‘Vitória na luta contra o crime organizado’, afirma Levandowski após prisão de Tuta, líder de facção
Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, foi transferido para a Penitenciária Federal em Brasília no domingo (18)

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Levandowski, classificou como uma “vitória muito importante” do governo brasileiro na luta contra o crime organizado a prisão de Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta.
Integrante de uma facção, Tuta foi condenado a 12 anos de prisão no Brasil por crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, e constava na Lista de Difusão Vermelha da Interpol desde 2020.
O governo brasileiro teve uma vitória muito importante em sua luta contra o crime organizado, que foi justamente a prisão, na Bolívia, de um delinquente de alta periculosidade, ligado a uma importante facção criminosa no Brasil”, disse o ministro nesta segunda-feira (19/5)
Ele é identificado como um dos principais articuladores de um esquema internacional de lavagem de dinheiro vinculado a uma organização criminosa. O indivíduo estava foragido há cinco anos e foi detido por uso de documento falso em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Ele foi encaminhado a um presídio de segurança máxima do Sistema Penitenciário Federal, cujo objetivo é isolar lideranças criminosas e presos de alta periculosidade. Ele ficará preso na Penitenciária Federal em Brasília.
“Foi uma operação extremamente complexa porque envolveu não apenas a ciência do presidente da República, que esse delinquente havia sido preso na Bolívia, e que o Brasil tinha o maior interesse em trasladá-lo no menor prazo possível para o Brasil".
PEC da Segurança Pública
Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, a prisão de Tuta é um exemplo de cooperação de todos os órgãos de segurança pública. Segundo Levandowski, é esta cooperação que está prevista na proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, enviada ao Congresso Nacional no mês passado.
A proposta de mudança busca conferir status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado em 2018 por lei ordinária. O propósito é fortalecer o Estado no combate ao crime organizado.
É justamente aquilo que nós almejamos com a PEC da Segurança (Pública), que está tramitando no Congresso Nacional. O combate ao crime organizado hoje é um combate extremamente complexo que envolve não apenas a cooperação entre diversos órgãos de segurança locais, estaduais e federais, mas também uma intensa e necessária cooperação internacional”, disse o ministro
Identificação biométrica
O escritório da Interpol, em Brasília, havia sido acionado para checar suas bases de dados e informar com precisão à polícia boliviana a respeito da pessoa que estava se apresentando com documento falso. Após feita a identificação do foragido, a Polícia Federal comunicou o êxito da captura ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, destacou a importância da base de dados biométrica, que permitiu retornar com a informação praticamente em tempo real, informando quem era a pessoa que estava ali e, com isso, permitindo que a polícia boliviana fizesse a detenção do foragido. "Conseguimos, quase que em tempo real, confirmar quem era, de fato, aquela pessoa que estava lá se apresentando à unidade policial da Bolívia, e com isso dar a materialidade, a certeza, a segurança para que as autoridades bolivianas fizessem a prisão em flagrante daquela pessoa", afirmou.
"Recebemos esse preso na fronteira, levamos até a nossa delegacia para fazer procedimentos administrativos e jurídicos legais, por exemplo, exames de corpo de delito, enfim, e documentação, e a partir daí embarcamos na nossa aeronave da Polícia Federal, que já estava lá aguardando, e fizemos esse translado com o desfecho muito favorável", disse o diretor da PF.
A Interpol, organismo internacional das polícias, é formada atualmente por 196 países, e tem por missão garantir a comunicação e o intercâmbio de informação e a coordenação operacional entre as polícias de todo o mundo. "E esse caso requereu justamente uma atuação coordenada entre as polícias da Bolívia e do Brasil", resumiu Valdecy Urquiza, secretário-geral da Interpol.
Segundo Urquiza, Tuta já constava nos bancos de dados da organização desde 2020, através de um mecanismo internacional de compartilhamento de informação de foragidos internacionais. "A Interpol também atuou apoiando a Polícia Federal do Brasil e da Bolívia no intercâmbio de informações de biometria, que foram extremamente necessárias e úteis para a correta identificação desse indivíduo. A Polícia Federal participa do Centro Biométrico da Interpol, um centro que conta com a participação de vários países do mundo, e que tem por objetivo realizar esse intercâmbio quase que em tempo real de informações biométricas, o que apoiou, então, na identificação do criminoso", explicou.
Assista à entrevista coletiva sobre a prisão
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte