Águas

Programa Cisternas promove acesso à água no Semiárido e na Amazônia

Segundo o fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites, meteorologista Humberto Barbosa, aridez no Brasil tem aumentado nas últimas duas décadas

Agência Gov | Via MDS
26/05/2025 21:17
Programa Cisternas promove acesso à água no Semiárido e na Amazônia

As mudanças climáticas estão intensificando secas, desertificação e perda de biodiversidade. Segundo o fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis/Ufal), meteorologista Humberto Barbosa, isso afeta diretamente a segurança alimentar e aumenta a pobreza.

A situação se agrava com o crescimento de fenômenos como a “seca-relâmpago” – evento climático intenso e rápido, ligado a temperaturas muito altas, que está se tornando mais comum.

O meteorologista observou que as áreas secas e degradadas do Semiárido brasileiro estão recebendo mais radiação de calor e tendo menos formação de nuvens. Como resultado, a diminuição das chuvas e o aumento da aridez em diversos municípios.

“A aridez no Brasil tem aumentado nas últimas duas décadas, representando uma transição de regiões semiáridas para áridas, que abrangem 8% do território nos últimos 20 anos. Além disso, observou-se uma transição de regiões subúmidas secas (como as do Agreste) para semiáridas, correspondendo a um aumento de 55% nesse mesmo período”, revelou Humberto Barbosa.

A alteração nas condições climáticas torna a disponibilidade de água menos previsível e intensifica os episódios de estresse hídrico extremo, uma realidade ainda enfrentada por milhares de brasileiros em pleno 2025.

Em resposta a essa crise, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) tem ampliado os investimentos na instalação de cisternas nas áreas afetadas pelas mudanças climáticas.

O Programa Cisternas entregou mais de 68,4 mil tecnologias de acesso à água entre 2023 e maio de 2025. No período, o MDS contratou 186.242 cisternas e outras tecnologias sociais, com investimento total previsto de R$ 1,2 bilhão.

“É muito interessante observar que as cisternas exercem um impacto socioeconômico significativo no Semiárido brasileiro. Além de garantir a segurança hídrica, a água armazenada proporciona também certa autonomia à população local”, destacou o pesquisador Humberto Barbosa.

A meta do Governo Federal é construir 220 mil equipamentos pelo Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para atender 905 municípios. Para isso, a União conta com 30 parcerias firmadas com 20 atores diferentes (estados, consórcios públicos e organizações da sociedade civil), resultando em 200 contratos com entidades previamente credenciadas pelo MDS.

“Muitas dessas regiões atualmente áridas, são diagnosticadas como áreas extremamente degradadas, onde o processo de desertificação já está em curso. Isso afeta diretamente a produtividade, inviabilizando a segurança alimentar da agricultura nesses municípios que se tornam áridos”, acrescentou Humberto Barbosa.

A partir da nova parceria feita com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), por meio da AP1MC, o MDS também vai recuperar 2,5 mil cisternas com mais de dez anos de uso. O investimento de R$ 500 milhões previsto no edital, lançado em 2024, ainda será usado para a construção de mais 50 mil tecnologias sociais, sendo 46 mil de 1ª água, quatro mil de 2ª água e 245 cisternas escolares.

Além dos recursos do MDS, existem outras fontes de financiamentos do Programa Cisternas, criado há mais de 20 anos. Por meio da Fundação Banco do Brasil e do BNDES, foram destinados R$ 40 milhões para implementação de tecnologias de água para produção de alimentos, voltados para o atendimento de 1,4 mil famílias no Semiárido.

Para a região Norte, que também sofre com as mudanças climáticas, uma fonte alternativa de recursos vem do Fundo Amazônia, no valor de R$ 150 milhões. O recurso irá beneficiar 4,3 mil famílias extrativistas, quilombolas e assentadas.

Nos últimos anos a seca tem afetado os níveis dos rios, especialmente o Rio Negro, que atingiu o menor nível em 122 anos de medições. Os impactos incluem isolamento de comunidades, dificuldades no transporte e desabastecimento de alimentos.

 

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