Relações exteriores

Em balanço do G7 e fórum da OIT, governo vê crescer apoio a propostas do Brasil

Lula reiterou teses apresentadas pelo governo brasileiro de se construir uma nova governança global com foco na paz e no combate à pobreza e às desigualdades

Agência Gov | Via Planalto
15/06/2024 13:00
Em balanço do G7 e fórum da OIT, governo vê crescer apoio a propostas do Brasil
Ricardo Stuckert/PR
Lula recebe homenagem dos trabalhadores do G7, no Hotel Borgo Egnazia, em Puglia, Itália

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou neste sábado (15/6), em entrevista coletiva, um balanço de seus compromissos internacionais em Genebra, na Suíça, e em Borgo Egnazia, região de Puglia, na Itália, nesta semana. Na visita à Europa, Lula se reuniu com lideranças mundiais e de organizações internacionais, participou do Fórum Inaugural da Coalizão para Justiça Social da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e integrou as discussões da Cúpula do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).

O presidente constatou um apoio explícito do G7 às teses brasileiras de se construir uma nova governança global, com mudanças na forma de composição e de funcionamento das Nações Unidas. E também de se aprovar uma aliança global contra a fome e a pobreza na cúpula do G20, que ocorrerá no Brasil este ano.


Não é possível que você tenha meia dúzia de pessoas que têm mais dinheiro que o PIB da Inglaterra, que o PIB da Espanha, que o PIB de Portugal e que o PIB da Alemanha juntos. Não é possível. Não é possível que tão poucos tenham tanto dinheiro e muitos tenham tão pouco. É preciso dar um certo equilíbrio se a gente quiser acabar com a fome, se a gente quiser fazer justiça social nesse país"

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

“Convidei todos para entrarem na briga contra a desigualdade, contra a fome e a pobreza. Não é possível que você tenha meia dúzia de pessoas que têm mais dinheiro que o PIB da Inglaterra, que o PIB da Espanha, que o PIB de Portugal e que o PIB da Alemanha juntos. Não é possível. Não é possível que tão poucos tenham tanto dinheiro e muitos tenham tão pouco. É preciso dar um certo equilíbrio se a gente quiser acabar com a fome, se a gente quiser fazer justiça social nesse país”, destacou o presidente Lula sobre os encontros que teve durante a viagem.

Lula ressaltou que convidou os líderes com quem se reuniu durante a viagem para participar ativamente do G20, grupo de países que o Brasil preside atualmente, cuja Cúpula será realizada nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro. Antes disso, em julho, o governo brasileiro pretende lançar um programa de combate à fome e à pobreza no âmbito do G20. O presidente apontou que percebeu o entusiasmo dos dirigentes em participar do evento e pediu para que empresários também os acompanhem, com o objetivo de ampliar o comércio exterior.

“Tenho convidado os presidentes dizendo para eles: olha, eu gostaria que você fosse ao Brasil e que você levasse muitos empresários para a gente juntar com empresários brasileiros e fazer negociações, porque é preciso aumentar a rentabilidade de cada país, o comércio exterior, o fluxo da balança comercial. E quem trata disso é empresário, não é governo. O governo só abre a porta”, disse Lula. (Transcrição completa da entrevista aqui; vídeo a seguir.)

GOVERNANÇA GLOBAL — Outro assunto abordado pelo presidente foi a importância de uma governança global mais eficaz e inclusiva — tema discutido no G7 e que é um dos pilares do G20 sob a Presidência do Brasil. “Nós nunca andamos tanto no caminho certo como estamos andando agora sobre a necessidade de mudança na governança mundial em todos os aspectos, desde a composição do Conselho de Segurança, desde a participação dos vários continentes, até a questão do funcionamento das instituições de Bretton Woods, que hoje não funcionam. Hoje, o papel dessas instituições é sufocar os países e queremos que elas ajudem os países”, defendeu.

ACORDO UE — O presidente também informou que voltou a discutir o estabelecimento de um acordo entre a União Europeia e o Mercosul em encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. “Eu volto com otimismo de que nós, do Mercosul, estamos prontos para assinar esse acordo e estamos certos de que o acordo será benéfico para a América do Sul, para o Mercosul e para os empresários e governos da União Europeia”, enfatizou.

ENERGIA — Ainda entre os compromissos na Itália, Lula conversou com representantes da empresa italiana Enel, responsável pela distribuição de energia em partes dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, sobre a possível renovação do contrato de concessão do serviço. Lembrou que a empresa teve problemas que causaram apagões nas áreas em que atua, mas que agora se comprometeu a aumentar investimentos para melhorar a qualidade do serviço prestado. “A gente está disposto a renovar o acordo, se eles assumirem o compromisso de fazer investimento. E eles assumiram o compromisso. Em vez de investir R$ 11 bilhões, eles vão investir R$ 20 bilhões nos próximos três anos, prometendo que não haverá mais apagão em nenhum lugar em que eles forem responsáveis pela energia”, disse. A previsão é que na semana que vem Lula e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, decidam sobre a proposta de renovação do contrato com a empresa.

IMIGRAÇÃO – Antes da entrevista coletiva, na abertura do último dia de compromissos oficiais no G7, o presidente Lula teve reuniões com o chanceler da República Federativa da Alemanha, Olaf Scholz, e com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que foi quem o convidou para participar da Cúpula. Lula relatou à imprensa que convidou Meloni a visitar o Brasil para ter contato com os quase 30 milhões de descendentes de italianos que moram no país, bem como o líder alemão para participar da celebração do bicentenário da imigração alemã no Brasil. “Nós vamos completar 150 anos de imigração da Itália. E 200 anos da imigração da Alemanha. E nós também convidamos o governo alemão para se fazer presente na festa de comemoração, que vai acontecer em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul”, afirmou.

ECONOMIA — O presidente expressou, ainda, otimismo com a política internacional brasileira e com o futuro da economia. “Quero levar a economia brasileira a ser a sexta economia do mundo até o fim do meu mandato. Nós chegamos a ser a sexta em 2011, voltamos para 12ª e agora já somos a oitava”, declarou.

G7 — Na sexta (14), o presidente Lula discursou na sessão de trabalho do G7 sobre inteligência artificial, energia, África e Mediterrâneo. Em sua oitava participação em cúpulas do grupo, Lula propôs a criação de uma governança global de inteligência artificial, defendeu a tributação de super-ricos e destacou a importância de conduzir uma revolução digital inclusiva e enfrentar a mudança do clima com foco na dignidade humana. No mesmo dia, teve reuniões bilaterais com o presidente francês, Emmanuel Macron; com a representante da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen; com o premiê da Índia, Narendra Modi; com o presidente da Turquia, Recep Erdoğan; e com o Papa Francisco.

OIT — No lançamento da Coalizão Global para a Justiça Social, no âmbito da 112ª Conferência Internacional do Trabalho, na quinta-feira (13), o presidente enfatizou o compromisso com o direito dos trabalhadores em um cenário mundial complexo e marcado por transformações. A Coalizão é copresidida por Lula e pelo diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo. O líder brasileiro ressaltou que a iniciativa será ferramenta central para construir uma transição justa, com trabalho decente e igualdade, e para implementar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Na ocasião, além de se reunir com Houngbo, Lula teve encontro bilateral com a presidenta da Confederação Suíça, Viola Amherd.


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