Turismo

Marco histórico: Brasil deve receber 9 milhões de turistas estrangeiros até o final deste ano

Em entrevista à Voz do Brasil desta terça (14) o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, comentou os fatores que levaram o País e alcançar o recorde de 7 milhões de turistas internacionais até setembro

Agência Gov
14/10/2025 19:44
Marco histórico: Brasil deve receber 9 milhões de turistas estrangeiros até o final deste ano
Valter Campanato/Agência Brasil

O Brasil deve alcançar a marca histórica de 9 milhões de turistas estrangeiros visitando o País em 2025. Em entrevista à Voz do Brasil, desta terça-feira (14/10), o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, comentou sobre o recorde já alcançado em setembro deste ano. "O Brasil nunca tinha atingido esse número de estrangeiros visitando o Brasil, de turistas internacionais. Nunca chegou a 7 milhões. E nós chegamos a 7 milhões em nove meses, né? Até setembro", destacou Freixo.

Ou seja, até dezembro esse recorde vai ser muito maior. Provavelmente nós vamos nos aproximar aí dos 9 milhões de turistas. A previsão é que chegássemos a 8 milhões em 2027. Então nós vamos passar de 8 milhões em 2025", completou. 

O mês de setembro registrou o maior número de chegadas de turistas internacionais da série histórica para o mês: 570.934 visitantes. Com esse resultado, o acumulado dos nove meses de 2025 alcançou 7.099.237 turistas internacionais, volume 45% superior ao registrado no mesmo intervalo do ano passado. 

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Com esse desempenho, o país ultrapassou, em apenas nove meses, o recorde anual anterior, de 2024, quando 6.773.619 visitantes estrangeiros vieram ao Brasil. O presidente da Embratur reforçou que os números expressivos foram resultado de muito trabalho e ações agência. "A gente ampliou a malha aérea, a gente conseguiu, com um diálogo muito profundo com as companhias aéreas de todos os lugares do mundo, mostrar o que é o Brasil, mostrar a diversidade brasileira, mostrar uma coisa que o Brasil tem de melhor, que é o povo brasileiro, o acolhimento que esse povo brasileiro dá ao turista. Isso é muito impressionante, isso aparece em todas as pesquisas. O mundo gosta de ser recebido, gosta da nossa cultura, da nossa gastronomia e da diversidade", explicou. 

Freixo falou também sobre o impacto da COP 30 no turismo da Amazônia e o legado do evento para a região Norte do País. "E o turismo é uma geração de emprego e renda com sustentabilidade e com produção de riqueza. Então, o turismo é a grande solução para a Amazônia, porque manter uma floresta em pé significa dar condições de vida para os povos da floresta. Então, o turismo de base comunitária, economia verde, é uma grande solução para a região Norte do Brasil", afirmou o presidente da Embratur.


Leia a entrevista completa:

Presidente, vamos começar falando sobre esse recorde aí no turismo internacional no Brasil. Que fatores levaram o país a conquistar essa marca de 7 milhões de turistas estrangeiros? 

A notícia é ótima, Luciano, ótima para todo o Brasil. O Brasil nunca tinha atingido esse número de estrangeiros visitando o Brasil, de turistas internacionais. Nunca chegou a 7 milhões. E nós chegamos a 7 milhões em nove meses, né? Até setembro. Ou seja, até dezembro esse recorde vai ser muito maior. Provavelmente nós vamos nos aproximar aí dos nove milhões de turistas. A previsão é que chegássemos a oito milhões em 2027. Então nós vamos passar de oito milhões em 2025.

Ou seja, não foi sorte, foi trabalho, né? Porque não é possível ter dado azar esse tempo todo e só sorte agora. Bom, na verdade, a gente ampliou a malha aérea, a gente conseguiu, com um diálogo muito profundo com as companhias aéreas de todos os lugares do mundo, mostrar o que é o Brasil, mostrar a diversidade brasileira, mostrar uma coisa que o Brasil tem de melhor, que é o povo brasileiro, o acolhimento que esse povo brasileiro dá ao turista. Isso é muito impressionante, isso aparece em todas as pesquisas.

