Lula na Bahia: 'Queremos fazer uma revolução de crédito nesse país'
Em entrevista a emissora de Feira de Santana, presidente ressalta importância do programa Acredita como estratégico da política econômica para sustentar o crescimento do Brasil
“Crédito para o companheiro que cata papel na rua fazer reciclagem, crédito para os pequenos e médios empreendedores, para o dono do restaurante, para o dono de loja e crédito para habitação. Queremos fazer uma revolução de crédito nesse país”. A afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira, foi durante entrevista à Rádio Princesa, de Feira de Santana (BA). O argumento sintetiza alguns dos objetivos do programa Acredita, em fase de implementação para permitir a pequenos empreendedores o crédito com taxas diferenciadas.
“Eu tenho certeza de que o programa Acredita será uma revolução creditícia nesse país. Se o país tiver crédito, vai para frente. É preciso crédito a juros barato para que o povo possa ter vontade de investir”, declarou o presidente. Lula ressaltou que o Governo acerta os últimos detalhes do programa apresentado em abril antes do início da disponibilização do crédito. “Ele só vai ser concluído em setembro porque são várias entidades. Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES, ministérios da Fazenda, Casa Civil, Meio Ambiente, SEBRAE... Como tem muito ministério, leva um tempo para a gente saber o que cada um vai fazer”, pontuou.
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Segundo o presidente, o acesso ao crédito beneficia também o setor da habitação. “Queremos uma revolução de crédito nesse país para que os trabalhadores que ganham um pouco mais e que não querem comprar uma (casa do) Minha Casa, Minha Vida possam comprar uma casa de 100 m², 150, 120, e vamos então disponibilizar crédito”.
Outro destaque do Governo Federal no apoio aos pequenos empresários, o programa Desenrola Pequenos Negócios registrou, em todo país, um volume financeiro de dívidas renegociadas de R$ 2,12 bilhões até 30 de junho. No total, cerca de 60.864 clientes foram beneficiados pela iniciativa, renegociando um número equivalente de contratos.
INFLAÇÃO – De forma casada com o crédito, o compromisso do Governo Federal com o controle de inflação também foi destacado por Lula durante a entrevista. “Inflação baixa, para mim, não é desejo, é obsessão. Por que sei que, quanto mais baixa a inflação, mais o trabalhador tem poder aquisitivo, mais o dinheiro dele rende. Isso é uma profissão de fé que carrego. A inflação tem que ser baixa, o governo precisa gastar corretamente, o governo tem que fazer coisas para que sobre dinheiro para investimento”, resumiu Lula.
SALÁRIO MÍNIMO – Uma terceira vertente das apostas econômicas do Governo Federal é a política de valorização do salário mínimo. Lula reafirmou que não pretende desvincular o aumento do salário mínimo da Previdência. “Não faço isso porque não é correto do ponto de vista econômico, do ponto de vista político, do ponto de vista humanitário. O mínimo é o mínimo. Não tem nada mais baixo. A gente tem a obrigação de recolocar a inflação, a reposição inflacionária. O mínimo é aquilo estabelecido por lei para que a gente garanta ao trabalhador a possibilidade de comer as calorias e as proteínas necessárias”.
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA - O presidente deixou claro, ainda que a recomposição do salário mínimo está também atrelada ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país. “Nós decidimos que, quando a economia cresce, é preciso que o resultado seja distribuído com o povo, com 203 milhões de pessoas”, disse. “Estabelecemos que a gente vai dar a reposição inflacionária mais a média do crescimento do PIB nos últimos dois anos. Estamos aumentando o poder de compra, de sobrevivência das pessoas mais humildes, que são quase 30 milhões de pessoas. Não tem por que a gente jogar nas costas deles. Se a gente estiver gastando de forma equivocada, temos que parar de gastar de forma equivocada. Eu quero aumentar a riqueza, a arrecadação, a distribuição, o bem-estar da sociedade brasileira”.
DESEMPREGO EM BAIXA – Lula lembrou que o desemprego recuou no Brasil e atingiu a menor taxa para um trimestre encerrado em maio desde 2014. “Os negacionistas diziam que o PIB ia crescer 0,8%: cresceu 3%. E agora vai crescer mais. O menor desemprego desde 2014 divulgado pela Pnad: 7,1% de desemprego. A massa salarial cresceu 11,7%. Um total de 87% dos acordos salariais que estão sendo feitos agora são acordos salariais com ganhos acima da inflação. Esse país encontrou o rumo. Vamos crescer, vamos continuar fazendo muito investimento em educação, em saúde, no desenvolvimento do país”.
COMBATE À FOME – Como consequência das políticas públicas retomadas e implementadas, o presidente citou avanços também no combate à fome. “A gente conseguiu tirar o Brasil do Mapa da Fome uma vez. Quando assumimos, o país andou para trás por responsabilidade do governo passado e voltou para o Mapa da Fome. Mas já tiramos 24 milhões e vamos zerar isso. Não quero ninguém com fome. Tenho as minhas guerras internas a fazer. A minha guerra é melhorar a vida do povo brasileiro. É ver as crianças bem estudadas, bem formadas”.
AGRONEGÓCIO – Ao analisar o agronegócio brasileiro, o presidente foi categórico: “O agronegócio hoje é responsável por grande parte da riqueza desse país e é importante que continue assim.” O presidente lembrou que o Governo Federal prevê lançar, nesta quarta-feira (3/7), o Plano Safra 2024/2025. Trata-se de um programa de apoio ao setor agropecuário que oferece linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas para produtores rurais, desde os agricultores familiares até os megaprodutores. O Plano Safra 2023/2024 , lançado no fim de junho passado, com recursos R$ 364,22 bilhões, foi o maior já apresentado no Brasil, com crescimento de 26,8% em relação ao Plano Safra anterior.
AMPLIAÇÃO DE MERCADOS - Lula também ressaltou o sucesso do trabalho realizado pelo governo no sentido de ampliar mercados internacionais para o agronegócio brasileiro. “Nesse um ano e seis meses (de 2023 para 2024), abrimos 145 novos mercados para a agricultura brasileira. Só a China abriu 38 possibilidades de exportação para 38 frigoríficos nacionais. A gente vai trabalhar para o negócio continuar crescendo, para que o pequeno e médio produtor continue crescendo e a gente vai trabalhar para a indústria brasileira voltar a crescer”.
ANÚNCIOS NA BAHIA – Ao se dirigir diretamente ao povo baiano, o presidente adiantou os destaques na agenda que cumpre no estado. “Estamos aqui para anunciar mais 1.075 casas novas. Anunciar a regularização para o pessoal: 4.853 famílias vão ter a terra regularizada e, dessas 4.853 famílias, 1.371 vão ter melhoria na sua casa”, afirmou. “Eu estou aqui para anunciar uma entrega de obra, quatro ordens de serviço e dois avisos de licitação. São R$ 2,8 bilhões de investimentos para a gente melhorar as condições de deslocamento rodoviário na nossa querida Bahia”, continuou Lula.
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