Cultura

Margareth Menezes destaca democratização das políticas culturais

Fala faz parte da programação do Encontro do Programa Nacional dos Comitês de Cultura, realizado em Brasília

Agência Gov | via MinC
16/11/2025 20:14
Margareth Menezes destaca democratização das políticas culturais

De Onde Eu Venho: A cultura como lugar de (Re)existência. Esse foi o nome escolhido para o painel da ministra Margareth Menezes durante o Encontro do Programa Nacional dos Comitês de Cultura neste domingo (16). A conversa, mediada por Yuri Silva, marcou ressaltou o papel estratégico dos territórios, da memória e dos fazeres culturais na consolidação das políticas públicas do Governo Federal.

Diante de agentes territoriais, coordenadores, tutores e representantes de diversos estados, a titular da Cultura lembrou que o Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC) é resultado de um processo de construção coletiva e de fortalecimento das bases culturais do país. “A realização deste encontro é a concretização de um sonho coletivo, pensado para acender a luz da cultura em cada canto do Brasil. Cada agente aqui presente carrega uma força própria — e estamos de mãos dadas para materializar políticas públicas que cheguem de forma efetiva às pontas”, afirmou.

Em sua fala, ela traçou paralelos entre sua trajetória pessoal e o impacto da cultura na transformação social. Recordou o início da carreira artística, a vivência comunitária, o trabalho no território e o surgimento de iniciativas culturais que, mais tarde, estruturariam sua atuação como líder e gestora. A ministra também destacou as entregas dos últimos anos, como a implementação das Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2, o avanço na retomada do Sistema Nacional de Cultura e a reorganização administrativa do MinC. “Retomar o diálogo com o Brasil profundo é condição essencial para transformar realidades. As políticas culturais só existem porque há território, há saberes locais, há gente que faz cultura todos os dias”, reforçou.

O encontro segue ao longo de quatro dias com mesas temáticas, formações, debates, atividades culturais e oficinas que fortalecem o diálogo entre agentes territoriais e o Ministério da Cultura, promovendo intercâmbio, participação social e descentralização da política cultural. Para a secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura, Roberta Martins, reunir representantes de todos os estados mostra a dimensão histórica da construção da cultura no país. “Este encontro consolida redes, fortalece vínculos e nos permite pensar o futuro da política cultural brasileira de maneira coletiva, responsável e profundamente democrática”, reitera.

Salas temáticas e oficinas

Ao longo do dia, a programação do Encontro integrou conversas em salas temáticas e oficinas de formação voltadas a fortalecer a atuação dos agentes territoriais e dos Comitês de Cultura. As atividades reuniram participantes de todas as regiões do país e articularam saberes técnicos, comunitários, ancestrais e comunicacionais.

Na sala dedicada às Evidências das políticas territoriais, a diretora de Articulação e Governança do MinC, Desiree Tozi, apresentou indicadores do PNCC e destacou a importância da produção de dados para orientar os próximos passos do Programa. “Por meio dos indicadores, percebemos quais municípios têm mais demanda do setor cultural e podemos organizar e devolver essas informações de forma qualificada. Eles mostram quem queremos atingir e fortalecer”, ressaltou. A conversa contou também com representantes dos programas federais AgPopSus e Paul Singer, que compartilharam experiências de atuação territorial nas áreas de saúde e economia solidária.

A roda de conversa Onde o território fala: caminhos da comunicação popular discutiu o papel estratégico da comunicação comunitária na democratização da informação e na construção de políticas públicas. Os participantes ressaltaram a comunicação produzida nos territórios como ferramenta fundamental de participação social. Para Renato Souza, da rádio comunitária Utopia FM (Planaltina/GO), “a mídia tradicional não dita mais tudo”, reforçando que a organização comunitária amplia vozes e agendas próprias.

Outro debate relevante ocorreu na sala Democracia tem corpo e cor, onde a produtora cultural e representante da comunidade LGBTQIA+, Ruth Venceremos (Distrito Drag), convidou o público a refletir sobre preconceito, representatividade e os desafios enfrentados por segmentos historicamente excluídos. “Antes de pensarmos na interface entre corpo, gênero e democracia, é preciso reconhecer onde o povo tem sido impedido de participar. Estimular comitês, conselhos e eventos como este é também fazer democracia”, afirmou. A fala inspirou participantes como a agente territorial Diana Campos (MG), que celebrou a oportunidade: “É nesses momentos que percebemos a importância de viajar, conhecer e participar de eventos como este. Saio daqui mais empoderada”.

As oficinas também tiveram destaque na programação. A atividade de Videomaker Mobile, ministrada por Ana Luiza Aguiar e Caroline Menezes (Comitê de Cultura do DF), apresentou técnicas acessíveis de produção audiovisual a partir do celular. A formação abordou o uso de ferramentas como CapCut, roteirização com o método Aida, análise de vídeos produzidos pelos participantes e orientações práticas sobre captação e edição. Para Ana Luiza, “a comunicação precisa ser acessível, e hoje todo mundo tem um celular na mão. Ensinar essas ferramentas é facilitar que cada agente registre, divulgue e fortaleça o que acontece em seus territórios”.

Caroline destacou o impacto da oficina: “queríamos mostrar que essa ferramenta pode gerar transformação real. Eles podem impulsionar ações culturais, dar visibilidade ao território e contar suas próprias histórias. Saímos com a sensação de missão cumprida”. O encontro também proporcionou trocas entre participantes com diferentes níveis de experiência, reforçando a comunicação como campo de aprendizado contínuo.

Já a oficina O Bordado do Bumba Meu Boi como expressão de identidade e patrimônio cultural, ministrada por Evaldo da Costa, Pereira Júnior e Nadir Cruz (Comitê de Cultura do Maranhão), apresentou o bordado como prática ancestral e forma de expressão profundamente ligada à história do Bumba Meu Boi. A oficina uniu prática manual, oralidade e reflexão sobre simbologias que conectam tradições do catolicismo popular e das religiões afro-brasileiras.

Segundo Nadir Cruz, “o bordado é um ato de sentimento. Ao colocar cada miçanga, organizamos memórias, aprendizagens e a tradição que recebemos dos nossos ancestrais”. Ela celebrou a possibilidade de compartilhar o ofício com participantes de outros territórios: “Trazer esse saber para um encontro nacional amplia o conhecimento, fortalece a economia criativa e dá continuidade a um ofício de mais de 48 anos da minha vida”. A oficina reuniu uma sala cheia de participantes interessados não apenas na técnica, mas também na dimensão cultural e política do bordado.

Formação dos Escritórios Estaduais

Além das atividades abertas ao público, a Formação dos Escritórios Estaduais, conduzida pelo consultor e educador popular Gabriel Ribeiro, reuniu representantes de 25 unidades da federação. O encontro discutiu formas de compartilhar o conhecimento acumulado pelos escritórios e aprimorar a implementação das políticas culturais nos territórios. Gabriel apresentou o conceito de “patrimônio metodológico”, descrevendo-o como a lógica desenvolvida e aplicada em um território que pode ser adaptada e replicada em outros, ampliando a eficiência das ações públicas.

Mais de 660 horas de consultorias, distribuídas em quatro reuniões em cada estado, antecederam a atividade. Para Gabriel, o papel dos escritórios é central para o sucesso das políticas culturais recentes: “É impossível falar dos resultados da Política Aldir Blanc sem falar desses servidores. São eles que, no dia a dia, explicam cada tela, cada botão, fazem a escuta e ajudam a política a acontecer de verdade”, concluiu.

 

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