Lula pede a Macron que 'abra o coração' para concluir acordo Mercosul-UE
Brasileiro também defendeu que o Brasil e a França representem, no cenário mundial, a democracia, o multilateralismo e o livre comércio, contra o avanço do protecionismo e o negacionismo da extrema-direita

Em visita de Estado à França, nesta quinta-feira (5/6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu o apoio do presidente francês, Emmanuel Macron, para a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Em tom descontraído, ele disse ao francês que “abra seu coração” para a possibilidade de concluir a negociação.
Ao lado de Macron, durante declaração à imprensa, em Paris, Lula informou que o Brasil vai assumir a presidência do Mercosul pelos próximos seis meses e almeja chegar ao fim desse período com o acordo fechado.
“Assumirei a presidência do Mercosul no próximo dia 6, por seis meses, e quero lhe comunicar que não deixarei a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia, portanto, meu caro, abra seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com nosso Mercosul. Essa é a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante de um cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e protecionismo tarifários”, disse Lula.
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Lula destacou que o acordo entre a União europeia e Mercosul tem US$ 22 trilhões no bojo da negociação e 700 milhões de habitantes. “Não é pouca coisa”, disse.
Ao tratar do tema, Emmanuel Macron disse que há uma preocupação do setor agrícola da França com o acordo. “Do ponto de vista do estratégico, a França é a favor do comércio livre e equitativo. Esse acordo, nesse momento estratégico, é bom para muitos setores, mas comporta um risco para os agricultores europeus”, afirmou.
Lula respondeu que é importante sentar numa mesa para conversar, inclusive com a participação dos produtores agrícolas dos dois países para que todos conheçam os termos e o que podem vender e comprar. “Se for preciso, venho conversar com os agricultores franceses para mostrar que eles vão ganhar com o acordo. Estou convencido que vão ganhar”. E avaliou "Eu acho que não está difícil fazer esse acordo".
Mais uma vez, em tom descontraído, Lula comentou “Como sou otimista, vou regressar para o Brasil certo de que vamos fechar esse acordo, com esse sorriso do Macron”, se referindo ao sorriso do presidente francês ao ouvir Lula reforçar que ao final da presidência do Brasil no Mercosul os dois estarão assinando o acordo.
Parceria
Na declaração à imprensa, o presidente Lula ainda afirmou que Brasil e França precisam atuar juntos na defesa de três princípios classificados por ele como sagrados: a democracia o multilateralismo e o livre comércio.
“Não é possível destruir coisas que foram construídas com muita força depois da Segunda Guerra Mundial e tentar voltar o protencionismo, o multilateralismo e a fraqueza da democracia que estamos vivendo hoje no mundo. É impressionante o crescimento do negacionismo, do radicalismo, da extrema direita que não reconhece as instituições, a verdade, e que está ganhando espaço no mundo inteiro combatendo instituições que são a razão pela qual ainda temos a existência do regime democrático”, afirmou.
Agenda na França
Lula está na França entre 4 e 9 de junho com uma agenda que, além de encontros com o presidente Emmanuel Macron, inclui atividades econômicas, culturais e acadêmicas, e cerimônias oficiais que simbolizam o estreitamento da parceria estratégica entre as duas nações.
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