COP30

Lula: 'Vamos chegar à COP 30 com os países tratando com seriedade a questão climática'

Presidente avaliou, em entrevista, o avanço dos debates sobre a conservação ambiental no âmbito da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas

Agência Gov | Via Planalto
24/09/2025 20:15
Lula: 'Vamos chegar à COP 30 com os países tratando com seriedade a questão climática'
Ricardo Stuckert/PR

Em entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira, 24 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço dos eventos de que participou no âmbito da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas e destacou o otimismo com o avanço dos debates sobre a conservação ambiental. “Estou otimista de que vamos chegar à COP 30 com os países tratando com seriedade a questão climática. Saio com a certeza de que tem muita gente levando a sério essa questão”, disse Lula, na sede da ONU em Nova York, nos Estados Unidos.

Na conversa antes de retornar ao Brasil após três dias de compromissos estratégicos, Lula ressaltou que convidou e espera que todos os chefes de Estado participem da COP 30, que será realizada em Belém (PA), em novembro. “É a hora da verdade. Em se tratando de clima, é a hora de a gente dizer se quer continuar sendo respeitado pelo mundo que representamos ou se a gente vai brincar com o clima”, declarou.

Sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), Lula pontuou que “os países estão apresentando NDCs vigorosas e razoáveis”. “Eu acho que isso vai ser importante porque a primeira demonstração de seriedade com a questão do clima é as NDCs serem fortes”, argumentou. As NDCs são os compromissos assumidos pelos países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e para adaptação aos impactos da mudança do clima.

FLORESTAS — Lula também lembrou o anúncio, durante a Sessão de Abertura da Reunião sobre o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) na terça-feira (23), de que o Brasil vai investir US$ 1 bilhão na iniciativa para a conservação das florestas tropicais.

Foi importante a construção do TFFF, porque não é um fundo de doação, é um fundo de investimento. Quem fizer investimento vai ganhar dinheiro. E uma parte desse dinheiro vai ser aplicado para que a gente mantenha a floresta em pé nos países”, disse Lula.

RENDIMENTO - Na coletiva, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) também salientou a importância da iniciativa. “O Brasil, mesmo sendo um país em desenvolvimento, está aportando ao fundo 1 bilhão de dólares, com a expectativa de que outros países do Norte desenvolvido e do Sul Global façam o mesmo gesto. Com isso, estamos criando uma ferramenta que não é doação, que opera com os mecanismos de mercado, para viabilizar algo em torno de 125 bilhões de dólares, com rendimentos de 4 bilhões de dólares por ano para pagamento por hectare de floresta protegida”, afirmou.

TRANSIÇÃO — Para Lula, já está provado que o mundo tem condições de manter a elevação da temperatura do planeta abaixo de um grau e meio, desde que haja vontade para tornar isso realidade. “Já está provado. É só vontade. E, ao mesmo tempo, temos que utilizar os combustíveis fósseis, mas com a expectativa de usar esse dinheiro deles para investir no fim do combustível fóssil, para fazer a transição energética mais competitiva e que seja resolutiva para dar garantia energética à humanidade”, assinalou.

DEMOCRACIA E CLIMA — Mais cedo nesta quarta, Lula participou do evento “Em Defesa da Democracia, Combatendo Extremismos” e da Sessão de Abertura do Evento Especial sobre Clima para Chefes de Estado e de Governo, no âmbito das agendas da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Na ocasião, alertou que “ninguém está a salvo dos efeitos da mudança do clima”.

ASSEMBLEIA GERAL — Como é tradição desde 1955, o Brasil foi o primeiro Estado-membro a discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU. Lula abriu os discursos de chefes de Estado, na terça-feira (23), e falou logo depois do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e da presidenta da 80ª Assembleia Geral, a alemã Annalena Baerbock. O líder brasileiro posicionou-se na defesa dos valores democráticos, da importância do multilateralismo, dos preceitos que regem o desenvolvimento sustentável e do combate à mudança do clima. E destacou a necessidade de o mundo se unir em prol da paz e do combate à pobreza. “A única guerra de que todos podem sair vencedores é a que travamos contra a fome e a pobreza”, frisou.

PALESTINA — A agenda de Lula em Nova York teve início na segunda-feira (22), quando o presidente participou da segunda sessão da Conferência Internacional de Alto Nível para a Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada por França e Arábia Saudita. No encontro, defendeu que o único caminho para a paz e a estabilidade no Oriente Médio passa pela implementação dessa solução.

TV — No mesmo dia (22), Lula deu entrevista ao telejornal PBS NewsHour, da rede de televisão estadunidense PBS, e reafirmou a abertura do Governo do Brasil para negociar as tarifas impostas de forma unilateral pelo governo dos Estados Unidos. “São dois Estados importantes, as maiores democracias da América, as maiores economias da América. Então, é muito importante para nós termos uma relação muito civilizada”, afirmou.

REUNIÕES — À margem da Assembleia Geral em Nova York, o presidente Lula também teve reuniões bilaterais com chefes de Estado nesta semana. Os encontros foram com o presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, com a presidenta do Peru, Dina Boluarte, e com o rei Carl XVI Gustaf e a rainha Silvia da Suécia.

OITO DÉCADAS – A 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas marca os 80 anos de fundação da ONU, criada em 1945 com a assinatura da Carta de São Francisco. O Brasil foi um dos 51 signatários originais. A criação da ONU representou não apenas o fim da Segunda Guerra Mundial, mas o compromisso da comunidade internacional com a paz, os direitos humanos, a igualdade soberana entre os Estados e o desenvolvimento sustentável. Atualmente, a organização reúne 193 Estados-membros e dois Estados observadores: a Palestina e a Santa Sé.

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