'Nossas perspectivas são as mais ousadas possíveis', diz Celso Sabino sobre o legado da COP 30 para Belém
Em entrevista à Voz do Brasil, desta quinta-feira (6), o ministro do Turismo, Celso Sabino, detalhou as expectativas do Governo Federal para o turismo brasileiro
A poucos dias do início da COP 30, em Belém (PA), que ocorre entre os dias 10 e 21 de novembro, o evento de escala global reunirá chefes de Estado, diplomatas, empresários, ativistas e delegações internacionais com o objetivo de debater e avançar em soluções globais para o enfrentamento das mudanças climáticas.
Para o ministro do Turismo, Celso Sabino, a capital paraense, tanto quanto o turismo brasileiro, vive um momento único de sua história. "No ano passado, o Aeroporto Internacional de Belém bateu o recorde histórico de movimentação de passageiros, com mais de 4 milhões e 100 mil passageiros transitando nesse aeroporto", destacou o ministro em entrevista ao programa A Voz do Brasil desta quinta-feira (6/11).
Agora com essa promoção gratuita que a cidade ganhou com a realização da COP aqui, a marca Belém está sendo divulgada em todo o planeta Terra, as imagens e fotos da cidade estão sendo vistas pelo público em todo o mundo e também muito pelo público nacional, pelo público brasileiro. Isso desperta, querendo ou não, o interesse das pessoas virem para cá", acrescentou Celso Sabino.
O ministro lembrou que o Brasil já recebeu mais de 7 milhões de turistas estrangeiros em um mesmo ano, marca nunca antes atingida pelo país. "O turismo no Brasil vive um momento que nunca viveu na história. Nós nunca tivemos a quantidade de brasileiros viajando dentro do país como a gente está tendo agora. E também nós nunca tivemos tantos estrangeiros vindo para o Brasil como a gente tem hoje", afirmou.
Nem quando a gente teve a Copa do Mundo, nem quando a gente teve a Olimpíadas, a nossa média era de 5, 6 milhões, por exemplo, de turistas estrangeiros. E nós vamos fechar o ano de 2025 com cerca de 10 milhões de turistas estrangeiros", comemorou Sabino.
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Leia a entrevista completa:
E eu queria que o senhor começasse falando para a gente um pouco sobre essa preparação para a COP e como é que está a entrega de resultados por aqui.
O sentimento de toda a equipe de governo do presidente Lula nesse momento é o sentimento de dever cumprido, tudo aquilo que nós nos comprometemos a fazer de intervenção na cidade de Belém até a COP.
Nós concluímos todas as obras dentro do cronograma, nós estamos entregando uma cidade totalmente recuperada, vamos dizer, com uma nova infraestrutura, com uma nova rede hoteleira, um novo porto, um novo aeroporto, que vão ficar de legados para a cidade de Belém, para os moradores aqui da região metropolitana da capital do estado do Pará. Mas, sobretudo, também é uma oportunidade que o Brasil está dando aos chefes de estado, aos tomadores de decisões do mundo todo, que puderem estar falando, discutindo o clima, discutindo a contenção das mudanças climáticas dentro da maior floresta tropical do planeta, que é a floresta amazônica.
O senhor é daqui de Belém e eu queria que, então, o senhor explicasse um pouco para as pessoas que estão em casa um panorama do que era o turismo em Belém e aqui no Pará e na Amazônia, de maneira um pouco mais ampla, e qual é a expectativa após a COP e após essas obras que o senhor citou.
Mariana, o turismo no Brasil, de uma forma em geral, ele vive novos ares, ele vive um momento que nunca viveu na história. Em toda a nossa história, nós nunca tivemos a quantidade de brasileiros viajando dentro do país como a gente está tendo agora. E também nós nunca tivemos tantos estrangeiros vindo para o Brasil como a gente tem hoje.
Nem quando a gente teve a Copa do Mundo, nem quando a gente teve a Olimpíadas, a nossa média era de 5, 6 milhões, por exemplo, de turistas estrangeiros. E nós vamos fechar o ano de 2025 com cerca de 10 milhões de turistas estrangeiros.
Nós superamos todas as marcas que medem a atividade econômica do setor em geração de emprego, em faturamento, em movimentação econômica, entrada de dólares por turistas, em movimentação nos aeroportos, nos portos, nas rodoviárias, e superamos com muita folga.
Por exemplo, de turistas estrangeiros, a gente nunca tinha recebido nem 7 milhões e vamos encerrar esse ano já com 10 milhões de turistas estrangeiros. E aqui, na região norte do Brasil, muito também por orientação do presidente, que desde o início nos colocou esse desafio e promoveu essa região, para que, primeiro, os brasileiros tivessem mais interesse em vir conhecer a Amazônia, em vir conhecer a região norte do país. Isso tem surtido efeito.
Já no ano passado, por exemplo, o Aeroporto Internacional de Belém bateu o recorde histórico de movimentação de passageiros, com mais de 4 milhões e 100 mil passageiros transitando nesse aeroporto. E claro, agora com essa promoção gratuita que a cidade ganhou com a realização da COP aqui, a marca Belém está sendo divulgada em todo o planeta Terra, as imagens e fotos da cidade estão sendo vistas pelo público em todo o mundo e também muito pelo público nacional, pelo público brasileiro. Isso desperta, querendo ou não, o interesse das pessoas virem para cá.
Se nós fôssemos mensurar o quanto custaria essa promoção gratuita da marca Belém que a gente está tendo, nós estaríamos falando em cifras superiores a centenas de milhares de dólares, centenas de milhões de dólares. Então, sem dúvida nenhuma, as nossas perspectivas são as mais ousadas possíveis, dado o sucesso que o turismo vem fazendo, o crescimento, o Pará no ano passado cresceu 50% no seu turismo no ano passado em relação ao ano anterior. E a nossa perspectiva é que esse ano cresça 100% em relação ao ano passado.
