Mundo não vai enfraquecer o multilateralismo por causa de Donald Trump, diz Paulo Pimenta
Ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência acredita que os fóruns internacionais, como o G20, vão se fortalecer, apesar de negacionismo do presidente eleito dos Estados Unidos
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, acredita que a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos vai gerar dificuldades para o avanço das demandas multilaterais em debate no mundo, como as mudanças climáticas. Mas não vai detê-las.
"O mundo não vai parar por causa do Trump. Nós não vamos ficar reféns dos Estados Unidos. Os fóruns internacionais vão se fortalecer", disse o ministro, em entrevista ao programa "Giro Social", do Canal Gov/EBC, transmitido ao vivo do G20 na manhã deste sábado (16).
Indagado sobre os obstáculos que o negacionismo climático de Trump vai gerar, Pimenta afirmou que o estágio atual dos debates vai superar a posição política do futuro mandatário estadunidense.
"Eu acho que é muito difícil, até mesmo para os Estados Unidos, para o Donald Trump, ignorar isso (mudança climática), porque há uma tendência mundial que, a cada vez mais, essas questões interfiram nos aspectos relativos às exigências de mercado. Mesmo conglomerados econômicos dos Estados Unidos terão muitas dificuldades para fazer seus produtos circularem em outras regiões do planeta, se não se adaptarem às exigências climáticas. Independente do Trump. Você acha que os grandes grupos americanos vão ignorar essas exigências?", disse o ministro.
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Pimenta também falou sobre a reivindicação brasileira pela ampliação e reforma de instituições internacionais, como a ONU. "É possível discutir o futuro da humanidade sem que a África tenha um espaço de relevância? Sem que a América do Sul tenha um espaço de relevância? A América Latina como um todo? É evidente que não". Na opinião do ministro, o clamor por uma nova governança global cresce, mais países estão aderindo e a proposta deve sair fortalecida do G20 no Brasil.
O titular da Secom foi questionado ainda sobre a necessidade de regulação das plataformas digitais, como forma de conter o extremismo de direita e as tramas antidemocráticas. Pimenta afirmou ser importante que cada país construa suas legislações, mas que isso não será suficiente. "Eu acho que a gente não vai ter uma solução para este tema com debate individual em cada um dos países. Precisamos acumular na direção de termos protocolos internacionais. E isso já está acontecendo. É difícil imaginar que legislações locais possam ser suficientes". Ele disse acreditar que, pela primeira vez, o G20 vai produzir uma resolução específica sobre este tema.
Sobre a proposta brasileira de criar um tributo internacional para os super-ricos, com o objetivo de financiar o combate à pobreza e à fome, assim como elevar a contribuição monetária de países desenvolvidos para as questões climáticas, Pimenta afirmou que este é o único caminho.
"Eu não vejo outra forma de financiar políticas públicas de combate à fome e às desigualdades no mundo, e também em relação às mudanças climáticas, sem que aqueles que mais ganharam com isso, sem que os países mais ricos possam, de alguma forma, pagar a maior parte dessa conta", disse.
Assista à entrevista completa
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