Embrapa leva agricultura sustentável para a COP 30 com o AgriZone
Em entrevista à Voz do Brasil, A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, detalhou o assunto
A Embrapa estará na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorre de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA), com a AgriZone – Casa da Agricultura Sustentável. Um espaço inclusivo voltado a diálogos e ao compartilhamento de experiências entre todas as partes envolvidas na implementação das ações necessárias para a promoção de uma agricultura sustentável e da segurança alimentar, diante dos desafios impostos pela mudança do clima.
"Aproveitamos a oportunidade que a COP está acontecendo no Brasil para fazer uma área de demonstração das tecnologias que nós desenvolvemos para a agricultura tropical, que é diferente da agricultura do clima temperado nesses últimos 50 anos, como tecnologias para a agricultura de baixo carbono, práticas de manejo mais sustentáveis, tecnologias para adaptação às mudanças climáticas e, consequentemente, mitigação das mudanças climáticas", explicou a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, em entrevista à Voz do Brasil desta quarta-feira (29/10).
A Embrapa está apresentando tecnologias para a recuperação da saúde do solo. Vai desde um sistema de plantio direto, integração, lavoura, pecuária e floresta. Vamos estar mostrando as diferenças da agricultura, o sistema agroflorestal, como que você produz açaí, cacau, banana, isso junto com café, café robusta, amazônica", completou.
O espaço abrigará aproximadamente 400 eventos, com painéis, exposições, experiências gastronômicas e culturais, além de vitrines de soluções tecnológicas e práticas agroambientais de baixo carbono.
Leia a entrevista completa:
Presidente, vamos falar sobre a AgriZone, que vai ser esse espaço da Embrapa na COP 30, em Belém, no mês de novembro. O que é esse espaço?
Na verdade, a AgriZone é a casa da agricultura sustentável. Nós trouxemos a Embrapa, a Embrapa Amazônia Oriental, um dos 43 centros de pesquisa da Embrapa.
Fica a um quilômetro e meio, aproximadamente, de onde vai ser a COP 30, a Blue Zone e a Green Zone. Então, nós inserimos, aproveitamos a oportunidade que a COP está acontecendo no Brasil para fazer uma área de demonstração das tecnologias que nós desenvolvemos para a agricultura tropical, que é diferente da agricultura do clima temperado nesses últimos 50 anos, como tecnologias para a agricultura de baixo carbono, práticas de manejo mais sustentáveis, tecnologias para adaptação às mudanças climáticas e, consequentemente, mitigação das mudanças climáticas.
E como é que as tecnologias, essas que você mencionou, como é que elas serão expostas lá? Eu sei que a Embrapa já tem um trabalho de recuperação de pastagens, isso tudo contribui muito para a resiliência também da agricultura brasileira, né?
Sim, nós pegamos e fizemos um showroom de tecnologias. Então, lá nós vamos mostrar dessas tecnologias que contribuem para melhorar a saúde do solo. Então, quando a gente fala de recuperação de pastagens, hoje tem um programa do Governo Federal, liderado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, que é o Caminho Verde Brasil, que é para a recuperação de áreas degradadas. Então, nós temos aí 40 milhões de hectares para recuperação.
Então, a Embrapa está apresentando tecnologias para a recuperação da saúde do solo, para contribuir para a melhoria da saúde do solo. Vai desde um sistema de plantio direto, integração, lavoura, pecuária e floresta. Vamos estar mostrando as diferenças da agricultura, o sistema agroflorestal, como que você produz açaí, cacau, banana, isso junto com café, café robusta, amazônica.
A gente vai estar lançando uma plataforma de carbono, uma plataforma de solo, plataforma Solo BR, onde a gente tem 52 mil amostras, e o Brasil está sendo vanguarda em monitorar a saúde do solo, que é essencial quando a gente fala de diminuir as emissões, os gases de efeito estufa, onde a gente está mostrando como que a gente vai monitorar que isso é essencial para práticas de agricultura regenerativa e de baixo carbono. Além disso, vamos estar lançando os protocolos de carne de baixo carbono, um selo de carne de baixo carbono. Também mostrando os protocolos em desenvolvimento para a soja de baixo carbono, mas também para a leite de baixo carbono, entre outras tecnologias, como cultivar os mais resistentes a estresse hídrico e também a doenças.
Vamos estar lançando a agricultura do futuro, né? Do futuro. E também os produtos de base biológica, que bioinssumos, bioprodutos, é muito importante para essa agricultura de baixo carbono. Também nós vamos estar demonstrando lá.
