Povos indígenas

Consea ouve povos indígenas sobre demandas por segurança alimentar e nutricional

Defesa dos territórios e condições adequadas para o cultivo foram algumas das principais reivindicações apresentadas pelos participantes do Acampamento Terra Livre, em Brasília

Agência Gov | Via SGPR
15/04/2025 11:11
Consea ouve povos indígenas sobre demandas por segurança alimentar e nutricional
Dayhane Chaves | COSEA/SGPR
Outras reivindicações apresentadas dizem respeito ao fortalecimento das políticas de saúde

A Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), esteve presente na 21ª edição do Acampamento Terra Livre que ocorreu do dia 08 ao dia 11 de abril e ouviu algumas das reivindicações apresentadas pelos povos indígenas durante a mobilização — entre elas, questões diretamente relacionadas à segurança alimentar e nutricional.

Wagner Katamy da etnia Krahô- Kanela, Cacique da aldeia Catàmje, destacou que ter uma alimentação mais saudável depende da possibilidade dos indígenas cultivarem alimentos em suas próprias terras, como mandioca, batata, inhame, banana, entre outros. Maximiniano Krahô também evidenciou a importância do cultivo próprio e relatou que muitos indígenas vêm sofrendo com doenças como diabete devido ao consumo excessivo de industrializados.

Sarapó Pankararu relatou a importância de que as comunidades indígenas sejam ouvidas com o objetivo de compreender as reais necessidades de cada local. Como sugestão, propôs a realização de eventos, seminários e outros espaços de escuta que permitam a cada etnia expressar suas demandas prioritárias. Ele ressaltou ainda a necessidade da proteção do território como condição essencial para garantir uma alimentação saudável. “Eu acho que uma das coisas que precisamos ter em mente é que a gente não vai ter segurança alimentar se a gente não tiver a segurança do nosso território, se não tivermos segurança hídrica. Então essas são pautas que devem caminhar juntas no conselho”, concluiu.

Mezaque Pataxó, que está indicado pela sua organização para representá-la no Consea, também reforçou a necessidade de garantir a segurança territorial e ampliar as possibilidades de habitação voltadas às populações indígenas mencionando a importância da inclusão dos povos originários no programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

Outras reivindicações apresentadas dizem respeito ao fortalecimento das políticas de saúde com a integração da medicina tradicional e os saberes dos povos indígenas; ao acesso ampliado a recursos para a educação que contemplem bolsas de estudo, melhoria da infraestrutura e ampliação do quantitativo de profissionais além de mais representatividade com indígenas exercendo seu protagonismo em espaços de diálogo, tais como em universidades e no Ministério dos Povos Indígenas (MPI).

No que diz respeito à segurança alimentar e nutricional, Mezaque apontou diferentes necessidades: a realização de pesquisas que indiquem com maior precisão o quantitativo de indígenas que conseguem cultivar seus próprios alimentos e o que ainda falta ser feito para outras comunidades conseguirem avançar nesse processo; a oferta de orientações sobre boas práticas de cultivo, respeitando os conhecimentos tradicionais e o acesso a recursos financeiros que possibilitem, por exemplo, a aquisição de bancos de sementes. Tais ações, segundo Mezaque, são fundamentais para a construção de uma alimentação genuinamente saudável para as comunidades indígenas, respeitando as especificidades de cada uma. “Nós queremos uma alimentação da nossa forma, saudável, sem agrotóxico, sem agredir o solo, sem agredir a nossa saúde. Queremos um alimento de qualidade”, finalizou.

Link: https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2025/abril/consea-comparece-em-mobilizacao-indigena-e-ouve-demandas-por-seguranca-alimentar-e-nutricional
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