Lula diz que é preciso ter vontade política e coragem para concluir acordo Mercosul-União Europeia
A expectativa era que o acordo fosse assinado neste sábado (20), durante a reunião de cúpula do Mercosul, mas não houve resistência de países europeus. Nova data está prevista para janeiro. “Tínhamos, em nossas mãos, a oportunidade de transmitir ao mundo mensagem importante em defesa do multilateralismo", disse Lula.
Na abertura da 67ª Reunião de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, neste sábado (20/12), em Foz do Iguaçu (PR) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que sem vontade política e coragem dos dirigentes não será possível concluir a negociação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. A expectativa era que o acordo fosse assinado neste sábado, mas houve resistência da França e da Itália. Dirigentes da União Europeia manifestaram expectativa de ver o acordo aprovado em janeiro.
Tínhamos, em nossas mãos, a oportunidade de transmitir ao mundo mensagem importante em defesa do multilateralismo e de fortalecer nossa posição estratégica em um cenário global cada vez mais competitivo”, disse.
“Sem vontade política e coragem dos dirigentes não será possível concluir uma negociação que já se arrasta por 26 anos”, afirmou o presidente.
Lula disse que as negociações chegaram a um entendimento vantajoso para os dois lados, mas líderes europeus pediram mais tempo para discutir medidas adicionais de proteção agrícola.
“Desde 2023, trabalhamos para garantir que o acordo contribuísse para o desenvolvimento econômico do Mercosul, sem afetar políticas industriais e de incentivo à inovação e sem prejudicar setores sensíveis. Aceitamos a adoção de cotas a produtos agropecuários e o estabelecimento de um mecanismo de salvaguardas, resguardando nosso direito de reciprocidade”, afirmou.
Lula relatou que nesta sexta (19) recebeu carta dos presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu manifestando expectativa de ver o acordo aprovado em janeiro.
Leia a íntegra do discurso do presidente
Ele explicou que na última semana surgiu um problema com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que não tem relação com o acordo entre Mercosul e União Europeia, mas entre a própria União Europeia e que estaria prejudicando a Itália. Dessa forma, ela estava impedida de assinar o acordo com o Mercosul neste momento.
"Então, eu tive uma conversa por telefone com ela. Ela disse textualmente que no começo de janeiro ela estará pronta para assinar. Se ela estiver pronta para assinar e faltar só a França, segundo a Ursula von der Leyen e o António Costa, não haverá possibilidade de a França, sozinha, não permitir o acordo", contou o presidente Lula. Ursula von der Leyen e António Costa são, respectivamente, os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.
Parcerias comerciais
Aos integrantes do Mercosul, Lula disse que bloco seguirá trabalhando com outros parceiros e a exemplo do que ocorreu em setembro, quando foi firmado o acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio, a EFTA, um conjunto de países que soma um PIB de quase um trilhão e meio de dólares.
Ele relatou que neste semestre, durante a presidência pro tempore do Brasil no bloco, foi iniciada a discussão sobre a ampliação do acordo com a Índia, retomadas as tratativas com o Canadá e houve avanço nas negociações com os Emirados Árabes Unidos. Citou ainda negociações com o Japão e Vietnã.
Reunião de chefes de Estado
O encontro em Foz do Iguaçu marca o encerramento da presidência pro tempore brasileira do bloco, que foi caracterizada pelo fortalecimento das articulações políticas, econômicas e sociais entre os países da região e com parceiros externos. À frente do bloco, Brasil impulsionou o comércio intrarregional, fortaleceu a agenda ambiental e ampliou a dimensão social da integração sul-americana. A presidência agora será exercida pelo Paraguai.
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