“O auxílio da Marinha é a esperança que a comunidade tem. Que esse prédio volte a ter as crianças estudando, seguras e com profissionais. Que elas voltem a ser crianças e esqueçam toda essa tragédia.” O relato emocionado da Vice-Prefeita de Guaíba (RS), Cláudia Jardim, feito em 2024, refletiu o impacto positivo da atuação da Marinha do Brasil (MB) na recuperação das escolas e estabelecimentos afetados pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul entre abril e maio daquele ano.
Um ano após a tragédia, que ceifou a vida de mais de 180 pessoas, deixou 25 desaparecidos e mais de 600 mil desabrigados, os reflexos da atuação da MB ainda reverberam na sociedade, que se reergue pouco a pouco. A atuação da Força não se limitou à reconstrução de escolas e à desobstrução de vias, mas se deu por meio de uma verdadeira operação de guerra, com resgates, entrega de donativos, atendimentos hospitalares e assistência social.
Primeiro combate
Assim que as primeiras chuvas começaram a atingir os municípios do Rio Grande do Sul, a MB passou a atuar em apoio à Defesa Civil do estado, com ações de busca e resgate, além da entrega de medicamentos, alimentos, água e outros gêneros essenciais à população. A corrida contra o tempo para salvar vidas e prestar assistência aos mais de 440 municípios afetados exigiu da Força operações logísticas de grande complexidade.
No dia 30 de abril de 2024, a Capitania Fluvial de Porto Alegre (CFPA) enviou viaturas, embarcações de casco rígido e efetivo militar para apoiar a população, em coordenação com outras Forças e autoridades locais. No dia seguinte, 1º de maio, o Ministério da Defesa publicou uma Portaria ativando o Comando Operacional Conjunto “Taquari 2”, consolidando o emprego das Forças Armadas nos municípios em situação de calamidade pública.
Com a decisão do Ministério da Defesa, a MB transportou para o estado mais de 390 toneladas de donativos e 130 mil litros de água, além de 2 mil militares, nove navios de guerra, 50 embarcações, 11 helicópteros e 70 viaturas para compor a Operação “Abrigo Pelo Mar-RS”, braço do Comando Operacional Conjunto “Taquari 2”, do Ministério. De início, a Força-Tarefa resgatou cerca de 2.000 pessoas.
Cronologia
Em 5 de maio, a Marinha do Brasil resgatou 40 pessoas, incluindo dois bebês e uma mulher grávida de gêmeos, além de animais domésticos. Também foram transportadas uma tonelada de mantimentos para Lajeado (RS) e 1.200 litros de querosene de aviação para abastecimento de aeronaves. Além disso, foram entregues 30 cilindros de oxigênio (1,5 tonelada) à Secretaria Municipal de Saúde de São Jerônimo (RS).
No dia 6 de maio, o Navio-Patrulha “Babitonga” foi enviado a Porto Alegre, transportando combustível, donativos, materiais de higiene, alimentos não perecíveis, material de limpeza e cerca de 5 mil litros de água potável. Houve ainda a ativação do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais em Apoio à Defesa Civil (GptOptFuzNavDefCiv), com 18 profissionais de saúde da Unidade Médica Expedicionária da Marinha (UMEM), que partiram do Rio de Janeiro rumo a Canoas (RS), a bordo de uma aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB).
Em 7 de maio, o Navio-Patrulha Oceânico “Amazonas” foi encaminhado com donativos, um Hospital de Campanha e Fuzileiros Navais. No dia 8, partiu o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico” — maior navio de guerra da América Latina — com destino a Rio Grande (RS), transportando embarcações, aeronaves e centenas de militares.
No dia 9 de maio, o Navio de Apoio Oceânico “Mearim” chegou a Rio Grande, levando aproximadamente 50 toneladas de suprimentos. Posteriormente, seguiu para Porto Alegre, transportando cerca de 36 mil litros de água potável e material de higiene pessoal, doados por moradores de Santa Catarina. Em 10 de maio, o Navio-Patrulha Oceânico “Amazonas” atracou em Rio Grande, somando-se ao Navio-Patrulha “Babitonga” e ao Navio Hidrográfico Balizador “Comandante Varella” na distribuição de água mineral e demais doações.
Após essa mobilização, partiram de Rio Grande para Porto Alegre o Navio de Apoio Oceânico “Mearim” e o Navio-Patrulha “Benevente”, transportando 54 toneladas de suprimentos, incluindo 36,8 mil litros de água potável, alimentos, ração, materiais de limpeza, itens de higiene e equipamentos de salvatagem. Houve, ainda, o envio do Navio de Socorro Submarino “Guillobel”, da Base Almirante Castro e Silva, em Niterói (RJ), com mais donativos.
A chegada do Navio-Aeródromo Multipropósito “Atlântico” e da Fragata “Defensora” ao Rio Grande do Sul ocorreu em 11 de maio. As embarcações levaram 1.350 militares, 154 toneladas de donativos, 38 viaturas do GptOptFuzNavDefCiv, 24 embarcações de pequeno e médio porte e três helicópteros. Também foram transportadas 2,9 toneladas de medicamentos para o Hospital de Campanha da Marinha e instaladas duas estações móveis para tratamento de água, com capacidade total de produção de 20 mil litros de água potável por hora.

Em seguida, chegou um comboio de veículos do Corpo de Fuzileiros Navais, incluindo dois Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf), uma retroescavadeira, uma pá carregadeira, geradores e viaturas leves, para atuar em ações de resgate, apoio logístico, remoção de escombros e desobstrução de vias. Em 15 de maio, dois helicópteros da Marinha decolaram do NAM “Atlântico” para levar doações à comunidade isolada da Ilha dos Marinheiros (RS), beneficiando 800 moradores. Também foi empregada a embarcação “Ambulancha” no transporte de pacientes que necessitavam de hemodiálise nos municípios vizinhos a Rio Grande.
Ato contínuo, a Marinha entregou 540 kg de alimentos e 1,8 tonelada de água ao Centro de Distribuição da Defesa Civil em Rio Grande. Também distribuiu 900 kg de alimentos, 200 kg de itens de higiene e limpeza e 1.800 litros de água ao abrigo localizado no prédio do antigo supermercado BIG, no mesmo município. Além disso, entregou 60 colchões e 60 cobertores à Escola Municipal de Ensino Fundamental Sant’ana, e posteriormente forneceu 2.000 litros de água, 100 cestas básicas e 1.000 litros de leite à cidade de Santa Vitória do Palmar (RS). No dia 17, a Força atendeu 61 pessoas da Colônia de Pescadores Z3, em Pelotas (RS), com uma equipe composta por quatro médicos e quatro enfermeiros desembarcados do NAM “Atlântico”.
Em 19 de maio, foi celebrada uma missa em um abrigo improvisado no centro de Rio Grande. Seguiu-se a atuação diária de equipes de médicos e enfermeiros da Marinha no local, que também abrigava uma Equipe de Pronto Emprego da Assistência Social, oferecendo suporte humanitário às vítimas da tragédia climática. Entre os dias 23 e 25 de maio, a Fragata “União” atracou no cais da Capitania dos Portos de São Paulo (SP), onde foi carregada com 39 toneladas de donativos, incluindo alimentos não perecíveis, medicamentos e materiais de higiene e limpeza. A ação mobilizou mais de 250 militares de diversas Organizações Militares da Marinha. Em 27 de maio, foi realizada a transferência de 15 toneladas de donativos do Porta-Aviões Nuclear “George Washington”, da Marinha dos Estados Unidos, para o NAM “Atlântico”.
A 36ª Corrida do Corpo de Fuzileiros Navais e a 16ª Corrida do Corpo de Intendentes da Marinha, realizadas no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro (RJ), em 26 de maio, contaram com a participação de cerca de 12 mil pessoas e arrecadaram aproximadamente uma tonelada de alimentos, agasalhos, itens de higiene, materiais de limpeza e calçados destinados às famílias do Sul.
Em 27 de maio, um novo marco: o início da montagem de um Hospital de Campanha na cidade de Rio Grande, transferido de Guaíba (RS), onde funcionava desde o dia 10 de maio, com o objetivo de apoiar o litoral sul do estado, que apresentava maior demanda por serviços de saúde. A transferência ocorreu após a instalação de outro centro provisório pelo Exército Brasileiro em Guaíba, garantindo a continuidade dos cuidados médicos essenciais à população local.
