Parceria inédita contra doenças socialmente determinadas é lançada na Cúpula do Brics
Iniciativa marca um avanço histórico na cooperação internacional em saúde, com foco na equidade e na justiça social

Uma parceria inéditafoi lançada nesta segunda-feira (7/7), durante a Cúpula de Líderes do Brics. A Parceria para Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas marca um avanço histórico na cooperação internacional em saúde, com foco na equidade e na justiça social.
A iniciativa está na Declaração Final da 17ª Reunião de Cúpula, divulgada no domingo (6).
Endossamos o lançamento da Parceria do Brics para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas. Essas iniciativas refletem nossos esforços conjuntos para promover soluções inclusivas e sustentáveis para questões globais prementes”, diz o documento.
Em entrevista ao Canal Gov, durante a cobertura da Cúpula do Brics, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a iniciativa como um passo importante para enfrentar as vulnerabilidades que assolam os países do bloco. "É uma parceria entre o nosso País e o Sul Global para enfrentar essas doenças. Isso tem um peso enorme, porque são países que hoje já começam a ter uma indústria farmacêutica, indústria de vacinas, na China, no Brasil, Rússia, vários países aqui representados", afirmou o ministro.
Padilha lembrou da pandemia de covid-19 como um exemplo de emergência em saúde que contou com a China no desenvolvimento de vacinas.
"O lançamento dessa parceria, por um lado, fortalece projetos comuns que trazem tecnologia, trazem ciência. Todo mundo vai lembrar, na época da pandemia, toda uma dependência (de vacina) da China, da Índia. Agora, se começa a produzir aqui no Brasil, gerando emprego, renda aqui no Brasil. E também tem uma outra conotação importante, que é o posicionamento político na saúde global", observou o ministro.
Porque, nesse momento, os Estados Unidos, por exemplo, estão saindo da OMS, criticando o Ministério da Saúde, fazendo campanha contra a vacina", destacou Padilha. Então, quando ele está fazendo isso, os Brics respondem dizendo: saúde importa, as vidas importam, vamos fortalecer a Organização Mundial da Saúde vamos financiar projetos que enfrentem doenças."
A Parceria para Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas foi discutida em reuniões que antecederam a Cúpula do Brics. Uma declaração conjunta foi pactuada durante a 15ª Reunião de Ministros da Saúde do bloco, realizada ainda em junho, em Brasília.
O tema foi uma das oito prioridades escolhidas pela presidência brasileira do Brics na área da saúde e teve como inspiração o Programa Brasil Saudável, que visa enfrentar problemas sociais e ambientais que afetam a saúde de pessoas em maior vulnerabilidade social.
"O Brasil está construindo uma agenda positiva de enfrentamento a problemas concretos, um deles é a questão da saúde global, onde a gente já tem um consenso para a criação de uma parceria no enfrentamento das doenças socialmente determinadas que impactam desproporcionalmente as populações racializadas, vulnerabilizadas, fora outras pautas importantes", analisou a diretora do Brics Policy Center, da PUC Rio, Marta Fernándes.
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Determinantes Sociais
Doenças socialmente determinadas são aquelas influenciadas por fatores sociais, econômicos ou ambientais. Onze doenças e cinco infecções de transmissão vertical, apesar de suas especificidades, têm em comum uma forte influência de determinantes sociais. São elas: tuberculose, hanseníase, HIV/aids, malária, hepatites virais, tracoma, oncocercose, doença de Chagas, esquistossomose, geo-helmintíases, filariose linfática, sífilis e HTLV (vírus linfotrópico de células T humanas).
Em novembro de 2024, o Brasil eliminou a primeira doença socialmente determinada, a filariose linfática. O reconhecimento foi feito pela Organização Mundial da Saúde.
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