Relações exteriores

Cúpula Brasil-Caribe reforça integração regional e marca retomada do diálogo com países vizinhos

Encontro reúne 17 países e aposta em cooperação prática para enfrentar insegurança alimentar, crise climática e gargalos de conectividade

Agência Gov | Via Planalto
09/06/2025 13:55
Cúpula Brasil-Caribe reforça integração regional e marca retomada do diálogo com países vizinhos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá chefes de Estado e representantes de países caribenhos para a Cúpula Brasil-Caribe, que será realizada no Palácio Itamaraty, em Brasília, no dia 13 de junho. O encontro marca a retomada de uma agenda de aproximação com a região, já que participam os 15 países da Comunidade do Caribe (CARICOM), além de Cuba e República Dominicana, e organismos regionais como o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Associação dos Estados do Caribe.

Cinco grandes temas estarão no centro das discussões: segurança alimentar e nutricional, mudança do clima, transição energética, gestão de riscos de desastres e conectividade física e digital.

A ideia é fazer uma cúpula voltada para resultados concretos, problemas reais. Não ficar discutindo o mundo, o globo. Vamos centrar nesses cinco temas concretos”, afirmou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, em conversa com jornalistas na manhã desta segunda-feira, 9 de junho.

Segundo Padovan, a iniciativa faz parte da política externa do Governo Federal, que coloca a integração regional como prioridade. "A agenda de integração regional, como o presidente Lula tem dito em todas as ocasiões, é uma prioridade. Na crença de que você não resolve os seus problemas sozinho. Nem o Brasil, por maior que seja, conseguirá resolver a crise climática na região se não trabalhar com seus vizinhos. A segunda vertente dessa integração é uma crença que nós temos que a própria representatividade do Brasil depende de uma sólida base regional", argumentou.

PROGRAMAÇÃO — A Cúpula começa às 9h, com a recepção oficial dos chefes de Estado e representantes de governo pelo presidente Lula, no Palácio Itamaraty. Após a foto oficial, os líderes participam de uma reunião plenária. Atendendo a um pedido da presidência brasileira, a programação reserva 1h15 para um debate aberto entre os participantes — uma tentativa de estimular uma troca mais franca e dinâmica entre os líderes. Após o debate e a assinatura de atos, haverá um almoço com apresentação cultural.

SEGURANÇA ALIMENTAR — No âmbito da segurança alimentar, o Brasil pretende usar sua capacidade produtiva para apoiar países caribenhos que dependem da importação de alimentos. "De um lado, você tem um grupo de países que importa de 60% a 80% dos seus alimentos, e de outro, o Brasil, que tem um superávit alimentar de 1,4 bilhão de pessoas. Nós produzimos comida para 1,6 bilhão de pessoas, e somos apenas 200 milhões", pontuou a embaixadora.

MUDANÇA DO CLIMA — A questão ambiental também ocupará espaço central na cúpula. Durante o encontro, os países vão apresentar uma declaração conjunta com posições para a COP30, que será realizada em novembro, no Pará. "Haverá uma declaração conjunta fazendo um chamado aos países por mais financiamento climático", disse Padovan. Também será discutida a transição energética nos países caribenhos, altamente dependentes do petróleo.

GESTÃO DE RISCO — Serão discutidos ainda seis mecanismos de gestão de risco de desastres já existentes na região. "A ideia é articular os seis mecanismos para gestão de riscos, que é um tema já cotidiano, principalmente para os países do Caribe, que são pequenas ilhas em desenvolvimento que sofrem desproporcionalmente com a subida dos oceanos", apontou a embaixadora.

CONECTIVIDADE — Durante a cúpula, serão discutidas maneiras de melhorar a conectividade entre os países do Caribe e a América do Sul, em especial o Brasil, com o objetivo de impulsionar comércio, turismo e a cooperação entre as nações. "Uma das coisas que estamos trabalhando é a Rota 1 de Integração Sul-Americana", explicou.

As rotas têm o duplo papel de incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países da América do Sul e reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre o Brasil e seus vizinhos e a Ásia. A Rota 1 (Ilha das Guianas), por exemplo, destrava a comercialização de alimentos e bens de consumo final produzidos no Brasil para os países do norte do continente e do Caribe.

BALANÇA COMERCIAL — Em termos comerciais, o bloco de países do CARICOM movimenta cerca de US$ 4 bilhões em intercâmbio com o Brasil — valor semelhante ao comércio bilateral Brasil-Peru. A balança é positiva para o Brasil, que exportou US$ 2,7 bilhões e importou US$ 1,3 bilhão. Esse comércio, no entanto, é altamente concentrado: três países — Guiana, República Dominicana e Trinidad e Tobago — respondem por 75% desse total.

CARICOM — A Comunidade do Caribe (CARICOM) é um agrupamento de vinte e um países: quinze Estados-Membros e seis Membros Associados. É lar de aproximadamente 16 milhões de cidadãos, dos quais 60% têm menos de 30 anos, e pertencem aos principais grupos étnicos: povos indígenas, africanos, indianos, europeus, chineses e portugueses. A comunidade é multilíngue, tendo o inglês como principal idioma, complementado pelo francês, holandês e suas variações, bem como expressões africanas e asiáticas.

A CARICOM se baseia em quatro pilares principais:

  • Integração econômica;
  • Coordenação da política externa;
  • Desenvolvimento humano e social;
  • Segurança.

Esses pilares sustentam os objetivos declarados da Comunidade:

  • Melhorar os padrões de vida e de trabalho;
  • Alcançar o pleno emprego da força de trabalho e de outros fatores de produção;
  • Desenvolvimento econômico acelerado, coordenado e sustentável, com convergência entre os países;
  • Expansão do comércio e das relações econômicas com terceiros países;
  • Aumento da competitividade internacional;
  • Organização para ampliar a produção e a produtividade;
  • Maior poder de barganha econômica;
  • Maior eficácia dos Estados-Membros nas relações com terceiros países, grupos de países e quaisquer entidades;
  • Melhoria na coordenação das políticas externas e econômicas externas dos Estados-Membros e fortalecimento da cooperação funcional.
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