COP30

Lula defende sustentação econômica para quem toma conta das florestas

Presidente enfatiza protagonismo da região Amazônica nas discussões globais em torno da agenda ambiental e aponta a necessidade de suporte a quem vive e respeita o bioma

Agência Gov | Via Planalto
03/11/2025 10:50
Lula defende sustentação econômica para quem toma conta das florestas
Ricardo Stuckert/PR
Presidente defendeu o financiamento para garantir geração de renda aos povos que protegem a biodiversidade

Na sequência da agenda de eventos que antecedem a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), o presidente Lula visitou no domingo (2/11), a Comunidade Jamaraquá, uma das 26 comunidades da Floresta Nacional do Tapajós, no Pará. Mais cedo, Lula visitou a Aldeia Vista Alegre do Capixauã (PA), onde escutou reivindicações e anunciou a ampliação de acesso a programas federais. No sábado (1/11), acompanhou a inauguração do Porto de Outeiro e do Aeroporto Internacional de Belém.

Para a floresta ficar em pé, temos que dar sustentação econômica, educacional, de saúde para as pessoas que tomam conta. Se as pessoas não tiverem o que comer, não vão tomar conta de nada”, disse Lula

A Comunidade Jamaraquá tem como destaque o turismo de desenvolvimento sustentável e de base comunitária, assim como a produção de óleos de andiroba e de copaíba, látex e biojoias. Estruturada para o ecoturismo, conjuga a geração de renda familiar com a preservação da floresta. O Fundo Amazônia, criado pelo Governo do Brasil e administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apoia a comunidade.

O presidente acompanhou o processo da extração do látex e da fabricação da borracha, colocou a mão na massa na produção de farinha de mandioca e conversou com moradores. No bate-papo, defendeu que a escolha de um estado amazônico como o Pará para sediar a COP30 é a chance para que líderes mundiais atuantes na defesa da preservação da Amazônia conheçam o bioma e a realidade dos povos locais.

A COP30 é um momento único na história do Brasil. É um momento em que a gente está obrigando o mundo a olhar a Amazônia com os olhos que devem olhar. O mundo vai conhecer não apenas a Amazônia, mas vai conhecer o povo maravilhoso e extraordinário da Amazônia e que merece ajuda”, argumentou

De pé e com suporte

Segundo Lula, não é só o mundo pedir para manter a floresta em pé, mas reconhecer que é necessário financiar e dar suporte a quem atua com essa finalidade.

Ele afirmou estar visitando as localidades paraenses também para aprender mais sobre a região. “A ideia é fazer um levantamento da real situação, porque, de Brasília, é difícil a gente enxergar, a tantos milhares de quilômetros, as pessoas que moram aqui, um lugar maravilhoso que tenho certeza de que muita gente que mora em Copacabana [Rio de Janeiro], que mora nas praias mais bonitas do país, teria inveja se conhecesse o que é morar à margem do Rio Tapajós, com essa água maravilhosa. Então, eu queria vir pra aprender”, declarou durante a conversa com os indígenas.

Escuta

A ocasião também cumpre o propósito de ouvir demandas e estabelecer o compromisso de ampliar iniciativas que atendam as necessidades da população local. “Vocês não estão reivindicando absolutamente nada que não seja possível resolver. Melhorar a questão da saúde, da educação, dos títulos de terras é nossa obrigação. O que precisamos é trabalhar mais para que a gente vença a burocracia. 

Qualidade

O presidente também manifestou preocupação com a qualidade do ensino dos jovens na região e assumiu o compromisso de promover e ampliar políticas educacionais para crianças e adolescentes indígenas. “Os meninos terminam o ensino médio e não têm faculdade para cursar e, muitas vezes, não podem ir até Santarém. Quero anunciar que vamos criar, até 17 de novembro, a Universidade dos Povos Indígenas do Brasil. Vai ser uma universidade em Brasília, mas que vai ter campus em vários outros estados”, antecipou Lula.

Comunidade

Entre as atividades realizadas na comunidade estão a extração do látex da floresta, preparação da manta para comercialização, fabricação de móveis rústicos feitos a partir de árvores caídas e movelaria comunitária. Moram na localidade 190 moradores, de 47 famílias, e a reserva inteira tem 1,5 mil famílias e cerca de 4 mil moradores — organizados em 25 comunidades e 3 aldeias. As famílias vivem dos valores obtidos com reservas na pousada, manejo florestal, turismo de base comunitária, produção de farinha, atividades rurais e com o sistema agroflorestal baseado no cultivo de plantas frutíferas destinadas ao consumo.

Transmissão

Donildo Lopes dos Santos, ex-cacique de 63 anos, conhecido localmente como Sr. Dido, é condutor de visitantes. Comercializa produtos de biojoias e trabalha na produção de farinha e do látex. Ele iniciou as atividades por influência do pai, em uma seringueira no próprio local, aos sete anos de idade. Ele reforça a importância da tradição e transmissão geracional de conhecimentos e ensinou o ofício aos filhos e sete netos. "Se a gente não passar o que sabe adiante, se perde tudo", disse.

Reconhecimento

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) destacou a importância de reconhecer o trabalho desenvolvido pelos povos das florestas que estão na linha de frente da conservação. “Nossa floresta nacional tem 530 mil hectares e 1.200 famílias. Essas famílias têm um estilo de vida que protege a floresta, buscam melhorias e já conseguiram muitas. Aqui é exemplo de bioeconomia, de sociobiodiversidade, de como manter a floresta em pé e gerar condições de vida e dignidade. Aqui tem extrativistas, artesãos e artesãs, têm seringueiros e seringueiras, e são muitas as atividades que vão se combinando ao longo do ano”, afirmou.

Bolsa Verde

Retomado em 2023, o Programa de apoio à conservação ambiental – Bolsa Verde transfere valores para 650 famílias (60%) que vivem na Flona. A política é voltada para famílias que vivem em Unidades de Conservação de Uso sustentável (Reservas Extrativistas, Florestas Nacionais e Reservas de Desenvolvimento Sustentável), em assentamentos ambientalmente diferenciados da Reforma Agrária (florestal, agroextrativista e de desenvolvimento sustentável) e em territórios ocupados por povos e comunidades tradicionais, como ribeirinhos, extrativistas, indígenas, quilombolas e outros.

Cuidado remunerado

Os beneficiários do Bolsa Verde se comprometem a cuidar da região onde vivem, a usar os recursos naturais de forma sustentável e a preservar a floresta, além de ajudar no trabalho de monitoramento e de proteção. Além dos pagamentos, têm acesso a ações de assistência técnica, extensão rural socioambiental, conservação ambiental e inclusão socioprodutiva.

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