Social e Políticas Públicas

Créditos fortalecem produção e ampliam renda de assentadas no Espírito Santo

Os resultados dos investimentos já alteram positivamente os processos e a produção nas áreas de reforma agrária no Estado

Agência Gov | Via Incra
19/05/2025 13:20
Créditos fortalecem produção e ampliam renda de assentadas no Espírito Santo
Incra/ES
Para Maria Margarete e Manoel Ferreira, os créditos abriram novas perspectivas e processos produtivos

Com o objetivo de associar crédito à otimização dos processos produtivos das famílias assentadas, o Incra no Espírito Santo investiu cerca de R$ 800 mil em seis assentamentos capixabas no ano de 2023 e R$ 936 mil em outras seis áreas de reforma agrária no Estado em 2024.

E os resultados dos investimentos já alteram positivamente os processos e a produção nas áreas de reforma agrária no Estado, ampliando a renda e melhorando a qualidade de vida das famílias assentadas beneficiadas com os créditos.

Para a superintendente do Incra (ES), Maria da Penha Lopes dos Santos, o crédito é fundamental ao desenvolvimento dos assentamentos e à emancipação econômica das famílias em razão de otimizar a estrutura de produção. “À medida que assentadas e assentados são contemplados com os créditos advindos das políticas sociais da reforma agrária, eles decidem a que atividades produtivas pretendem se dedicar, conforme vocação e projetos que planejam concretizar”, defendeu.

Famílias do assentamento Santa Clara, no município de Viana (região da Grande Vitória), contempladas mais recentemente com recursos do Crédito Instalação – nas modalidades Apoio Inicial (no valor de R$ 8 mil por família), Fomento (R$ 16 mil) e Fomento Mulher (R$ 8 mil) –, reforçam essa ideia. Afinal, esses créditos propiciam melhores condições às famílias, com reflexos sociais e econômicos em favor do desenvolvimento local.

Maria e Manoel 

De acordo com os assentados Maria Margarete Veronesi Ferreira e Manoel do Espírito Santo Ferreira, os créditos Fomento e Fomento Mulher liberados em final de 2023 abriram novas perspectivas no sentido de ampliar os processos produtivos e a forma de trabalhar no lote. Em final de 2024, com a chegada de energia elétrica no lote, foram postos em prática atividades que começam a dar resultado em termos de geração de renda mais substancial à família em 2025.

O assentado Manoel aplicou os recursos do Fomento em 2024 na compra de aproximadamente seiscentas mudas de laranja, mexerica e limão-taiti, com vistas a iniciar produção de cítricos, além de adquirir o equipamento do sistema de irrigação no lote – que tem como principal atividade a cultura de hortaliças, legumes, frutos e tubérculos (maxixe, pepino, pimentão, jiló, melancia, banana, abóbora, amendoim etc.). Já o acesso aos recursos do Fomento Mulher possibilitou que a agricultora Maria Margarete complementasse valores referentes à compra do material utilizado na instalação do sistema de irrigação, preparação da área de cultivo e adubação da terra. A expectativa é que os cítricos comecem a dar frutos em 2026.

A pequena roça de mandioca, por exemplo, em setembro ou outubro deve produzir ao menos 70 caixas, representando retorno financeiro e acréscimo à renda familiar neste ano. E uma das recentes colheitas de pepino resultou em 180 caixas do produto, lotando um caminhão – entregue a empresário local que fornece o produto a clientes do Sul do país – negócio que pode render entre R$ 25 e R$ 40 por caixa ou até R$ 7,2 mil apenas nessa carga (variando conforme preço de mercado e custos de transporte). O trabalho no sítio atualmente conta com o apoio de Jamilson, filho do casal.

Diante da boa produção de hortaliças alcançada no lote, a presença do agricultor de duas a três vezes por semana no armazém da Ceasa (localizado em Cariacica, município limítrofe a Viana) também propicia vendas significativas e renda média mensal de R$ 2 mil. Em termos de projetos e novas fontes de renda, Manoel pensa em cultivar milho verde (muito consumido por frequentadores da orla capixaba durante o verão) em área que estava sendo preparada durante visita da reportagem ao assentamento; mesmo local que no início do próximo ano ele pretende plantar cerca de seis mil mudas de café. “A ideia é que em três anos já esteja colhendo o primeiro café no lote, a partir de recursos advindos de financiamento do Pronaf, em fase final de liberação pelo banco”, comenta.