Então, para você ter uma ideia do que a gente espera para os próximos meses e para os próximos anos aqui em Belém e no Pará.
A gente viu a chegada de dois grandes navios de cruzeiro que estão ancorados aqui no Porto de Outeiro, em Belém, hospedando comitivas aqui para a COP 30. A gente pode esperar ver esses navios trazendo turistas? O Porto de Outeiro vai receber cruzeiros de navio?
Esse é um grande legado que o presidente Lula fez questão de vir entregar pessoalmente para a cidade de Belém. É o novo Porto de Outeiro, totalmente reestruturado, pronto para receber navios de transatlântico de várias tonelagens, de várias capacidades, de todas as partes do mundo.
Além do porto, do terminal portuário, o governo do Brasil construiu também um grande terminal de passageiros, não deixa nada a desejar os grandes terminais de passageiros portuários do planeta Terra, com área para alfândega, área para imigração, área para o trânsito das pessoas para embarque e desembarque dos navios. E a gente já iniciou as negociações com os grandes armadores, proprietários dos navios transatlânticos do mundo, para que Belém seja definitivamente incluída nas rotas, principalmente dos navios que descem do Hemisfério Norte na temporada para virem para o Hemisfério Sul e fazem a volta indo até o Uruguai e a Argentina.
Agora, muito se falou sobre a tal da crise da hospedagem em Belém, e a gente está vendo, está todo mundo acomodado, a cidade está dando conta perfeitamente. E essa expansão aí da capacidade de hospedagem da cidade também deve se refletir na melhoria para o turismo, ou seja, há uma aposta aí de que o turismo vai crescer e essa ampliação aí da capacidade de hospedagem vai permanecer?
Esse é mais um outro grande legado que está sendo deixado para a cidade, a ampliação da sua rede hoteleira, que já era uma rede que precisava ser ampliada. Durante muitos momentos do ano, a gente tinha a capacidade dos hotéis totalmente ocupados e o governo brasileiro, através do Fundo Getúlio, que é o fundo do Ministério do Turismo, investiu cerca de 350 milhões de reais nos últimos meses aqui para que novos hotéis fossem construídos, para que novos leitos fossem feitos em hotéis já existentes.
Então, a ampliação da rede hoteleira, inclusive com hotéis de cinco estrelas, hotéis de um luxo que é o público também que a gente quer trazer para cá, que é o que tem um ticket médio maior, é um importante legado. Mas você tocou num assunto muito importante, você falou da crise que havia sido levantada de hospedagem, primeiro que não iria ter leite, segundo que os leitos seriam muito caros. Somado a isso, Mariana, nós tivemos também que lutar muito contra informações de que as obras não ficariam prontas, que a cidade não estaria preparada, que não haveria infraestrutura adequada para receber todos que vinham para cá.
Tivemos que defender a realização dessa COP aqui em Belém, quando se levantaram pessoas que queriam dividir essa COP, queriam que a COP nem acontecesse aqui na cidade de Belém. Mas toda a equipe de governo do presidente Lula hoje está muito feliz, uma sensação de dever cumprido pelo que a gente está entregando para a ONU, pelo que a gente está entregando para as pessoas que estão vindo aqui discutir o câmbio climático, as mudanças climáticas e pelo que a gente fez na cidade de Belém. Eu, particularmente, como paraense, eu nasci aqui nessa cidade, eu estou talvez um pouco mais alegre, mais feliz que os outros membros da equipe do presidente Lula, porque participei desde o começo da construção, da formação de mão de obra, criamos aqui uma escola nacional do turismo, qualificamos cerca de 30 mil pessoas aqui em parceria com o governo do Estado, que estão aqui hoje falando inglês, francês, espanhol, conduzindo as pessoas, recebendo nos hotéis.
Eu, particularmente, estou muito feliz, muito satisfeito com o resultado de todo esse trabalho que a gente fez.
Para a gente encerrar, então, ministro, não dizer que a gente ficou só falando da sua cidade, Belém é uma porta de entrada para outros destinos na Amazônia, há uma expectativa de crescimento do turismo na Amazônia de maneira geral e que tipo de turismo é esse que o Brasil quer atrair para cá, é de brasileiros, é de estrangeiros, qual é o perfil desse turista?
Bom, o turismo na região norte do Brasil cresceu muito no ano passado e esse ano está superando o ano passado. A cidade de Belém, ela tem se transformado num hub, porque ela é a mais próxima da região norte da Europa e dos aeroportos no hemisfério norte, como Miami ou Nova Iorque.
Então, nós já temos em Belém vários voos internacionais, estamos negociando com outras companhias para terem novas rotas direcionadas a Belém. Belém tem voo direto para Macapá, Belém tem voo direto para Manaus e Belém pode ser assim um grande hub para trazer turistas nacionais e internacionais para virem convencer a Amazônia. E hoje, o mundo e os brasileiros estão com os olhos, como nunca tiveram antes, voltados para a Amazônia, para a região norte do país.
O turista que a gente quer trazer para cá é aquele turista que respeite a natureza, que queira conhecer a floresta da forma como ela é e que nos ajude a garantirmos perspectivas super melhores de desenvolvimento social, econômico, financeiro para os povos que vivem aqui, reconhecendo a nossa biodiversidade, reconhecendo a nossa economia criativa. É um turismo solidário, inclusivo, responsável e, sobretudo, sustentável.
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