Presidente Lula inaugura escultura de Burle Marx no Palácio da Justiça
A escultura se integra ao jardim e às cascatas artificiais, paisagismo que também é obra de Burle Marx

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira (7/8), da inauguração de escultura do paisagista Roberto Burle Marx, na fachada do Palácio da Justiça. A instalação da peça marca a conclusão do projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, que previa a vinculação de obras de arte às fachadas dos palácios Itamaraty e da Justiça.
A escultura, que veio do Sítio Roberto Burle Marx, no Rio de Janeiro, se integra hoje ao jardim e às cascatas artificiais, paisagismo que também é obra de Burle Marx. O processo para buscar a peça começou a ser discutido ainda no primeiro semestre de 2024. Em junho deste ano a escultura chegou à Brasília e teve sua instalação acompanhada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Governo do Distrito Federal.
Em seu discurso, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski falou sobre a obra de Niemeyer na construção de Brasília e a integração entre arquitetura e arte que faz parte do projeto. "Niemeyer não concebeu apenas edifícios funcionais, mas idealizou verdadeiras obras de arte habitáveis, onde as esculturas dialogam harmoniosamente com as estruturas", destacou.
A escultura que hoje incorporamos no patrimônio da Esplanada dos Ministérios possui uma trajetória singular. Criada por Burle Marx em meados da década de 1980, a obra inacabada encontrava-se no sítio que leva seu nome no Rio de Janeiro, também considerado patrimônio cultural brasileiro e patrimônio mundial da humanidade. Talhada em granito branco do Ceará, a escultura apresenta características que estabelecem um diálogo com o nosso Palácio da Justiça", explicou Lewandowski.
Confira o vídeo de apresentação da obra:
O ministro destacou ainda que, com a inauguração da escultura marca a completude da ideia original de do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, responsável pelo projeto do Plano Piloto, que organiza toda a área central da Capital Federal. "A partir de agora, com a instalação da escultura em processo, porque é uma escultura inacabada, podemos dizer que fizemos jus à ideia original de Lúcio Costa, com os palácios Itamaraty e Justiça condignos, isto é, correspondentes, um conversando com o outro. No jogo visual estabelecido entre os dois edifícios, a presença da escultura de Burle Marx no Jardim Aquático do Palácio da Justiça estabelece o diálogo há tanto tempo esperado", pontuou Lewandowski.
Para a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a inauguração de hoje marca o compromisso do governo com o cultura nacional.
Este edifício, projetado pelo genial Oscar Niemeyer, não é apenas um espaço físico onde se realizam atividades administrativas do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele é um símbolo da nossa história, da nossa cultura, da nossa visão de um Brasil moderno e integrado”, afirmou.
“Essa iniciativa representa uma reparação histórica à obra de Burle Marx, destacando não apenas a sua relevância como paisagista, mas também como ecologista pioneiro, que defendia a natureza brasileira desde os anos 1970. Sua contribuição ao desenho de Brasília recebe, assim, uma nova camada de reconhecimento, ampliando a visibilidade do seu legado”, completou Margareth.
A ESCULTURA — Em 2024, o ministro Ricardo Lewandowski instituiu a Comissão Consultiva de Curadoria para orientar a recuperação, o restauro e a modernização do patrimônio do Palácio da Justiça. Uma das prioridades foi analisar a possibilidade de, segundo as premissas do arquiteto e urbanista Lucio Costa, reforçar o diálogo com o Palácio Itamaraty, com a inserção de uma escultura nos jardins de sua fachada principal.
Com base em pesquisa histórica e apuração de diretrizes de Oscar Niemeyer para os palácios, foi proposta uma solução que reforçasse a presença de Burle Marx no Palácio da Justiça.
OBRA — A escultura escolhida encontrava-se no Sítio Roberto Burle Marx, no Rio de Janeiro, cuja área abriga uma das mais significativas coleções de plantas tropicais e semitropicais. A propriedade é reconhecida como Patrimônio Cultural pelo Iphan e Patrimônio Mundial pela Unesco.
Trata-se de uma obra "em processo de finalização", de meados da década de 1980, feita em granito branco do Ceará. A escultura estabelece um diálogo com as formas do Palácio da Justiça, apresentando estrias e ranhuras que remetem aos imponentes brise-soleils das fachadas laterais do edifício.
Burle Marx e Brasília
Na época da construção da capital, o paisagista aceitou o desafio de planejar as áreas livres e abertas do Plano Piloto, começando pelo Eixo Monumental. Também fez o projeto de Parque Zoobotânico, que estava previsto para ocupar o local onde hoje está o Estádio Nacional de Brasília.
Entre as áreas tombadas, estão, além do Palácio da Justiça: Superquadra Sul 308, Praça dos Cristais, Tribunal de Contas da União, Teatro Nacional e Parque da Cidade. O paisagista também é responsável pelos jardins da residência oficial do vice-presidente, o Palácio do Jaburu. Todos da década de setenta.
O grande legado de Burle Marx foi incluir no seu trabalho plantas da biodiversidade brasileira, valorizando a flora nativa.
Confira a cerimônia de inauguração:
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