Apoio à população
Assim que chegou ao estado atingido pelas enchentes , o NAM “Atlântico” demonstrou que uma verdadeira máquina de guerra brasileira — a maior da Esquadra — pode também se tornar um centro de cuidados e transporte humanitário. Ao aportar no Rio Grande do Sul, levou alento à população gaúcha com 115 toneladas de doações, incluindo alimentos, roupas, cobertores, calçados e 53 toneladas de garrafas de água. Após a atracação do navio, a tripulação atuou no desembarque dos donativos com o auxílio de quatro empilhadeiras, que também foram transportadas durante a viagem. A organização das caixas de doações, por tipo de conteúdo, para posterior transferência em terra, utilizou 245 pallets de madeira, sendo:
• 102 com garrafas de água;
• 128 com vestuários para adultos e crianças;
• 7 com gêneros alimentícios;
• 5 com produtos de higiene e limpeza;
• 1 com brinquedos; e
• 2 com itens diversos, como calçados e cobertores.
Todo esse material foi repassado para 12 caminhões, que transportaram os donativos a locais estratégicos de Rio Grande, como a Estação Naval, o Grupamento de Fuzileiros Navais e a Casa do Marinheiro. De lá, foram distribuídos pela Defesa Civil, com apoio dos militares, às comunidades em regiões de difícil acesso.

Para além do apoio logístico relacionado à entrega e distribuição de itens de primeira necessidade, prestado pela MB, as ações de Busca e Salvamento (SAR, do inglês Search and Rescue ) foram fundamentais e exigiram o emprego assertivo do 1° Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Sul (EsqdHU-51).
Entre os militares do EsqdHU-51 que arriscaram suas vidas para salvar a de outros, esteve o Suboficial Enfermeiro Lauro Cassol Jaques, natural de Porto Alegre (RS), com 29 anos de serviço na MB. O Suboficial recorda que, já no dia 1° de maio, o Esquadrão foi acionado e os trabalhos começaram assim que foi possível chegar à cidade de Canoas. “Logo que chegamos a Canoas, abastecemos a aeronave e já fomos para as áreas de resgate. No Parque Eldorado, um distrito da cidade de Eldorado do Sul, realizamos o primeiro resgate, de um senhor que estava com a residência totalmente debaixo d'água”, relata, sobre sua atuação como Tripulante de Resgate.
Mesmo sob condições adversas, a determinação e a coragem prevaleceram. Nesse primeiro resgate, o Suboficial Jaques precisou descer pelo guincho da aeronave diretamente na água para prestar auxílio ao senhor e aos seus dois animais de estimação. A atuação, porém, estava apenas no início. Ainda naquele dia, a equipe realizou outros resgates em Eldorado e, na manhã seguinte, decolou novamente em direção ao bairro de Niterói, em Canoas, onde muitas casas estavam submersas e havia pessoas à espera de salvamento.
A manicure autônoma Nilsa Bilhalva Mendes, de 59 anos, foi resgatada pela aeronave UH-12 “Esquilo” da MB, que decolou do Navio Aeródromo Multipropósito “Atlântico”. Ela e o marido estavam abrigados na casa de amigos, no mesmo distrito, na região da Lagoa dos Patos, pois sua casa estava completamente alagada. Por motivos de saúde — diabetes e problemas cardíacos —, após o voo, ela foi levada pela Defesa Civil para a casa de um dos seus três filhos, em Rio Grande. O trajeto de Rio Grande até a Ilha dos Marinheiros normalmente duraria 50 minutos de carro, mas as estradas estavam completamente submersas.

Atendimento hospitalar e social
A Marinha instalou Hospitais de Campanha (Hcamp) ofereceu atendimentos médicos a bordo e fora de seus navios. Milhares de pessoas receberam cuidados, incluindo primeiros socorros, pequenas cirurgias e orientações sobre prevenção de doenças, contribuindo para a saúde das comunidades afetadas.
