Haddad afirma que está otimista com parceria anticrime com os EUA
Ministro da Fazenda se reuniu nesta quinta (4/12) com encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil e debateu proposta de cooperação para sufocar financeiramente o crime organizado internacional
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se nesta quinta (4/12) com Gabriel Escobar, encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, e disse a jornalistas que saiu "animado" com as perspectivas de os dois países estabeleceram cooperação permanente e "eficaz" para sufocar o crime organizado a partir da captura dos bens e transações financeiras das facções que têm presença internacional.
"Eu saí muito animado da conversa, porque eu senti entusiasmo da parte dele, eu senti realmente que ele está otimista", afirmou Haddad a jornalistas, após a reunião. O encontro com o representante do governo dos Estados Unidos ocorre depois de telefonema em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs cooperação no combate ao crime ao presidente Donald Trump, na semana passada.
"Eles [Lula e Trump] conversaram, o presidente ficou de mandar um documento, foi um telefonema, nós mandamos o documento, e como consequência do documento, a embaixada fez contato para nós avançarmos e com muito boas notícias de que o interesse na proposta brasileira é muito grande, de cooperação", explicou Haddad.
Segundo o ministro, o Governo do Brasil entregou uma carta com propostas e que os próximos passos se darão para que os canais oficiais se consolidem, inclusive para evitar questionamentos de ordem legal ou burocrática.
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"Eu pude adiantar alguns detalhes das investigações que estão sendo feitas no Brasil e que envolvem fundos constituídos nos Estados Unidos", disse Haddad. "Também falei das grandes possibilidades que nós temos com a integração no Brasil da Polícia Federal, da Receita Federal, com as parcerias que estão sendo feitas com os Ministérios Públicos e Estaduais, que a integração está acontecendo de maneira satisfatória e que se eles se integrassem a nós nesse contexto", completou.
Eu penso que nós poderíamos potencializar a ação de combate, não apenas a lavagem de dinheiro, mas como esse dinheiro acaba chegando nas facções, que é uma preocupação muito grande deles", previu Haddad.
Brasil quer parceria em termos próprios
Em resposta a um jornalista, Haddad informou a Escobar que acordos que os Estados Unidos mantêm com o México nessa área não seriam aplicáveis ao Brasil. "Eu falei que a situação do Brasil é muito diferente da mexicana, que não havia como comparar a situação, mas que nós tínhamos condição de fazer uma parceria adequada, mas em termos que respeitassem a condição do Brasil hoje, que é muito diferente da mexicana", disse.
"Se nós não nos fixarmos por cima, as facções vão continuar operando. Então, nós temos que fazer um trabalho conjugado, para que esse dinheiro não irrigue as facções, como tem acontecido no Brasil e em outros países da América Latina. Nós queremos criar um canal de comunicação, assim que o contêiner chega dos Estados Unidos, com peças de fuzil ou com fuzis, nós vamos informar uma autoridade competente lá que vai cuidar dos assuntos brasileiros, para saber quem exportou, por que exportou, para quem exportou, se houve participação do exportador, se houve uma operação dentro do porto para colocar as peças dentro do contêiner, mas você começa a combater imediatamente esse tipo de coisa".
Hora de agir
Haddad acrescentou que a parceria pretendida precisa ir além das possibilidades propostas formalmente, inclusive de acordos e leis já existentes.
"Que essa relação deixe de ser uma relação formal, burocrática, para ser eficaz, ela tem que produzir, o acordo aqui é assim, nós temos que produzir resultados, não adianta só uma política de boa vizinhança, nós temos que produzir resultados".
Perguntado sobre informações que ainda precisariam ser levantadas para a construção da parceria, Haddad comentou:
"A nossa carta já faz menção das várias possibilidades. E da leitura dos documentos que nós vamos mandar para eles, já vai ficar claro o que nós temos que fazer, porque estão identificados os problemas, não estamos pesquisando o que está acontecendo, não sabemos o que está acontecendo, então chegou o momento de agir, não é mais assinar documentos, é agir".
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