Economia

BNDES renova parceria com entidade que representa as cooperativas brasileiras

Acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) foi assinado em seminário sobre a importância do cooperativismo como modelo de desenvolvimento sustentável e inclusão social

Agência Gov | Via BNDES
10/04/2025 17:28
BNDES renova parceria com entidade que representa as cooperativas brasileiras

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) renovou, nesta quarta-feira (10/4), sua parceria estratégica com o Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), entidade de representação máxima do cooperativismo no Brasil. A assinatura aconteceu na abertura do seminário “O Impacto do Cooperativismo no Desenvolvimento do Brasil e o Apoio do BNDES”, realizado pelas duas instituições em conjunto com o Portal Metrópoles. O evento reuniu mais de 170 autoridades e especialistas para discutir a contribuição do cooperativismo para o crescimento econômico sustentável do Brasil.

Com prazo de cinco anos, o acordo de cooperação técnica tem o objetivo de ampliar o acesso das cooperativas às linhas de financiamento e soluções do BNDES. As duas entidades devem realizar eventos e capacitações de colaboradores, além de desenvolver projetos e plataformas para estimular o conhecimento, a cultura e o mercado de trabalho cooperativista. Também está previsto o intercâmbio de informações e estudos.

“O BNDES é o banco das cooperativas, porque é um banco público e as cooperativas têm um sentido público de trabalho”, destacou o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, na mesa de abertura. Segundo ele, dos três maiores repassadores de recursos do BNDES, dois são cooperativas. Somente em 2024, as cooperativas de crédito foram responsáveis pelo repasse de R$ 37,4 bilhões, o equivalente a 34% das operações de repasse aprovadas por meio de agentes financeiros parceiros. Esse percentual representa um aumento significativo em relação aos 3% registrados em 2014.

Mercadante apresentou o cooperativismo como uma força econômica e social decisiva no Brasil: o setor possui hoje 4.509 cooperativas – crescimento de mais de 50% em relação aos últimos 20 anos –, reúne 23,5 milhões de brasileiros, gera 550 mil empregos diretos e tem faturamento de R$ 692 bilhões por ano.

Para fortalecer iniciativas de cooperativismo, uma das ações do BNDES é o Procap Crédito, que fortalece a estrutura patrimonial das cooperativas de crédito. O programa recebeu dotação orçamentária de R$ 2 bilhões no ano passado e teve sua vigência estendida até o fim de 2025. “Se precisar, vamos colocar mais dinheiro”, sinalizou Mercadante.

O presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, avaliou que o cardápio de serviços financeiros oferecidos hoje pelas cooperativas vai muito além do crédito. O executivo também defendeu a necessidade de fortalecer a relação com o BNDES: “Precisamos nos unir para facilitar a chegada de recursos externos e fazer com que não custe tão caro transformá-los em reais”, disse.

Segundo Freitas, a meta é chegar a 2027 com R$ 1 trilhão de faturamento anual e 30 milhões de cooperados. Para isso, a OCB atua em cinco frentes prioritárias: gestão e governança, inovação e tecnologia, sustentabilidade, comunicação e representação institucional política.

Representando o Ministério da Agricultura e Pecuária, o assessor especial Carlos Ernesto Augustin reforçou que o dólar é a melhor alternativa para fazer o custeio do setor este ano. “O BNDES tem muita experiência e consegue trazer os capitais do mundo”, afirmou. A abertura do seminário também contou com a participação dos deputados federais Fernando Mineiro e Arnaldo Jardim, que destacaram o cooperativismo como uma das melhores soluções para enfrentar pautas sensíveis no Brasil e no mundo.

Painéis – O seminário também contou com dois painéis de debate mediados por diretores do BNDES. Com moderação da diretora de Crédito Digital para MPMEs e Gestão do Fundo Rio Doce, Maria Fernanda Coelho, o primeiro mostrou o impacto do cooperativismo de crédito no desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Para o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton Aquino, o cooperativismo de crédito é um elemento importante de inclusão e desenvolvimento da sociedade. Hoje, o país tem 753 cooperativas de crédito, com 19,2 milhões de cooperados e ativos totais de R$ 885 bilhões no fim de 2024.

Aquino também destacou que a tributação do setor é positiva: “Os benefícios entregues aos cooperados através de taxas de crédito mais baixas e taxas de depósito mais altas são superiores aos benefícios da isenção tributária”, afirmou.

O diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, Enio Meinen, chamou a atenção para a necessidade de aproximação com os municípios, sobretudo no Norte e Nordeste. As cooperativas estão presentes em apenas 15% dos municípios do Nordeste e 40% do Norte, contra 97% na região Sul. Por outro lado, entre 2021 e 2025, as cooperativas abriram 320 novas agências no Norte e Nordeste, enquanto os bancos fecharam 140 pontos físicos.

O pesquisador da FIPE Alison Pablo de Oliveira apresentou estudo sobre os impactos econômicos, sociais e ambientais em municípios após a abertura de cooperativas de crédito. “As cooperativas são muito competitivas e, nos momentos de crise, têm mais resiliência do que o restante do sistema”, afirmou.

No segundo painel, moderado pelo diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, apresentou exemplos de cooperativas do setor agroindustrial. “O cooperativismo organizado é a melhor forma de termos desenvolvimento sustentável em todas as comunidades brasileiras”, defendeu o presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek.

 
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