É importante falar que a AgriZone é uma parceria da Embrapa com o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, o Ministério do Desenvolvimento Social. Além dos ministérios, nós estamos envolvendo também a parceria público-privada, com vários parceiros, para que a gente possa, a gente conseguiu juntar no mesmo ambiente e mostrar as diferentes agriculturas. É uma forma concreta de mostrar dados e informações da agricultura brasileira.
Presidente, a senhora fez referência à ferramenta de monitoramento dos solos. Qual a importância da coleta desses dados da saúde dos solos em todo o país no que se refere a mudanças climáticas?
É muito importante, porque a gente vê hoje cada vez mais os eventos extremos. A agricultura hoje é muito... Primeiro que ela é vulnerável às mudanças climáticas. A gente viu com secas extremas no Norte, o ano passado as enchentes no Rio Grande do Sul, tudo isso afeta diretamente a agricultura. E quando você tem uma saúde do solo, você trabalha com um sistema de produção que está preocupado desde como trabalhar com práticas mais sustentáveis, desde antes do plantio, preparando o solo, até do plantio à colheita, isso tudo traz uma agricultura mais resiliente às mudanças climáticas.
Então, só para dar um exemplo, a gente cada vez mais tem que trabalhar com essas práticas, sistemas consorciados. Hoje no Brasil, qual é a diferença da agricultura tropical e por que hoje nós temos que aproveitar essa oportunidade da COP 30 e falar nós já fizemos, mas nós temos muito mais para oferecer, pensando em segurança alimentar. O que acontece? Nós trabalhamos com sistemas consorciados, a gente consegue ter uma, duas, três safras na mesma área, na integração lavoura-pecuária-floresta.
Hoje a gente consegue ver que, adotando as práticas sustentáveis, a gente consegue sequestrar carbono. Então, hoje, 30% a mais do que só restauração em determinados locais. Então, essas práticas são sistemas de plantio direto, bioinsumos, esses sistemas consorciados, nós vamos estar demonstrando como é uma integração lavoura-pecuária-floresta, como é um sistema agroflorestal e como as comitivas podem transitar dentro da floresta amazônica e, ao mesmo tempo, ver como a gente pode produzir e preservar ao mesmo tempo.
Agora, para a gente concluir, então, conta para a gente, para quem estiver lá em Belém, essa oportunidade de participar disso tudo. Como é que as pessoas podem visitar a AgriZone? Ela é aberta para o público? Como é que funciona?
Sim, ela vai ser aberta para o público. Hoje, as inscrições vão abrir agora, na próxima semana, para quem quiser visitar a AgriZone. Ela é no embrapa.br/cop30. Então, você pode fazer a inscrição para visitar. E todas as comitivas estão sendo convidadas, que estão na Blue Zone e na Green Zone também, para visitar a AgriZone.
Já vão ter o credenciamento para entrar na Agrizonee poder visitar e participar também. São mais de 400 palestras, debates, painéis também, que a gente vai ter nesses 10 dias lá na AgriZone, para trazer essa mensagem. Que, na verdade, a agricultura, acho que é importante falar, ela é uma dupla solução para as mudanças climáticas.
Acho que é importante a gente trazer isso. Tanto porque ela é essencial para a produção de alimentos, garantir a segurança alimentar, não só no nosso país, mas no mundo todo. Mas ela é muito importante porque você pode fazer isso com uma agricultura de baixo carbono.
E é isso que a gente quer trazer. Que o Brasil hoje tem todo um planejamento, baseado em ciência e tecnologia, de como a gente, uma agricultura de baixo carbono, uma agricultura mais resiliente às mudanças climáticas. E para isso, temos que continuar a investir em ciência e tecnologia e políticas públicas para incentivar os produtores rurais cada vez mais a adotar essas práticas mais sustentáveis.
Muito bem. Bom, e as pessoas também podem encontrar tudo isso no site da Embrapa também.
Pode. Nós temos, inclusive, uma vitrine virtual com mais de 200 tecnologias já disponibilizadas, que todos podem conhecer, sobre a COP 30, como vai ser a Green Zone. Tem um mapa da Green Zone lá, que podem visitar. É importante dizer que esse evento está reunindo diferentes produtores, pequenos, médios, grandes produtores, comunidades locais, tradicionais, indígenas, quilombolas, mas também cooperativas, associação de produtores, ONGs.
Então, eu acho que é um ambiente plural, inclusivo, e que a gente convida a todos que participem para conhecer um pouco mais da nossa agricultura brasileira.
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