Lula defende igualdade de oportunidades e democracia em encontro com brasileiros e prefeita de Paris
Presidente brasileiro cumpre visita de Estado na França com ampla agenda de reuniões com as principais autoridade do país, empresários e compromissos na área ambiental e cultural

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de encontro com a comunidade brasileira na prefeitura de Paris nesta quinta-feira, 5 de junho, acompanhado da prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo. Neste primeiro dia da visita de Estado, o líder brasileiro também teve reunião bilateral com o presidente Emmanuel Macron, seguida de declaração conjunta à imprensa e sessão privada da Academia Francesa em sua homenagem.
Ao discursar para um grupo formado por parte dos 90 mil brasileiros que vivem na França, Lula reforçou a sua dedicação com a promoção de políticas públicas que beneficiem a todos. “Eu tenho um compromisso: defender a igualdade, o direito de comer, de estudar, de morar e de andar de cabeça erguida no país que a gente mora. Defender o direito de uma filha de empregada doméstica poder estar na mesma universidade que o filho da patroa, de fazer com que o pedreiro e o servente de pedreiro virem engenheiros. Ou seja, ninguém nasceu para ser inferior ao outro. Todos somos iguais. Não tem ninguém mais inteligente do que ninguém. Tem gente que tem mais oportunidade do que outros”, ressaltou.
“Então, o meu papel como governante é garantir que todos, independentemente da origem social, da cor, do credo religioso, do time que torcem tenham a mesma oportunidade na vida para vencer. E somente quem pode garantir oportunidade a todos é o Estado e o Estado não pode se acovardar em cumprir com aquilo que é sua obrigação constitucional”, completou o presidente.
RECONHECIMENTO — Durante o encontro, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, ressaltou o legado do presidente Lula. “O senhor não é apenas o grande presidente de um grande país, é uma lenda viva de um país lendário. Aquilo que construiu a sua lenda é a sua coragem, o seu humanismo, uma coragem ímpar, nesta época que carece tanto dessa coragem. Uma coragem que encontrou sua força excepcional na indignação perante a miséria. Neste sentimento, ainda intacto, sempre vivo de recusa da injustiça. Aquela que flagela os anônimos, os mais humildes, os sem-terra, os explorados de uma sociedade de desigualdades. A eles o senhor dedicou a vida de combates, de luta, de compaixão, de lutas políticas e sindicais e de escuta atenta. Eles não tinham voz e o senhor decidiu falar em nome deles para que, finalmente, eles fossem ouvidos”, declarou.
MEIO AMBIENTE - Anne Hidalgo também confirmou que participará da COP30 no Brasil, em novembro. “Eu faço votos para que, em Belém, um novo acordo venha marcar a conscientização dos estados e das cidades, das sociedades civis, das empresas com as quais devemos agir sempre com mais determinação, mais ações concretas e trabalhando para obter o financiamento necessário, em particular o financiamento do Norte para o Sul, para que o aquecimento permaneça aquém dos 1,5 graus que, infelizmente, já quase alcançamos. Este é o desafio da COP de Belém”, pontuou.
AINDA ESTOU AQUI — Representando a comunidade brasileira na França, Ana Lúcia Paiva, empresária e filha de Rubens e Eunice Paiva, falou sobre o premiado filme “Ainda Estou Aqui”, que narra a trajetória de sua família, e aproveitou para defender a democracia. “Esse filme do Walter Salles mostrou para a juventude o que aconteceu, o que viveram os brasileiros, o que viveu meu pai, o que viveu a minha mãe e o que nós vivemos. E não podemos deixar de votar, é o nosso maior instrumento, de maior resistência. Temos que resistir sempre, a democracia está sempre em perigo. Eu venho aqui falar em nome do que escreveu meu irmão, Marcelo Rubens Paiva, sobre o que aconteceu e que não pode acontecer mais, e que graças à minha mãe essa história pode voltar e lembrar aos jovens brasileiros que ditadura nunca mais”, disse.
DEMOCRACIA — Lula também aproveitou a presença no evento para destacar a importância de defender a democracia. “Se não fosse a democracia, eu não teria chegado a ser presidente da República. Tem muita gente que fala que o parlamentarismo é melhor no Brasil, mas eu jamais seria primeiro-ministro dentro do Congresso Nacional. Então a única chance que tenho é, exatamente, o povo votar. Por isso, sou o único brasileiro que tem três mandatos de presidência, eleito diretamente pelo povo. E isso me traz orgulho para andar o mundo brigando contra a desigualdade, não apenas a desigualdade financeira e econômica, mas a desigualdade de gêneros, racial, na educação e na saúde”.
Tive a honra e a alegria de ser recebido pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que me apresentou a floresta urbana da Câmara Municipal, símbolo do seu compromisso com a proteção da natureza. Ela também me acompanhou num encontro emocionante com a comunidade brasileira que vive em… pic.twitter.com/FPyvKMEpsk
— Lula (@LulaOficial) June 5, 2025
NEGACIONISMO - Ainda sobre esse tema, Lula enfatizou a necessidade de preservação da democracia no mundo. “Se a gente não tomar cuidado e não levar democracia a sério, a gente está arriscado a perder tudo o que a gente construiu na democracia depois da Segunda Guerra Mundial. Estejam preparados, porque há uma corrente no mundo de uma extrema-direita nazista, fascista, negacionista, que nega as instituições, a política, sindicatos e a cultura”.
EVENTOS GLOBAIS — Quanto às relações internacionais, o presidente citou seus próximos compromissos. “Nós estamos em uma empreitada muito grande. Eu estou aqui na França e vou reunir os 15 países do Caribe quando voltar. Depois vamos fazer a Cúpula do BRICS em julho no Brasil. Depois vamos fazer a COP30. E ainda marquei com o Macron uma reunião com os países africanos na Bahia em novembro, se não me falha a memória. E ainda vou participar do G7”, apontou.
CULTURA — Em 2025, Brasil e França celebram 200 anos de relações bilaterais. Além da visita de Estado ao país europeu, o bicentenário será marcado pelas temporadas culturais cruzadas. São mais de 300 eventos previstos no âmbito do Ano Brasil-França 2025 que já se iniciaram e vão até setembro. Os eventos relativos ao Ano França-Brasil 2025 ocorrerão de setembro a dezembro.
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