Governo Federal inaugura placa de memória no Parque Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga
Projeto do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania sinaliza lugares de memória da presença de africanos escravizados no Brasil
Um ato histórico, no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, marcou as celebrações do Dia da Consciência Negra. O governo federal inaugurou, no local, no último sábado (23), mais uma placa de memória para lembrar os africanos escravizados no Brasil. O projeto integra uma iniciativa conjunta entre os Ministérios dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Igualdade Racial, da Cultura (MinC) e da Educação (MEC), que pretende sinalizar 100 locais em todo o país. A primeira placa foi inaugurada no Cais do Valongo, em novembro do ano passado.
A Coordenação-Geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas (CGMET), do MDHC, participou da solenidade, a qual classificou um passo significativo para a valorização da história africana no Brasil.
“Este projeto não só homenageia os que vieram antes, mas também educa as futuras gerações sobre a importância de reconhecer e celebrar a diversidade cultural do país”, explicou a coordenadora da área, Fernanda Thomaz.
Segundo ela, a iniciativa é parte do compromisso assumido pelo governo federal em reconhecer e valorizar a história dos africanos escravizados no Brasil. As placas, para a coordenadora do MDHC, são símbolo da resistência dessas pessoas contra as violações que sofreram.
“Este evento é fundamental para resgatar a memória da luta contra a escravidão e reforçar a importância da igualdade. A instalação da placa visa promover a educação sobre a contribuição dos africanos para a construção do nosso país”, lembrou a gestora.
A relevância histórica da instalação da placa na Serra da Barriga, em Alagoas, foi enfatizada pela coordenadora da CGMET como uma referência à “memória da existência de um quilombo que na verdade lutou contra a escravização e a escravidão”.
Para o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge, que também participa da iniciativa, o projeto é uma forma de reparação. “Precisamos entregar o Brasil aos brasileiros. Está entregue aqui, para o nosso povo, a comemoração do 20 de novembro que caminha para os 330 anos no próximo ano”, constatou.
Quilombo dos Palmares
O Parque Memorial Quilombo dos Palmares está localizado na região do sítio arqueológico da Serra da Barriga, em Alagoas. A região abrigou, no início do século XVII, africanos escravizados. Conforme registros históricos, Zumbi e Dandara teriam sido as últimas lideranças locais e, por isso, se tornaram ícones da resistência negra à escravidão. Desde o final do século XX, 20 de novembro, dia da morte de Zumbi, foi transformado em Dia Nacional da Consciência Negra.
Dia Nacional
Na mesma cerimônia, o governo federal também realizou o descerramento da placa alusiva ao Dia Nacional da Consciência Negra, que remete à luta e aos desafios enfrentados pela população negra. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, salientou a importância do evento, afirmando que a data representa uma conquista histórica e um reconhecimento das lutas passadas. "Nossas conquistas são sempre à base do sangue derramado e da coragem das pessoas que buscam nossos direitos", declarou.
Sinalização de memória
O projeto de Sinalização e Reconhecimento de Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil é uma iniciativa do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em conjunto com o Ministério da Igualdade Racial, o Ministério da Cultura (MinC) e o Ministério da Educação (MEC). O objetivo é dar visibilidade à história e à memória da matriz africana no Brasil, reconhecendo 100 locais de importância histórica para a resistência africana. A inauguração da placa na Serra Barriga fez parte da agenda de celebrações pelo 20 de novembro.
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