Economia

'Haddad é meu ministro. E não vamos fazer ajuste fiscal em cima dos pobres', diz Lula

Presidente blinda ministro da Fazenda, assegura que enquanto for presidente ele não será enfraquecido e que não será refém de um sistema financeiro que domina a imprensa brasileira

Paulo Donizetti de Souza | Agência Gov
15/06/2024 10:40
'Haddad é meu ministro. E não vamos fazer ajuste fiscal em cima dos pobres', diz Lula
Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu categoricamente o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, como co-piloto de seu projeto de governo de inverter prioridades e de incluir os pobres no orçamento. "Eu não sou presidente de um ano e já vivi isso muitas vezes: estamos cada vez mais reféns de um sistema financeiro que praticamente domina a imprensa brasileira", lamentou, observando que a questão do déficit fiscal sempre tem muito mais destaque no noticiário do que os juros de 10,25% ao ano (percentual previsto pelo mercado até o final deste ano – a taxa Selic atual está em 10,5%), ante uma inflação inferior a 4%.

"Enquanto isso fazem festa para o presidente do Banco Central em São Paulo. Normalmente os que foram na festa devem estar ganhando dinheiro com a taxa de juros. Então, a questão econômica é coisa séria." As afirmações foram feitas durante entrevista coletiva concedidas neste sábado, em Puglia, na Itália, após encerramento de compromissos de trabalho na reunião do G7 (confira íntegra da entrevista no vídeo abaixo e a transcrição completa aqui)

Lula identificou uma campanha em andamento nos meios de comunicação e em alguns setores na tentativa de fragilizar o ministro Fernando Haddad em meio a dificuldades no Congresso de emplacar ações que melhorem a arrecadação do governo. Por exemplo, o fim das desonerações que diminuem as contribuições previdenciárias de 17 setores empresariais.

"O Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente da República. Ele é o meu ministro da Fazenda, escolhido e mantido por mim. Então, é o seguinte: se o Haddad tiver uma proposta, o que vai acontecer? Ele vai me procurar esta semana pra discutir economia comigo", resumiu. "E eu quero antecipar: a gente não vai fazer ajuste (fiscal) em cima dos pobres."

Lula disse que os que "ficam criticando os gastos do governo" são os mesmos que foram para o Senado pressionar pela manutenção da desoneração dos 17 setores. E responsabilizou parlamentares e os grupos empresariais a apresentarem uma alternativa. Isso porque o governo propunha uma reoneração gradual em até três anos, e o Supremo Tribunal Federal espera por um acordo em 45 dias para não acabar com essas vantagens fiscais de uma vez só. 

6ª economia, mas com ascensão social

O presidente lembrou aos jornalistas que seu o governo passou o primeiro ano construindo propostas para que o país consolide sua estabilidade de forma completa, em quatro níveis. "Nós fizemos o que ninguém esperava e que precisava ser feito. Fizemos a regulação do marco fiscal e aprovamos a reforma tributária. Nós estamos demonstrando a nossa seriedade de garantir estabilidade jurídica, estabilidade política, estabilidade econômica e estabilidade social. Isso está garantido", listou.

Ao reclamar que os opositores se preocupam mais com a questão dos gastos do que com os juros altos, criticou os que acham que é preciso piorar a saúde e a educação para acalmar os que se preocupam com o déficit fiscal. "Isso é feito há 500 anos no Brasil. Há 500 anos o povo pobre não participava do orçamento. Se não tem dinheiro, deixa o pobre pra lá. Isso não é possível", emendou. "Eu quero acabar com a pobreza neste país. Eu quer um país de classe média baixa, que possa comer, estudar, ir num restaurante usando terno, e ainda ir passear com sua família. É possível construir esse país."

Lula avaliou que ser um presidente que se preocupa com os pobres incomoda a elite e disse que "eu não acabo porque eu não sou eu, eu sou vocês, e represento as aspiração que uma parte do povo brasileiro tem". 

Reiterou que trabalha por uma ascensão social dos pobres e que é desse modo que pretende reconduzir o Brasil à posição se sexta economia mundial, voltando a elencar compromissos. "Presta atenção: a economia vai crescer mais do que todas as previsões; vamos continuar gerando empregos; vamos continuar fazendo parcerias com o setor privado para gerar investimentos; e vamos continuar investindo em saúde e educação, porque precisamos dar ao povo o respeito que ele merece". 

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Assista à entrevista inteira, em que Lula fez uma balanço da ida à OIT, da cúpula do G7 e abordou questões nacionais como as prioridades da economia e o PL do aborto:



 

 

 

 


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