O mundo gosta de ser recebido, gosta da nossa cultura, da nossa gastronomia e da diversidade. São seis biomas, né? Você tem praia, você tem sol, mas você tem chapada, você tem mata, você tem Amazônia. Então essa diversidade a gente aprendeu a apresentar ao mundo, a gente colocou nos mercados certos, a gente criou na Embratur um centro de inteligência de dados.

Isso é muito importante. Então a gente sabe o que cada mercado procura no Brasil, o que cada país quer, o que o português vem buscar no Brasil, o que o americano vem buscar no Brasil, o que o chileno vem buscar no Brasil. Então a gente promove com qualidade, com eficiência o que o Brasil tem a oferecer para cada um desses mercados. Então esse profissionalismo que a Embratur colocou na hora de promover o Brasil, de divulgar o Brasil, sem dúvida alguma, é um dos fatores decisivos pra esse recorde absoluto de todos os tempos. 

E presidente, a gente mencionou o Rio de Janeiro aqui na abertura, porque é a cidade, sem dúvida, mais conhecida, né, mais atrativa fora do Brasil, teve um crescimento impressionante de mais 50%, mas esse trabalho, ele deu resultado em todas as regiões do país, né? 

Todas as regiões cresceram, o Rio de Janeiro teve 51% de aumento, mas o Nordeste teve 64%, o Nordeste como um todo, né, teve 64% de aumento, a região Norte teve 87% de aumento, é claro que em números absolutos o que entra no Rio, o que entra em São Paulo é maior, mas o crescimento dessas regiões é muito importante. 

Então a gente cresceu o Brasil, a região Sul do Brasil, depois do que aconteceu no Rio Grande do Sul, o turismo foi a grande alavanca para o crescimento econômico e geração de emprego num Estado que tinha sido devastado pela chuva, e o turismo foi um dos fatores decisivos para reerguer o Rio Grande do Sul. Então a gente está falando de uma atividade econômica que gera emprego, que gera renda, só para que os ouvintes saibam, Mariana, do que a gente está falando, quando a gente fala de 7 milhões de turistas que entraram aqui, a gente está falando em mais de US$ 5 bilhões que o Brasil arrecadou, US$ 5 bilhões que o Brasil arrecadou só até setembro.

Então, assim, é geração de emprego, geração de renda e riqueza, e de forma sustentável. Turismo é uma grande solução para se pensar a economia e o modelo de desenvolvimento do século XXI. Todas as regiões cresceram, o turismo chegou em tudo quanto é lugar do Brasil, o que é uma notícia extraordinária.

Presidente, de onde costumam vir esses turistas internacionais e quais são os principais destinos procurados dentro do Brasil? 

Vamos lá, o principal mercado emissor é a Argentina, teve um crescimento de argentinos para cá de 90%, é muito impressionante o quanto os argentinos vieram para cá. Em segundo lugar é o Chile, teve um crescimento de 33% de chilenos para cá. E aí tem a ver com você promover com qualidade o Brasil, mas também com você ampliar a malha aérea e você melhorar a capacidade de receber esse turista.

Então, tem muito mais voo da Argentina vindo para cá e a Argentina, antigamente, eles iam muito para a região sul e chegavam até Búzios, no Rio de Janeiro. Hoje tem argentino vindo para cá, até Fortaleza, com voo direto e a gente começa a promover o Brasil, que não é só sol e praia. A gente começa a divulgar a Chapada, a gente começa a divulgar o interior através da cultura e, sem dúvida alguma, é um mercado que vai chegar no Brasil inteiro.

O Chile em segundo, norte-americanos em terceiro. E aí depois você tem uruguaios, tem paraguaios, mas tem a França. A França é o país da Europa que mais emite turistas para cá e um crescimento em média da Europa de 24%, esse ano de 25%, de turistas vindo para cá.

Então, é muito bom porque são todos os mercados vindo para cá, todos os países vindo para cá e se espalhando por diferentes regiões do Brasil. 

