SUS passa a oferecer tratamento integral para dermatite atópica
Três novos medicamentos aumentam a qualidade de vida de pacientes que sofrem com estigmas relacionados à doença

A dermatite atópica – condição dermatológica que acomete principalmente as crianças – poderá ser tratada de forma integral no Sistema Único de Saúde (SUS). O Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, publicou três portarias no Diário Oficial da União desta terça-feira, 27 de maio, que incorporam três novos medicamentos ao tratamento já oferecido pela rede pública: Portaria 17 , Portaria 18 e Portaria 31.
Um fator importante do tratamento é o enfrentamento a estigmas sociais impostos às pessoas que vivem com a condição, que, muitas vezes, convivem com preconceitos em vista das lesões visíveis na pele”
Fernanda De Negri
Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde
Com recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), quem convive com a doença pode receber mais duas pomadas para a pele (tacrolimo e furoato de mometasona) e um medicamento oral (metotrexato). As novidades permitem o cuidado desde as fases iniciais até quadros mais graves da doença.
A dermatite atópica causa inflamação da pele, ocasionando lesões e coceiras intensas, dependendo da gravidade. A ampliação de acesso ao tacrolimo tópico para os pacientes do SUS é um benefício relevante, já que, por ser um medicamento de alto custo, seu acesso era mais restrito. O tacrolimo tópico e o furoato de mometasona poderão tratar pessoas que não podem utilizar corticóides ou apresentam resistência aos tratamentos até então disponíveis.
Outra novidade é o metotrexato, utilizado no manejo da dermatite atópica grave, principalmente para pacientes que não podem utilizar a ciclosporina, medicamento já disponibilizado na rede pública.
TRATAMENTO ADEQUADO – “Um fator importante do tratamento é o enfrentamento a estigmas sociais impostos às pessoas que vivem com a condição, que, muitas vezes, convivem com preconceitos em vista das lesões visíveis na pele”, diz Fernanda De Negri, secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics). A secretária também pontua as implicações sociais por conta do preconceito causado pela doença. “Ela acomete, muitas vezes, crianças em idade escolar que podem deixar de ir às aulas por isso.”
Doença não contagiosa, a dermatite atópica é uma condição genética e crônica, caracterizada principalmente por coceira intensa e pele ressecada. Ela afeta especialmente as áreas de dobras do corpo, como a parte frontal dos cotovelos, atrás dos joelhos e o pescoço. É uma das formas mais comuns de eczema, prevalente na infância, embora também possa surgir na adolescência ou na fase adulta.
Atualmente, a rede pública de saúde já oferece outras três opções de cuidado: duas pomadas para aplicação direta na pele, dexametasona creme (1 mg/g) e acetato de hidrocortisona creme (10 mg/g - 1%). Ambas são classificadas como de potência leve. Para casos mais graves, está disponível a ciclosporina, opção oral.
Entre 2024 e 2025, mais de 1 mil atendimentos hospitalares e mais de 500 mil ambulatoriais relacionados à dermatite atópica foram prestados na rede pública de saúde em todo o Brasil. O cuidado pode envolver consultas especializadas, exames e prescrição de medicamentos, de acordo com o quadro clínico apresentado.
COMO BUSCAR TRATAMENTO NO SUS – Para ter acesso à assistência pública, basta procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da residência do paciente. A partir da avaliação clínica e se houver necessidade, ocorrerá o encaminhamento para consulta com especialista para diagnóstico preciso e definição da conduta terapêutica.
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