Considerando o acesso aos créditos produtivos e a irrigação ofertada aos diversos cultivos na parcela do casal, a agricultora Maria Margarete demonstra otimismo ao declarar que “pelo que a gente está vendo, tudo que plantar por aqui nós vamos colher bem”.

Patrícia e Valdeci

Desde 2007 no lote, Patrícia de Almeida Mattos Santos e Valdeci Rodrigues dos Santos dedicam-se à pecuária de leite e produção de queijos como atividade principal, sem perder de vista a diversificação de cultivos e criação de pequenos animais. Em virtude do trabalho, da consciência ecológica e da constante participação em editais de programas que fomentam a comercialização de produtos da agricultura familiar os resultados têm sido motivo de comemoração pelo casal.

O marco no progresso da propriedade é o ano de 2010, quando eles tiveram acesso a recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), na modalidade A - voltada aos públicos da reforma agrária. À época, os R$ 21 mil do financiamento possibilitaram a aquisição de cinco vacas de boa genética e a estrutura para o início da atividade – hoje são mais de 40 animais.

Para Valdeci, o sucesso no lote é atribuído a muitos fatores: a união do casal, a distribuição de tarefas conforme a vocação de cada um (operacional, administrativa, etc.), a qualidade dos produtos, bem como a diversificação das atividades e de clientes para que as fontes de renda sejam ampliadas. A isso, somam-se processos produtivos e iniciativas encampadas a partir de conhecimento absorvido na participação em cursos na área e de orientação técnica de órgãos governamentais e entidades do campo no manejo do gado: caso da adoção do sistema agroecológico de produção no sítio, do pastejo rotacionado (com a divisão do lote em pequenos piquetes), da implantação de capim e de silagem de boa qualidade e da melhoria genética do gado de leite.

Somente a entrega de leite in natura a um distribuidor local rende mensalmente cerca de R$ 5 mil (referente a 60 litros/dia) em períodos de baixa e na alta temporada algo em torno de R$ 8 mil (90 a 100 litros/dia). Uma renda variável que, em 2024, chegou a R$ 54 mil. E os queijos artesanais agregam, em média, mais de R$ 5 mil por mês. No ano passado, a venda de vacas com baixa lactação (descarte) e de machos nascidos na propriedade somou R$ 108 mil ao orçamento familiar. Da mesma forma, o comércio de galinhas e porcos a vizinho e empresários locais geram renda interessante.

Os bons resultados conquistados em 2024 possibilitaram a aquisição de novos equipamentos com recursos próprios, facilitando o trabalho no lote, como a aquisição do resfriador (com capacidade de 600 litros), no valor de R$ 11,7 mil, e da ordenha mecânica, comprada por R$ 10,2 mil.

Segundo a agricultora Patrícia, o cultivo de frutas, tubérculos e cereais, juntamente com a criação de galinhas possibilitam que a família participe também de editais públicos no fornecimento de alimentos a entes governamentais em programas de apoio à agricultura familiar. Por sinal, uma importante fonte de renda complementar – representando percentual significativo ao orçamento. A oferta de produtos como ovos, bananas, aipim / mandioca, milho verde, abacate, coco verde, coco seco, mamão, etc devem gerar este ano uns de R$ 40 mil ao casal em contratos com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Compra Direta de Alimentos (CDA) - este último uma política pública do Governo Estadual. O excedente dessas culturas e os queijos produzidos pela família são comercializados em feiras livres realizadas no município de Viana, contabilizando em média R$ 5 mil por mês.

“Os créditos produtivos fizeram a diferença no desenvolvimento de nosso lote. Se eu não fosse assentada pelo Incra hoje certamente ainda seria assalariada trabalhando em uma fazenda da região. E toda a formação escolar e acadêmica de nossas filhas ocorreu com elas morando no lote e estudando em escolas rurais no ensino fundamental e médio, usando o transporte escolar rural no deslocamento à cidade”, afirma Patrícia.

Para orgulho dos pais, as filhas do casal são formadas em Direito e ainda residem no local; uma delas dedicada à carreira da advocacia. A outra trabalha no sítio, participando individualmente de editais de fomento na comercialização de produtos da agricultura familiar.

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