Terras indígenas devem ser protegidas e receber financiamento climático, defende Funai na COP29
As terras indígenas devem receber financiamento climático condizente com os esforços dos povos indígenas para a proteção e preservação do meio ambiente. Foi o que defendeu a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, na COP29, durante participação em evento a convite do Instituto Talanoa e da organização de advogados de mudanças climáticas na América Latina, LACLIMA. O evento, realizado na quarta-feira (13), teve como objetivo debater a justiça climática. Joenia ressaltou a importância da Funai no processo de enfrentamento às mudanças climáticas.
“O financiamento climático deve ser um processo de fácil acesso para que chegue àqueles que já realizam ações de proteção ao meio ambiente, como os povos indígenas. Além disso, a Funai, que é o órgão governamental com a missão de demarcar e proteger as terras indígenas, deve ser reconhecida como um órgão estratégico neste processo e ser fortalecida”, pontuou Joenia Wapichana.
A Funai destacou que as vozes dos povos indígenas devem ser ouvidas nos processos de negociações nas COPs, considerando os conhecimentos tradicionais e as práticas de manejo sustentável utilizados por esses povos que contribuem de forma significativa para a preservação ambiental. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), os indígenas representam 5% da população mundial e são responsáveis por proteger 80% da biodiversidade do planeta.
A Funai ressaltou ainda que a crise climática é uma realidade que não vai retroceder. Por isso, é necessário que o financiamento climático seja visto como um investimento permanente e não como uma despesa. A autarquia indigenista defendeu ainda a participação da sociedade nas discussões sobre o tema, de repercussão e impacto global, em especial dos povos indígenas, que historicamente são guardiões das florestas e da biodiversidade.
Neste contexto, a Funai reforçou também a importância da demarcação, gestão e proteção dos territórios indígenas como um mecanismo de mitigação dos efeitos climáticos extremos. Isso porque os povos indígenas possuem uma conexão espiritual com a terra que tradicionalmente ocupam, o que os leva a adotar um modo de vida sustentável em harmonia com o meio ambiente. Assim, as terras indígenas protegidas têm se tornado verdadeiras ilhas de vegetação nativa em meio a áreas degradadas e contribuído para o sequestro de carbono e enfrentamento às mudanças climáticas.
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