Economia

Haddad afirma que alternativas ao IOF só criam cobranças para os mais ricos

Em diálogo com jornalistas, ministro da Fazenda diz que medidas acordadas com lideranças do Congresso aumentam taxas para "moradores de cobertura"

Agência Gov
10/06/2025 17:19
Haddad afirma que alternativas ao IOF só criam cobranças para os mais ricos
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as medidas negociadas com lideranças do Congresso para substituir o aumento do Imposto de Operações Financeiras (IOF) só vão atingir os mais ricos. Assalariados e os mais vulneráveis não sofrerão nenhum tipo de aumento tributário, garantiu ele, em conversa com jornalistas, após deixar reunião com o presidente Lula, nesta terça-feira (10/6).

"Essas medidas atingem os moradores de cobertura, porque pega só gente que tem muita isenção fiscal. Todas as medidas envolvem bets e mercado financeiro", disse. "Não mexem com o dia-a-dia da população".

O ministro não explicitou todas propostas que apresentou ao presidente da República, apenas disse que todas foram negociadas previamente com lideranças da Câmara dos Deputados e do Senado e que, ainda na tarde desta terça, seriam entregues à Casa Civil, a quem cabe a redação formal da medida provisória e posterior envio ao Congresso.

No entanto, Haddad já adiantou que as isenções fiscais que o Governo Federal concede - ou seja, impostos que deixa de cobrar - vão sofrer uma redução de 10% sobre o total. Segundo ele, atingirá todas as isenções, de forma linear. Atualmente, o ministério calcula que o governo concede isenções equivalentes a R$ 800 bilhões por ano a diferentes setores empresariais. É uma soma que o Governo deixa de receber, algumas há vários anos.

Um dos argumentos do ministério é que não há garantia que tais isenções produzam mais empregos ou garantam estabilidade aos trabalhadores. Enquanto isso, setores empresariais insistem que o Governo deve cortar gastos, mas não querem dar sua contribuição, abrindo mão de parte dessas isenções.

O ministro também confirmou que vai apresentar a proposta de fixar uma alíquota de 17,5% sobre as operações financeiras. Segundo Haddad, essa alíquota representa a média do que já é cobrado sobre algumas dessas operações, que atualmente variam de 15% a 22%. Ao estabelecer uma alíquota de 17,5%, a Fazenda quer taxar operações que hoje são isentas de impostos.

"Então, nós estamos falando aquilo que os especialistas sérios entendem que são distorções que precisam ser corrigidas", explicou o ministro, a respeito das isenções existentes.

Haddad afirmou ainda que a Fazenda vai formar uma comissão, junto com o Congresso, para debater novas propostas de ajustes de gastos do Governo, para estudar possíveis medidas. Ele disse que esse futuro debate é uma oportunidade de elaborar medidas estruturais, com efeitos de longo prazo.


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