No dia 9, por exemplo, o HCamp da MB iniciou os atendimentos ao público em Guaíba (RS), contando com mais de 40 leitos, incluindo leitos de internação de curta permanência, estabilização de pacientes (com respiradores, desfibriladores e monitores) e procedimentos cirúrgicos leves, como suturas e curativos. Foram disponibilizados atendimentos nas especialidades de Clínica Médica, Pediatria, Ortopedia e Cirurgia Geral, com o emprego de 43 militares da área da saúde, entre médicos, enfermeiros, psicólogos e profissionais de outras especialidades. O HCamp contribuiu para aliviar a pressão sobre os hospitais da região.
As instalações contabilizaram mais de 4 mil atendimentos à população do Rio Grande do Sul afetada pelas enchentes. Inicialmente, a estrutura foi montada em Guaíba (RS), com mais de 3.000 atendimentos realizados. Posteriormente, o hospital foi transferido para Rio Grande, onde continuou a apoiar a população.
A Primeiro-Tenente (Cirurgiã-Dentista) Julia Honorato Carvalho explicou, à época, que a maioria dos pacientes apresentava sintomas de infecções respiratórias. “Esses sintomas são muito comuns nessa época mais fria do ano, havendo ainda uma tendência de aumento dos casos por conta da elevada umidade da região.”
Equipes de assistência social e músicos da Marinha também levaram conforto e esperança aos abrigos, promovendo atividades recreativas e apoio psicológico. Essas ações foram fundamentais para o bem-estar emocional das vítimas, especialmente crianças e idosos.
No dia 27 de maio, por exemplo, militares da MB proporcionaram momentos de alegria e descontração à população acolhida no maior dos 11 abrigos instalados em Rio Grande (RS). A Banda de Música do Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio Grande, subordinada ao Comando do 5º Distrito Naval, encantou o público com uma apresentação de mais de uma hora. Da música popular brasileira ao pagode, foram executadas canções nacionais de sucesso. A iniciativa proporcionou relaxamento e lazer às cerca de 300 pessoas acolhidas no local, que vivenciavam momentos de incerteza desde o início do mês de maio, ao deixarem suas casas e pertences para trás.

A MB também enviou uma Equipe de Pronto Emprego da Assistência Social (EPE-AS) para integrar o Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais em Apoio à Defesa Civil. O objetivo da iniciativa, além dos salvamentos e do apoio logístico, foi fornecer acolhimento e atendimento psicológico à população civil no HCamp de Guaíba. A atuação contou com estreita colaboração da rede socioassistencial local, por meio de reuniões com equipes multidisciplinares.

Reconstrução de escolas
A Marinha do Brasil participou ativamente da reconstrução de nove escolas públicas no município de Guaíba (RS). A Ação Cívico-Social da MB foi dividida em três fases: remoção de lixo e entulho; limpeza de compartimentos e higienização; e manutenção e reparos (elétricos, de carpintaria, metalurgia, pintura e obras em geral). O trabalho, realizado por 30 Fuzileiros Navais, teve início na Escola Municipal Santa Rita, a maior de Guaíba, que atende quase dois mil alunos.
De acordo com boletim emitido pelo governo do Rio Grande do Sul sobre os impactos das chuvas na infraestrutura, cerca de 1.060 escolas de 248 municípios foram afetadas, e mais de 378 mil estudantes prejudicados. O retorno das atividades escolares foi gradual, considerando questões como a garantia de água e energia elétrica, acesso adequado e condições seguras para professores e alunos.
“A gente precisa valorizar alguns momentos, alguns pontos e algumas pessoas — entre elas, o Corpo de Fuzileiros Navais, a Marinha do Brasil — que limpou, organizou e arrumou a nossa escola, deixando-a pronta em poucos dias, em um trabalho que levaria meses”, afirmou a Vice-Diretora da Escola Municipal Santa Rita de Cássia, Eliza Azeredo, sobre o trabalho dos Fuzileiros Navais na região. A escola voltou a ser um símbolo de resiliência e renovação para a comunidade.

Histórias emblemáticas
Diversas histórias emocionantes marcaram a atuação da Marinha, como o resgate de uma recém-nascida em Rio Grande e o salvamento de um fuzileiro naval da reserva por antigos colegas.
Na primeira ação, a evacuação aeromédica foi realizada por um helicóptero UH-15 da Marinha do Brasil, com o apoio de uma equipe médica da Força Aérea Brasileira (FAB). Uma ambulância do SAMU completou o transporte da menina até o Hospital Santo Antônio, do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre.
