Distrito Federal;
Acompanhamento, por meio de visitas guiadas, em cooperativas focadas em produtos frescos e minimamente processados, demonstrando o modelo de compras da agricultura familiar para o PNAE.
Dia 20 (Laboratório de Inovação do FNDE):
Apresentações detalhadas sobre o processo de compras da agricultura familiar, desde o passo a passo do processo até os avanços recentes;
Discussões sobre a infraestrutura necessária e as diferenças entre as funções do governo local e federal;
Exposição do caso de inovação na alimentação escolar no Distrito Federal.
Dia 21 (encerramento):
Consolidação dos aprendizados e reforço do compromisso mútuo para a erradicação da fome e o desenvolvimento sustentável.
O intercâmbio técnico, que também abre portas para futuras parcerias – como a participação da delegação sul-africana na 2ª Cúpula Global de Alimentação Escolar, marcada para setembro de 2025 em Fortaleza (CE) – posiciona o Brasil como um polo de referência e fortalece os laços internacionais em prol da segurança alimentar e nutricional, além do desenvolvimento social.
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