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Prospecção do futuro na ciência e tecnologia guia 1ª reunião da cooperação dos Brics sobre inovação

Seminário com representantes dos 11 países discute como a previsão tecnológica - o foresight - pode orientar o desenvolvimento científico no Sul Global.

Agência Gov | Via Brics Brasil
12/04/2025 10:38
Prospecção do futuro na ciência e tecnologia guia 1ª reunião da cooperação dos Brics sobre inovação

Com temas estratégicos como inteligência artificial, sustentabilidade, integração de big data e, foresight, metodologia de prospecção de futuros possíveis no âmbito da Ciência e Tecnologia e Inovação (CT&I), o Brasil avançou mais uma etapa na agenda de cooperação  entre os países do BRICS. Nesta semana, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil (MCTI) realizou o seminário Internacional de Prospecção Tecnológica: Oportunidades em CT&I para a Cooperação dos BRICS, em Brasília.

Ao longo do ano, estão previstos mais 13 encontros – presenciais e virtuais – para aprofundar o diálogo e alinhar estratégias comuns. Adriana Thomé, coordenadora-geral de Cooperação Multilateral do MCTI, destacou que, apesar das diferentes realidades dos países participantes, houve sintonia em torno de temas prioritários para o futuro da ciência e tecnologia.

"O que mais chamou a minha atenção foi a convergência de algumas temáticas — principalmente a questão da mudança do clima, que apareceu em várias falas. Isso mostra como diferentes países estão preocupados em desenvolver tecnologias que possam nos ajudar a enfrentar esse desafio global que afeta a todos. Essa preocupação é especialmente relevante neste ano, pois está diretamente ligada ao nosso próximo grande evento no Brasil, a COP30."

Para o diretor-presidente da CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) , Fernando Rizzo, o encontro foi uma oportunidade para que cada país compartilhasse suas experiências na área de ciência, tecnologia e inovação, além de fortalecer o incentivo a parcerias multilaterais.

“Percebemos uma convergência entre os países. Enquanto alguns ainda estão em fase de definição de direções, estratégias e formas de implementação de seus projetos, outros já se encontram em estágios mais avançados. É o caso da Indonésia e da Rússia, que atuam ativamente na área de foresight tecnológico. A Rússia, por exemplo, conta com a HSE University — uma universidade de excelência que oferece programas robustos voltados para métodos matemáticos aplicados à modelagem de inteligência artificial”, destacou Rizzo.

A Indonésia foi representada por Boediastoeti Ontowirj, que trouxe o tema de foresight para o debate por meio do Plano Nacional de Desenvolvimento da Indonésia, que pontua etapas para a implementação da metodologia de foresight tecnológico.

O professor Alexander Sokolov, da Higher School of Economics (HSE), da Rússia, a principal universidade e instituto de pesquisa do país, destacou como a metodologia foresight é usada para alcançar uma visão de futuro coletiva. Ele citou algumas das conquistas do país no tema, trazendo para o debate as principais tendências que afetam o desenvolvimento da ciência e tecnologia global. Sokolov ainda falou sobre métodos e aplicações de foresight em inteligência artificial.

O workshop reuniu autoridades, especialistas e lideranças globais em ciência, tecnologia e inovação dos 11 países que hoje integram o agrupamento: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.

Foresight tecnológico

Durante o debate, o Brasil também apresentou sua visão sobre como a metodologia de foresight pode orientar políticas públicas e decisões estratégicas em ciência e tecnologia. Para Caetano Penna, diretor do CGEE, a prospecção tecnológica deve estar alinhada às necessidades concretas da população e ao papel transformador da ciência e da inovação

“A Foresight - ou prospecção em português - é uma análise do futuro. Nesse contexto, trata-se de um estudo para antecipar tendências e identificar ações que podemos tomar hoje para atingir os objetivos da ciência, tecnologia e inovação. Essencialmente, busca responder como podemos desenvolver tecnologias para resolver os problemas da sociedade, olhando para o futuro e identificando quais tecnologias precisam ser desenvolvidas.Temos que ter a visão de que a ciência e a tecnologia devem servir para resolver problemas concretos e melhorar as condições de vida”.

Atualmente, no Brasil, diferentes instituições e grupos de pesquisa têm se aprofundado na aplicação da metodologia de foresight em áreas como agricultura, espaço, aeronáutica, medicina tropical, saúde pública e prevenção de pandemias, indústria farmacêutica e de cosméticos, e petroquímica.

Entre os cases nacionais de destaque, estão os trabalhos conduzidos por duas instituições que aplicam de forma sistemática estudos prospectivos em seu planejamento anual e em suas visões de médio e longo prazo: a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na área da saúde, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que publica estudos de cenários desde os anos 1990, com foco na evolução tecnológica e em soluções inovadoras para o setor.

Cooperação e recomendações sobre foresight

Além do workshop, o CGEE está organizando um evento presencial em outubro de 2025, com o propósito de elaborar um documento oficial de recomendações sobre foresight. Este material buscará oferecer um conjunto de orientações estratégicas sobre as principais oportunidades dentro do tema, com foco em fomentar a cooperação entre os países do agrupamento. O objetivo é que ele também funcione como evidência para apoiar a coordenação mais estratégica da Cooperação Internacional em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no contexto do BRICS, contribuindo para o fortalecimento das iniciativas conjuntas.

 
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