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Governo vai usar IA para oferecer vagas de emprego a quem precisa, diz Luciana Santos

Esta é uma das aplicações práticas que a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação citou, ao dar detalhes do Plano Nacional de Inteligência Artificial, que prevê investimentos de R$ 23 bilhões

Eduardo Biagini | Agência Gov
01/08/2024 11:20
Governo vai usar IA para oferecer vagas de emprego a quem precisa, diz Luciana Santos
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Luciana Santos: "O plano pode melhorar a vida do povo brasileiro, num processo de inclusão e de soluções na saúde, na educação, e por isso mesmo ele precisa ser brasileiro"

Uma inteligência artificial que inclua a população, seja brasileira e que garanta autonomia. O primeiro Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) foi um dos temas abordados pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, durante o programa Bom Dia, Ministra desta quinta-feira (1º/8), transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). O plano foi apresentado e entregue ao presidente Lula na terça-feira (30/7) durante a abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI).

Como exemplo de inclusão e do impacto da inteligência artificial na vida dos brasileiros que mais precisam, a ministra citou uma das 31 ações do PBIA que está em curso: em uma parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, dados do Sine (Sistema Nacional de Emprego), que tem informações sobre a oferta de emprego, estão sendo cruzados com os do CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal), para indicar ofertas de emprego a beneficiários do Bolsa Família.


“Ela (pessoa beneficiária do Bolsa Família) não necessariamente vai buscar aquele dado naquele local. Então você tem que ter uma proatividade. Então você vai dizer: ‘Olha, tem ali uma oferta de emprego que se identifica com seu estágio de formação’. Ou então você diz: Olhe, tem aqui um conjunto de pessoas que pode rapidamente de habilitar para aquela determinada oferta de emprego. Então essa integração que está ocorrendo através da inteligência artificial”, explicou


A ministra afirmou que o plano vai trazer soluções para incluir mais brasileiros, além de trazer oportunidades de emprego, o que vai demandar capacitação profissional.


"O nosso plano procura antes de tudo ser um programa que faça o bem para todos, porque como todas as novas tecnologias, elas podem ter riscos e podem ter oportunidades e, por óbvio, nós vamos nos agarrar nas oportunidades. Então ele pode melhorar a vida do povo brasileiro, num processo de inclusão e de soluções na saúde, na educação, e por isso mesmo ele precisa ser brasileiro, porque nos temos muitas soluções de IA, mas elas são de fora, inclusive nem a nossa língua fala, a ponto de que se a gente for no Google e perguntar quem desenvolveu, inventou o avião, vai estar lá os irmãos Wright. E na verdade foi o Santos Dumont, brasileiro".

"Então a linguagem de fora ela traz vieses, traz contradições, e por isso mesmo nós queremos ter uma linguagem própria, uma linguagem em português, que é um grande desafio, que não existe disponível, porque nós mesmos é que temos que aplicar. Nos temos que enfrentar a dimensão no impacto do emprego, porque ele vai acontecer, e por isso mesmo o plano existe para dar respostas a isso. Para poder focar aonde terá maior impacto no emprego, para capacitar e, ao mesmo tempo, apontar novas oportunidades de emprego, porque virá uma cadeia produtiva também", afirmou Luciana Santos


O plano prevê R$ 23 bilhões em investimentos entre 2024 e 2028, com recursos de fontes como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e setor privado.

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Dividido em cinco eixos (Infraestrutura e Desenvolvimento de IA; Difusão, Formação e Capacitação; IA para Melhoria dos Serviços Públicos; IA para Inovação Empresarial e Apoio ao Processo Regulatório e de Governança da IA), o PBIA tem como objetivo equipar o Brasil com infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento, incluindo um dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo, alimentada por energias renováveis.

O que é inteligência artificial? - “Esse é um debate que o mundo todo faz e existe uma verdadeira corrida tecnológica para garantir o domínio dessa tecnologia. A inteligência artificial é um sistema na área de tecnologia da informação que reúne dados e que precisa ter infraestrutura de computadores para poder ter a capacidade de armazenar, sistematizar e, ao mesmo tempo, apresentar soluções para muitos desafios, desafios do cotidiano das pessoas. Então porque se chama inteligência artificial? O que a gente bota no computador é a inteligência humana. Agora o processamento, a velocidade e a capacidade e reunir os dados é através de modelos matemáticos, de algoritmos. E por isso que chama inteligência artificial, mas na verdade é a inteligencia humana dentro de uma máquina que processa muito mais rapidamente para diversas áreas, tudo que alguém depositou na estrutura do computador”, explicou a ministra.

CNCTI

Durante o bate-papo com radialistas de várias regiões, Luciana Santos aproveitou para dar um balanço da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que termina nesta quinta-feira.

A ministra informou que para se chegar até a conferência nacional foram necessários mais de 200 eventos, entre conferências municipais, estaduais, regionais, temáticas e livres, com a participação de mais de 100 mil pessoas, seja de forma presencial ou online. “Era uma demanda reprimida. As pessoas não se sentiam participantes da construção da política pública nacional. Há 14 anos não existia a conferência nacional. É a expressão de um tempo muito distante da tomada de decisões, de formular política pública, de demonstrar o que está sendo feito. Então é o momento de um congraçamento do nosso Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, que é muito respeitado. Eu digo isso porque estão lá os indicadores que são globais. Nós somos o 13º país do mundo em produção científica. Isso revela a força da inteligência brasileira. E nós respeitamos muito isso. Por isso que a conferência foi riquíssima”, disse a ministra.

Segundo a ministra, todas as participações de áudio, vídeo e texto dos encontros preparatórios foram compiladas em dois E-books com a ajuda da Inteligência Artificial. Os documentos vão auxiliar a montar a Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia para os próximos 10 anos. Os e-books podem ser consultados no site da conferência.

Assista à íntegra do Programa Bom Dia, Ministra


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