Lula reforça compromisso do Brics com agenda climática e novo modelo de desenvolvimento
Ao citar COP 30, em Belém no mês de novembro, presidente defendeu que líderes mundiais assumam responsabilidades diante das evidências científicas sobre a crise climática. "As mudanças são concretas e irreversíveis se nada for feito"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou nesta segunda-feira (7/7) o compromisso do Brasil no enfrentamento das mudanças climáticas. Em declaração à imprensa, após a Cúpula dos Chefes de Estado do Brics, no Rio de Janeiro (RJ), Lula enfatizou a urgência de uma transformação no modelo de desenvolvimento global, alinhada à preservação ambiental e à redução das desigualdades.
"O Brasil tem os seus compromissos, e os países do Brics, aqui, muito compromisso. Eu quero lembrar a vocês que em 2010, 2009, na COP de Copenhague, a China era tratada como se fosse a bandida poluidora do mundo. Estados Unidos, França, Alemanha, todo mundo queria punir a China. Nós nos recusamos a fazer parte, dizendo que tinha um contencioso a ser pago, tinha um passivo", lembrou o presidente.
"Os países industrializados tinham poluído o planeta muito mais do que a China e eles não tinham pago nada. Então o que nós queríamos é que eles pagassem esse contencioso. Hoje a China é o mais rápido na transição energética, está tentando fazer com que a economia efetivamente seja uma economia desenvolvida de baixo carbono. Deveria servir de exemplo para o G7, para muitos países ricos. É isso que nós tratamos aqui e é isso que eu acho que nós vamos fazer o debate daqui para frente", observou.
O que foi decidido aqui é que nós não queremos continuar vivendo no mundo como estamos vivendo. É preciso mudar o nosso comportamento com relação ao tratamento da saúde do povo. E é preciso é preciso que haja mais financiamento e para mudar o modelo de desenvolvimento. E também que a gente precisa construir a paz no mundo. Essas são as coisas mais sagradas que nós decidimos", reforçou Lula
Ao citar a realização da COP 30, que ocorrerá em Belém (PA) no mês de novembro, o presidente defendeu que os líderes mundiais assumam responsabilidades diante das evidências científicas sobre a crise climática. "O mundo precisa saber: se acreditarmos no que a ciência está dizendo, vamos ter que mudar de comportamento. As mudanças são concretas e irreversíveis se nada for feito", alertou.
Tem gente procurando lugar para morar, mas 8 bilhões de seres humanos não têm onde morar. É aqui mesmo, é aqui (que precisamos de solução). Então nós vamos cuidar disso, está nas nossas mãos cuidar."
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PROTAGONISMO — Para o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, presidente da COP 30, o encontro do Brics reforçou o protagonismo brasileiro na agenda ambiental e o apoio internacional à conferência. "Ficou claríssimo hoje o apoio de todos os países presentes à COP 30 e o desejo muito grande de que esse esforço fortaleça o multilateralismo e concentre esforços no combate à mudança do clima", avaliou.
SESSÃO PLENÁRIA — Na manhã desta segunda (7), ao discursar na Sessão Plenária “Meio Ambiente, COP 30 e Saúde Global”, Lula lembrou que o aquecimento global ocorre em ritmo mais acelerado do que o previsto e que as florestas tropicais estão sendo empurradas para o ponto de não retorno. "Nosso desafio é alinhar ações para evitar ultrapassar um grau e meio de aumento da temperatura do planeta. Será preciso triplicar energias renováveis e duplicar a eficiência energética. É inadiável promover a transição justa", pontuou.
COP 30 — A realização da COP 30 em Belém marca uma nova etapa para o Brasil na agenda ambiental. Será a primeira vez que uma Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança do Clima ocorrerá na Amazônia, bioma estratégico para o equilíbrio climático do planeta. O país tem atuado de forma ativa na construção de consensos multilaterais, reafirmando o compromisso com o desenvolvimento sustentável, a preservação das florestas tropicais e a justiça climática.
O Brasil vem mobilizando esforços internacionais para garantir financiamento climático, impulsionar a transição energética e combater a desigualdade ambiental. A COP 30 consolida esse caminho e coloca o país como articulador de uma agenda climática ambiciosa e inclusiva.
A CÚPULA DO Brics – A Cúpula dos Chefes de Estado do bloco, encerrada nesta segunda-feira (7), no Rio de Janeiro (RJ), foi a primeira a reunir 11 membros titulares e 10 países parceiros.
O encontro também contou com a participação de oito países convidados e de diversos representantes de organizações internacionais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres; a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala; o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus; e a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, a ex-presidenta Dilma Rousseff.
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