Na segunda ação, o Soldado Fuzileiro Naval da reserva Italo Fabiano Falavigna, morador de Eldorado do Sul (RS), conseguiu que o Primeiro-Sargento (Fuzileiro Naval) Eberson Luis Sá de Lemos — com quem serviu entre 1996 e 1999, no Grupamento de Fuzileiros Navais de Rio Grande — aparecesse para resgatá-lo, levando água, comida e ração para os cães e gatos.
“Pedi que retirassem minha mãe, minha esposa e minha filha, e fiquei em casa, pois havia resgatado alguns cães e gatos que não queria abandonar. Elas seguiram com os agentes e, no caminho, avistaram um destacamento de Fuzileiros Navais. Avisaram que havia um Fuzileiro Naval da reserva que ficou sozinho em casa”, afirmou.
Outra situação inesquecível para os combatentes foi quando crianças passaram a expressar gratidão por meio de desenhos dedicados às equipes de resgate. Mesmo aquelas que acompanharam à distância o trabalho dos pilotos e tripulantes encaminharam desenhos para as equipes, demonstrando interesse e admiração. “Vários pilotos e equipes de diferentes Forças receberam desenhos de crianças agradecendo e dizendo que, naquele momento, éramos os heróis delas”, afirmou o Comandante do EsqdHU-51, Capitão de Fragata Glaucio Alvarenga Colmenero Lopes.
Os militares que compuseram a missão no Sul também enfrentaram um desafio expressivo: o resgate de animais. Muitos estavam assustados e ariscos; outros foram deixados para trás, presos ou acorrentados, por moradores que tiveram que deixar suas casas às pressas. Para isso, a MB enviou ao Rio Grande do Sul um destacamento de cinotécnicos militares, composto principalmente por adestradores responsáveis por realizar os resgates de maneira segura e utilizando os materiais adequados.
Além disso, a equipe contou com auxiliares veterinários que prestaram os primeiros socorros e realizaram o manejo profilático dos animais antes de encaminhá-los para a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), no município de Guaíba.
O papel dos Fuzileiros Navais
Os Fuzileiros Navais, tropa de característica anfíbia e expedicionária, desempenharam um papel vital na desobstrução de vias , no apoio logístico e assistência direta às populações afetadas. Sua presença garantiu segurança e eficiência nas operações de socorro e reconstrução. Mais de 300 militares se deslocaram em viaturas e com equipamentos do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul, desde o dia 7 de maio, por ar, por terra e pelo mar.
Entre as principais atividades desempenhadas pelo Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais em Apoio à Defesa Civil (GptOpFuzNavDefCiv), destacaram-se a montagem e a segurança do Hospital de Campanha no município de Guaíba (RS). Além dos serviços médicos, o grupamento também se uniu à Brigada Militar do Rio Grande do Sul no apoio às operações de patrulhamento, utilizando Carros Lagarta Anfíbios. Essas patrulhas propiciaram apoio logístico e segurança às famílias que precisaram evacuar suas casas, além de reforçar a presença e a ordem nas áreas mais atingidas pelas enchentes.

Resíduos químicos
Em ação conjunta, Marinha e o Exército, em parceria com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), recolheram tonéis e grandes recipientes de produtos químicos levados pelas enchentes na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul.
A atividade contou com militares Fuzileiros Navais especializados do Batalhão de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR) da Marinha e do 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército, que recolheram mais de 1.950 recipientes de diferentes tamanhos nos dois primeiros dias de ação.
A estimativa é que mais de 2 mil bombonas tenham sido recolhidas. O Comandante do Destacamento NBQR da Operação “Taquari 2”, à época, Primeiro-Tenente (Fuzileiro Naval) Igor de Oliveira Lage, explicou que, inicialmente, foi realizada uma varredura na região com detectores químicos para verificar a presença de agentes nocivos às pessoas e ao meio ambiente. “Durante os dias de operação, foram retirados tonéis que se encontravam dispersos entre a natureza e a residência dos moradores. A operação foi importante para dar segurança aos cidadãos da região quanto ao tipo de material coletado e também para o meio ambiente, diante da grande quantidade de plástico liberado nas áreas do bairro”, explicou.
