Lula no G7: 'Belém será teste para líderes globais mostrarem compromisso com o futuro'
Na sessão ampliada da Cúpula no Canadá, presidente convidou chefes de algumas das maiores economias mundiais para a COP 30 e defendeu aumento do financiamento climático

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a sua participação na sessão ampliada da Cúpula do G7 nesta terça-feira, 17 de junho, no Canadá, para convidar os outros líderes presentes na reunião para participarem da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). O evento ocorrerá em Belém, no Pará, em novembro deste ano.
“Conto com a participação de todos os presentes na COP 30 em pleno coração da Amazônia. Belém será um teste para os líderes globais mostrarem a seriedade de seu compromisso com o futuro das pessoas e do planeta”, ressaltou Lula. Uma das autoridades que já confirmou presença na Conferência foi o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney.
O governo brasileiro planeja lançar, em Belém, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, com o objetivo de remunerar os serviços ecossistêmicos que os países em desenvolvimento que têm florestas oferecem ao planeta. “Estamos desenvolvendo uma ferramenta que nos permitirá proteger esses biomas por meio de incentivos positivos, sem recorrer a medidas punitivas”, disse o presidente, referindo-se à iniciativa a ser lançada na COP 30.
Lula reforçou a importância de os países estabelecerem metas ambiciosas para impedir que o aquecimento global supere 1,5 grau. Nesse sentido, o Brasil tem a meta de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa entre 59% e 67% até 2035 em todos os setores econômicos.
Países endividados não dispõem de meios para transformar suas matrizes energéticas. Instrumentos como a troca de dívida por desenvolvimento e a emissão de direitos especiais de saque podem mobilizar recursos valiosos”, declarou Lula.
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FINANCIAMENTO — Considerando que uma transição energética inclusiva exige muitos recursos, o líder brasileiro demonstrou preocupação com a escassez de financiamento. “Às promessas não cumpridas somam-se cortes e retrocessos deliberados. O Protocolo de Kyoto foi um símbolo do nosso fracasso coletivo. Os cem bilhões de dólares anuais previstos na COP15 de Copenhague jamais foram atingidos. Em 2024, países ricos reduziram em 7,1% sua Ajuda Oficial ao Desenvolvimento. No ano passado, saímos da COP de Baku com resultados decepcionantes. Por meio do mapa do caminho Baku-Belém, a presidência brasileira da COP 30 e o Azerbaijão estão trabalhando para reverter esse quadro”, afirmou.
COOPERAÇÃO — Na sessão ampliada da Cúpula do G7, Lula também enfatizou que a cooperação tributária internacional é necessária para a redução de desigualdades. Nesse contexto, ele apontou que taxar 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar 250 bilhões de dólares ao ano para enfrentar os atuais desafios sociais e ambientais.
“Os membros do G7 detêm mais de 40% do poder de voto no Banco Mundial e no FMI. Tornar essas instituições mais representativas é crucial para aproximá-las das necessidades do Sul Global. Países endividados não dispõem de meios para transformar suas matrizes energéticas. Instrumentos como a troca de dívida por desenvolvimento e a emissão de direitos especiais de saque podem mobilizar recursos valiosos”, declarou Lula. Ele defendeu, ainda, a desburocratização do acesso a fundos climáticos e o fomento a mecanismos inovadores.
SOBRE O GRUPO — O G7 foi criado em 1975, por iniciativa do presidente francês Valéry Giscard d’Estaing, com o objetivo de reunir os países mais industrializados do mundo à época para tratar de questões de política econômica de interesse comum. Em 2025, o grupo completa 50 anos de existência. Atualmente, os países-membros são Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, bem como a União Europeia.
O Brasil mantém com os membros do G7 coordenação sobre temas da agenda internacional, seja de forma bilateral, seja no âmbito do G20 e de organismos internacionais nos quais o Brasil e os membros do grupo interagem.
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