Inclusive, vocês lançaram o Plano Brasis, né? O que é isso? 

Exatamente. Plano Brasis é um plano de marketing internacional. É a imagem do Brasil. Por que Brasis? Porque o Brasil é um país único, mas que nunca foi um só. A grande imagem do Brasil é a sua diversidade.

Às vezes a gente fala de uma gastronomia de um país, você sabe perfeitamente do que você está falando. O Brasil não tem uma gastronomia. Você tem a gastronomia da Amazônia, você tem a gastronomia mineira, você tem a gastronomia baiana. Ou seja, essa diversidade está também nesse Brasil com essa, né? Esse Brasil do saber e do sabor, que se espalha e que é muito interessante e que é muito cativante.

O mundo descobriu o Brasil e está vindo cada vez mais para o Brasil. Para a gente, isso é maravilhoso. Então, quando a gente promove esse Brasil, a gente promove com muita inteligência para saber em cada lugar o que é que eles vão querer buscar nesse Brasil e a gente vai ampliando isso.

E querendo que eles fiquem cada vez mais tempo, porque o turismo internacional, ele fica mais tempo que o turismo nacional. Então, ele vem, ele fica um mês, e se você tiver mais atrações, ele consegue ficar mais tempo. Então, acho que isso é muito vantajoso para a gente.

Presidente, em menos de um mês, Belém do Pará vai receber milhares de visitantes, especialmente estrangeiros, por causa da COP30, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. É uma oportunidade de projetar ainda mais a Amazônia como um destino turístico no exterior, né? Há alguma expectativa de crescimento do turismo para lá, depois da COP? 

Muito. Já está crescendo, né? Já está crescendo, a região norte cresceu substancialmente, o número de procuras internacionais para lá. A gente conseguiu um voo da TAP, que chega até Manaus, Belém-Manaus, então isso é bom porque conecta a Europa, a gente já tinha uma companhia que conecta a América Central, o Panamá, até a Amazônia, e a gente está buscando mais alternativas internacionais. 

A Amazônia é um grande destino, eu acho que o principal legado da COP, para além dos acordos internacionais, em relação à sustentabilidade, em relação à responsabilidade climática, claro, a COP é um conto de trabalho de líderes mundiais, mas eu acho que o resultado, o maior legado que a Amazônia vai ter é a Amazônia se colocar como um destino turístico fundamental. Porque quando a gente fala da Amazônia, a gente fala muito das atividades ilegais, né? Então, por exemplo, é importante combater o garimpo ilegal, mas para você combater uma atividade ilegal, você tem que criar uma atividade legal, você tem que gerar emprego e renda.

E o turismo é uma geração de emprego e renda com sustentabilidade e com produção de riqueza. Então, o turismo é a grande solução para a Amazônia, porque manter uma floresta em pé significa dar condições de vida para os povos da floresta. Então, o turismo de base comunitária, economia verde, é uma grande solução para a região norte do Brasil.

Para direcionar, né? 

Para direcionar e gerar emprego e renda e possibilitar que aqueles que mantiveram essa floresta em pé durante tanto tempo possam ter como viver de forma legal, de forma inclusiva, de forma responsável. Então, é esse o turismo que a gente vai buscar. E, sem dúvida, a Amazônia entra no olhar do mundo.

E tem muita coisa interessante para se descobrir na Amazônia, né? Não será um turismo massivo, mas será um turismo próprio para onde é a Amazônia. O Brasil tem essa chance. O Brasil é um país que duas vezes é a Europa do Euro, né? O nosso território é um país gigante.

Então, aqui a gente tem lugar para um turismo massivo e tem lugar para um turismo que não é massivo, que pode ser de base comunitária ou pode ser de experiência. A gente tem todas essas possibilidades. Se tiver profissionalismo, se tiver eficiência, a gente desenvolve esse turismo responsável por todo o país.

E eu acho que o século XXI não pode ser pensado como a gente pensou o século XX. É preciso ter mais responsabilidade e olhar com aquilo que o século XXI exige da gente. E, nesse sentido, o turismo é uma grande solução.


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