Em evento do MGI, estatais reafirmam seu papel estratégico na construção de um futuro sustentável
Visando à COP 30, encontro no Centro de Pesquisa da Petrobras, no Rio de Janeiro, enfoca o papel condutor do setor público na inovação sustentável, em cooperação com atores privados e a sociedade; abertura contou com lideranças da Itaipu Binacional, Petrobras, Caixa e Banco do Brasil

O Encontro Global sobre Empresas Estatais e Ação Climática foi aberto nesta quarta-feira (15/10), no Rio de Janeiro, com a presença de gestores públicos, do setor privado e de especialistas em sustentabilidade, no Centro de Pesquisa e Inovação da Petrobras (Cenpes). A iniciativa é do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), em parceria com a Petrobras, e tem o apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e da Open Society Foundations (OSF). O objetivo é alinhar estratégias das estatais na transição para uma economia verde e benéfica a todas as pessoas.
Em suas palavras de abertura, Elisa Leonel, secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do MGI, lembrou que o encontro se insere nos preparativos à COP 30, que será sediada pela primeira vez no Brasil, na Amazônia. Isso reflete o compromisso do governo federal com modelos de desenvolvimento sustentáveis, inclusivos e inovadores.
“A crise climática é uma realidade concreta que impõe desafios imediatos à forma como produzimos. Ao mesmo tempo, a transição ecológica apresenta oportunidades para construir economias mais resilientes e justas. Nesse contexto, as empresas estatais desempenham um papel central.”
Para ela, fortalecer as capacidades estatais é fundamental para uma transição ecológica justa. “As estatais devem liderar pelo exemplo, com visão de longo prazo e responsabilidade pública. É preciso unir inovação, sustentabilidade e cooperação global para construir um projeto de desenvolvimento verde e soberano”, afirmou.
Em seguida, o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, destacou que a transição energética é uma necessidade e exige ação direta do Estado. Segundo ele, pensar apenas no curto prazo precipita a crise: “As empresas estatais têm o dever de liderar a construção de uma sociedade mais inclusiva e sustentável. Investir juntos é essencial. Quando unimos esforços e conhecimento, aceleramos soluções tecnológicas e entregamos mais à população”, disse.
Gabriel Maceron Santamaria, gerente de Sustentabilidade Empresarial do Banco do Brasil, reforçou que a sustentabilidade é central na estratégia da instituição. “Empresas sustentáveis têm mais capacidade de gerenciar riscos e de gerar valor no longo prazo.” O BB já direcionou R$ 400 bilhões para linhas de crédito sustentáveis, em particular iniciativas de baixo carbono no âmbito do agronegócio e agricultura familiar.
Pela Caixa, Jean Benevides, vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital, citou a elaboração da nova taxonomia sustentável brasileira, que tornará mais objetiva a classificação do que é sustentável ou não para linhas de crédito. “Vamos lançar um compromisso de R$ 1,25 trilhão em projetos alinhados à taxonomia verde nacional”, anunciou, reforçando que “os impactos climáticos atingem mais fortemente os mais pobres. Nossa missão é apoiar a transição sem ampliar desigualdades”. O banco também desenvolveu uma calculadora de emissões em projetos habitacionais, que dará oportunidade a construtoras se adequarem a critérios de impacto ambiental.
Completando a sessão, a diretora de Assuntos Corporativos da Petrobras, Clarice Coppetti, recordou que, antes da atual onda de fortalecimento de estatais em países desenvolvidos, o Brasil conhece há décadas o potencial de inovação das suas estatais. “Estamos reunidos aqui no maior centro de pesquisa e inovação da América Latina. Estatais representam mais de 6% do PIB e são o motor da transformação produtiva”, disse. E reafirmou que a Petrobras tem um compromisso de longo prazo com a transição enérgica justa, pois “sem energia, não há desenvolvimento”.
Programação
O Encontro Global sobre Empresas Estatais e Ação Climática é organizado pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (Sest/MGI) em parceria com a Petrobras e tem o apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e da Open Society Foundations (OSF).
A programação segue com painéis temáticos ao longo do dia. Pela manhã, foram tratados os temas da transição energética justa e, em seguida, o cenário global de ação das estatais. À tarde estão previstas duas sessões: financiamento verde e ação climática inclusiva.
Na parte da tarde, está prevista ainda a participação da ministra da Gestão, Esther Dweck, que deverá apresentar ações de sua pasta na coordenação e governança das estatais no contexto da agenda ambiental.
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