Brasil sai do Mapa da Fome: 'Não há soberania sem justiça alimentar', diz Wellington Dias
Em entrevista coletiva, titular do MDS celebrou saída do Brasil do Mapa da Fome e explicou que resultados advêm de decisão política e políticas públicas eficazes

“Hoje é um dia histórico. Tirar o Brasil do Mapa da Fome era o objetivo primeiro do Governo Lula ao iniciar seu mandato e cumprimos em tempo recorde”. Com essas palavras, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, celebrou, em entrevista coletiva, os números divulgados, nesta segunda-feira (28/7), no Relatório sobre o Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI 2025).
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A publicação é produzida anualmente por cinco agências especializadas da ONU e, a partir desse relatório, é divulgado o Mapa da Fome. No caso do Brasil, a média trienal 2022/2023/2024, colocou o país abaixo do patamar de 2,5% da população em risco de subnutrição ou de falta de acesso à alimentação suficiente e, consequentemente, fora do Mapa da Fome.
“Assim, como o nosso Sistema Único Saúde (SUS) salvou vidas na pandemia, o trabalho do Sistema de Segurança Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional brasileiro, o SISAN, também salvou milhões de vidas”, disse.
Esta é a segunda vez que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retira o país dessa condição: a primeira foi em 2014, após 11 anos de políticas consistentes. No entanto, a partir de 2018, o desmonte de programas sociais fez o Brasil retroceder e retornar ao Mapa da Fome no triênio 2018/2019/2020.“ Hoje comemoramos, em apenas dois anos de governo, reduções históricas de insegurança alimentar grave e da pobreza ”, lembrou.
O ministro reiterou que a saída do Brasil do Mapa da Fome é resultado de decisões políticas do governo brasileiro que priorizaram a redução da pobreza, o estímulo à geração de emprego e renda, o apoio à agricultura familiar, o fortalecimento da alimentação escolar e o acesso à alimentação saudável.
Entre as políticas públicas, citou iniciativas de transferência de renda, como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada, e o Plano Brasil Sem Fome. “Não há soberania sem justiça alimentar. E não há justiça social sem democracia”, defendeu.
Trabalho contínuo
Na entrevista, Wellington Dias enfatizou que o governo está empenhado e dedicado em continuar o trabalho. “Temos estratégia da Busca Ativa, com cruzamento de informações e realizações de visitas, para alcançar quem ainda não alcançamos, e trabalhar para que as pessoas, ao entrar no Cadastro Único, possam acessar conjunto de programas que trazem dignidade”, afirmou.
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Outro ponto destacado pelo ministro, tanto na coletiva de imprensa quanto no lançamento do relatório SOFI 2025 foi a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que atualmente reúne 193 membros, incluindo 101 países e 92 organismos internacionais, bancos de desenvolvimento, instituições financeiras e organizações da sociedade civil.
“O que torna essa iniciativa única é o seu foco na implementação. A Aliança não cria planos do zero. Ela atua para destravar o potencial de estratégias, planos, metas e políticas que já existem, que são eficazes, escaláveis e alinhadas às prioridades locais – mas que muitas vezes esbarram na fragmentação da cooperação internacional ou na insuficiência dos recursos disponíveis”, enfatizou durante a apresentação do relatório SOFI.
O titular do MDS explicou também que a Aliança está apoiando países na elaboração de planos de implementação de programas contra a fome e a pobreza no âmbito de um processo chamado Iniciativa de Aceleração (Fast Track). Treze países participam dessa iniciativa, promovendo a inclusão produtiva rural na Etiópia, Ruanda e República Dominicana, proteção social à primeira infância na Palestina e Tanzânia e transferência de renda na Zâmbia e Haiti, por exemplo.
E fez um chamado aos presentes: “A Aliança somos todos nós. Convido cada organização, banco multilateral, cada país a contribuir, começando com esses primeiros planos”, disse. “Se conseguimos o apoio necessário para que cada um desses planos vire realidade e que mais países se inspirem e consigam implementar programas baseados na ciência e em evidências robustas para redução da fome e da pobreza, terei esperança: não precisaremos aguardar 60 anos para acabar com a fome no mundo. A fome tem pressa”, concluiu.
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