Economia

Bancos de desenvolvimento são os mais adequados para lidar com desafios atuais

Diretor de planejamento do BNDES, Nelson Barbosa, diz que capital “paciente” e capacidade de coordenar são diferencias na transição climática e superação da pobreza

Agência Gov | Via BNDES
20/05/2024 18:52
Bancos de desenvolvimento são os mais adequados para lidar com desafios atuais
Fotos: Rossana Frag
Nelson Barbosa: os bancos de desenvolvimento têm de lidar com os efeitos do clima

A capacidade de coordenação e o capital “paciente” tornam os bancos de desenvolvimento “as instituições mais adequadas para lidar com os desafios desse século, tanto os desafios da superação da pobreza, de desenvolvimento da infraestrutura, quanto da transição climática”, defendeu nesta segunda-feira, 20, o diretor de Planejamento do BNDES, Nelson Barbosa.

O executivo representou o presidente do banco, Aloizio Mercadante, na abertura do encontro “Construindo Soluções Financeiras Sustentáveis: Um diálogo entre bancos públicos de desenvolvimento e o G20”. E lembrou a emergência enfrentada pelo Brasil no Rio Grande do Sul e apontou como instituições com as características do BNDES podem ser fundamentais.

“Será necessária uma linha de crédito especial para reconstrução. Já temos linhas para adaptação e mitigação e agora temos de pensar linhas para cuidar de perdas e danos, que, na literatura, chamamos de loss and damage. A realidade chegou, e os bancos de desenvolvimento têm de lidar com os efeitos do clima”, discursou Barbosa.

Segundo ele, o volume dos recursos e os prazos necessários em situações de catástrofes climáticas tornam inevitável uma participação mais ativa do governo. “O BNDES vai cumprir o seu papel, auxiliando na reconstrução, e esse é um desafio que nós colocamos aqui também para todos os outros bancos”, completou. Realizado na sede do BNDES, no Rio, o evento é uma das reuniões preparatórias para a cúpula de chefes de Estado do G20, que acontece em novembro sob a presidência do Brasil.

Componente da mesa, o presidente do Finance in Common (FiCS), Rémy Rioux, detalhou os objetivos do encontro: “É nossa responsabilidade trabalhar coletivamente para prover insumos para a presidência do Brasil no G20, sob a perspectiva da agenda financeira”, disse, elencando alguns dos temas que considera “questões críticas”.

 

RFF_7223Presidente do Finance in Common (FiCS), Rémy Rioux

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Entre elas, está a reforma da arquitetura financeira global. “As instituições do acordo de Breton Woods precisam ser reformuladas”, defendeu, referindo-se ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial (BIRD). Os organismos multilaterais surgiram na Conferência de Bretton Woods, no estado americano de New Hampshire, em 1944, com mais de 40 países, para reorganizar o sistema financeiro global em contexto de emergência da hegemonia americana, enquanto a Segunda Guerra Mundial caminhava para o fim.

Rémy, que preside o FiCS (coalização de bancos de desenvolvimento voltada à Agenda 2030 e ao Acordo de Paris) e é diretor-geral da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), assinalou ainda temas em que as instituições públicas de desenvolvimento são relevantes: “Faremos o melhor para encontrar soluções financeiras inovadoras para a resiliência climática e  infraestrutura resiliente. Também vamos tratar do mercado voluntário de carbono, para o qual temos muito a contribuir”.

O evento contou ainda com a participação da secretária de Relações Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, que aproveitou a ocasião para destacar algumas das prioridades do Brasil à frente do G20. “A presidência do presidente Lula prioriza a superação da pobreza, o financiamento à transição energética e a reforma do sistema global de financiamento”, resumiu.

Nesse sentido, o Brasil advoga uma aliança global contra a pobreza e uma força-tarefa para combater as mudanças climáticas. “Sabemos que não é fácil e que isso vem conjugado com esforços políticos e de financiamento”, ressaltou, ao defender iniciativas como a taxação dos super ricos. “É um tema que propomos para discussão e esperamos chegar a consenso no G20 para termos uma declaração nesse sentido este ano”, defendeu.

Ela disse ainda que as maiores economias do mundo têm papel a cumprir no desenvolvimento e organização do fluxo de recursos para a transição climática. No Brasil, lembrou, os bancos públicos de desenvolvimento estão conectados com o Plano de Transformação Ecológica liderado pelo Ministério da Fazenda, agenda que, por sua vez, perpassa não só a presidência do País no G20, mas também a COP 30, outro fórum internacional do qual o Brasil será protagonista em breve.

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