Fórum Empresarial do Brics aponta caminhos para crescimento e integração do Sul Global
Colaboração entre o poder público e iniciativa privada é posta como fundamental para celeridade do crescimento econômico e desenvolvimento social sustentável

Com diálogo e ação coordenada entre governos e empresas, há possibilidade de transformar desafios em soluções compartilhadas. Esta é a visão que traduz o Fórum Empresarial do Brics, evento que ocorre no Rio de Janeiro (RJ), e é último, no escopo de atividades complementares a agenda do grupo, a receber o presidente Lula antes da Cúpula dos Líderes, que começa no domingo (6/7).
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O encontro com autoridades de governo, especialistas e o empresariado do Sul Global, coloca na mesa os temas de comércio internacional e segurança alimentar; transição energética e descarbonização; economia digital e desenvolvimento de habilidades; e financiamento e inclusão financeira. No último ano, enquanto o mundo cresceu 3,3%, os países do Brics registraram uma expansão média de 4%. Um dado que é termômetro das capacidades econômicas dos países em desenvolvimento no cenário atual, os quais, em conexão, podem expandir ainda mais seu desempenho na economia global.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, apresentou dados que corroboram neste sentido, e sublinhou que, com a entrada dos novos países membros e parceiros, com mercados expressivos, as oportunidades de parcerias e investimentos são ampliadas. A CNI, que coordena o Conselho Empresarial do BRICS (Cebrics) e a Women's Business Alliance (WBA), é a organizadora do evento.
“Em 2023, com os últimos dados disponíveis, o comércio intra-grupo do Brics movimentou cerca de 1 trilhão de dólares, correspondente a 20% do valor exportado e 30% do total importado pelos países que compõem o grupo. Por isso, o fortalecimento da cooperação é indispensável para a ampliação da integração produtiva”, colocou Alban, que ainda apontou ser este um volume de trocas pequeno, quando comparado com as potencialidades de um aprofundamento da articulação econômica.
O presidente Lula foi ao encontro do empresário, ao também destacar o grupo como um polo aglutinador de economias complementares, prósperas e dinâmicas. Indo além, Lula frisou que o vínculo entre paz e desenvolvimento é evidente, e que o reforço do multilateralismo é peça fundamental ao sucesso das economias do Sul Global.
Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional. O Brics segue como fiador de um futuro promissor. O combate às desigualdades fortalece mercados consumidores, impulsiona o comércio e alavanca investimentos”, disse o presidente
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Quem compôs a mesa de abertura em nome dos países parceiros do grupo foi o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, que fortaleceu o apelo por um multilateralismo revigorado, no tom de que uma maior aproximação entre países do Sul Global não significa o fim de laços comerciais com o Norte. “Hoje nós temos lideranças políticas com essa visão e temos uma comunidade empresarial forte. Acredito que essa colaboração com mulheres, jovens, o governo, o setor privado, a sociedade civil, fará diferença”, também postulou o primeiro-ministro.
Mulheres
Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), apenas 15% das empresas que atuam internacionalmente são lideradas por mulheres, um dado que, no recorte do Sul Global, não é muito distinto na desproporcionalidade de cadeiras femininas na alta hierarquia dos negócios privados. Desta forma, é que a WBA, neste ano, trabalhou sob o lema “Construindo Pontes Globais: Mulheres Fortalecendo as Fronteiras Econômicas do BRICS”, como foco na promoção de negócios; desenvolvimento de recomendações políticas, elaboração de projetos de cooperação e integração dos novos membros.
Mônica Monteiro, chair da WBA, apresentou que, de acordo com relatório da McKinsey Institute, a equiparação entre homens e mulheres no mercado de trabalho pode adicionar mais 28 trilhões de dólares no Produto Interno Bruto (PIB) global de 2025. "Nós, mulheres, ainda enfrentamos barreiras com falta de crédito, falta de rede, falta de acesso às grandes cadeias globais, mas como já disse em outras oportunidades, nós já estamos prontas”, ela finalizou.
Ao fim do dia, acontece a cerimônia de premiação do "Brics Women's Startup Contest", um esforço conjunto do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Aliança, o qual recebeu mais de mil inscrições internacionais. As 18 finalistas já estão no Rio de Janeiro desde o início do mês, onde participam de missão técnica que inclui visitas a hubs de inovação e apresentação de seus projetos para investidores e líderes empresariais.
COP 30
Já na reta final dos acordos entre países do Brics durante a presidência brasileira, os olhares se tornam ainda mais atentos ao próximo evento internacional que o Brasil recebe este ano, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30). Sob essa perspectiva, a CNI lançou o Sustainable Business COP 30 (SB COP30), iniciativa que busca garantir um papel estruturado e influente do setor privado nas negociações climáticas globais.
"Trata-se de uma iniciativa inspirada em mecanismos como o grupo de engajamento Business 20, que coordenamos no G20 Social no último ano, e o próprio Conselho Empresarial do Brics. Isto enriquece o diálogo com nossas lideranças políticas e apoia a construção de medidas práticas para caminharmos rumo ao desenvolvimento comum", explicou Alban, que compreende que a maior parte dos compromissos assumidos durante a COP são de responsabilidade da iniciativa privada.
O trabalho será realizado por meio de setes eixos estratégicos, conduzidos por líderes empresariais de expertise e reconhecimento internacional. A partir do direcionamento e mediação dos líderes, cada grupo definirá temas prioritários para as discussões.
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