Justiça

Gleisi diz que mudanças no PL Antifacção são 'presente' para o crime organizado

A ministra afirmou que as mudanças inviabilizam ações coordenadas contra a estrutura financeira das facções. Projeto foi enviado pelo Governo Federal ao Congresso para dar mais força ao Estado na repressão às organizações criminosas. Receita Federal também reagiu às alterações

Yara Aquino/Agência Gov
11/11/2025 09:32
Gleisi diz que mudanças no PL Antifacção são 'presente' para o crime organizado
Gil Ferreira/SRI - PR
Segundo a ministra, as mudanças inviabilizam ações coordenadas contra a estrutura financeira das facções, como a Operação Carbono Oculto

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que as mudanças feitas no Projeto de Lei Antifacção pelo relator, o deputado federal Guilherme Derrite, são “um presente” para as facções que atuam em todo o País por tirar a Polícia Federal do combate ao crime organizado e inviabilizar ações coordenadas contra a estrutura financeira das facções.

O projeto foi enviado pelo Governo Federal ao Congresso com a proposta de dar mais força ao Estado para reprimir as organizações criminosas que exercem controle de territórios e atividades econômicas. O texto amplia sanções e traz a figura da facção criminosa para a legislação.

As mudanças do relator Guilherme Derrite no Projeto de Lei Antifacção tiram a Polícia Federal do combate ao crime organizado. Isso é um presente para as facções que atuam em todo o País, inclusive no mercado financeiro, e que estão sendo enfrentadas com inteligência”, afirmou a ministra Gleisi Hoffmann em publicação em rede social.

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Segundo a ministra, as mudanças inviabilizam ações coordenadas contra a estrutura financeira das facções, como a Operação Carbono Oculto, e podem tumultuar os inquéritos e ações judiciais em andamento, porque alteram as competências da União e dos Estados, de forma inconstitucional.

“Na prática, as mudanças que o Secretário de Tarcísio de Freitas propõe, vão proteger a bandidagem e as facções, subvertendo totalmente o projeto enviado pelo governo do presidente Lula”, registrou Gleisi.

Terrorismo

Outro ponto negativo apontado por Gleisi na mudança feita pelo relator Guilherme Derrite é manter com outro nome a ideia de classificar facções como terroristas. Gleisi avalia que isso não resolve nada, mas é uma grave ameaça à soberania do País e das nossas empresas.

“Crime organizado se combate com ações conjuntas e coordenadas, com planejamento e inteligência, como propõe a PEC da Segurança Pública que o governo enviou em abril à Câmara dos Deputados e esse projeto de Lei Antifacção”, concluiu a ministra.

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Enfraquecimento da autoridade federal

Em nota, a Receita Federal também criticou as alterações. Segundo o órgão, elas abrem margem para interferência e enfraquecimento da autoridade federal comprometendo o esforço de atacar e desestabilizar a estrutura de financiamento das organizações criminosas.

“Preocupa a redação dada ao PL nº 5.582/2025 pelo relator, em que condiciona a atuação da Polícia Federal à provocação do Governador do Estado, o que abre margem para inaceitável interferência e enfraquecimento da autoridade federal”, registra a nota.

A Receita Federal afirma ainda que depende da atuação independente da Polícia Federal para, em cooperação com os demais órgãos de Estado, seguir adiante no esforço agir contra a estrutura de financiamento das organizações criminosas.

Confira a íntegra da nota da Receita Federal

 


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