Missão do G20 Social é propor e cobrar respostas aos problemas atuais do dia a dia das pessoas
Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, fala sobre os temas prioritários da sociedade civil na estreia do programa 'Giro Social'
O G20 Social, que começa nesta quinta-feira (14/11) no Rio de Janeiro (RJ), deve auxiliar governos do mundo inteiro a realizar ações a favor da população. O assunto foi tratado pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, na estreia do programa Giro Social, nesta quinta, transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
O evento inédito ocorre até o dia 16 de novembro, antes da cúpula dos chefes de estado do G20, nos dias 18 e 19, ambos no Rio de Janeiro. Desde dezembro do ano passado, o Brasil está na presidência temporária do grupo, que reúne os 19 países dos cinco continentes com as maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana. O grupo agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% da economia global e 75% do comércio internacional.
O G20 desempenha um papel importante na definição e no reforço da arquitetura e da governança mundiais em todas as grandes questões econômicas internacionais. A ideia é que com o G20 Social a população dos países integrem as discussões.
“Eu fico me perguntando como é que o cidadão que está lá no Brasil profundo, que é de onde eu vim, ou que está nas favelas, ou que está nos campos, nos diversos biomas brasileiros, como que ele está vendo o G20, o G20 Social? Se nós conseguirmos colocar na pauta das decisões dos chefes de Estado o que a população sente, eu acho que nós vamos ser bem-sucedidos”
“Eu imagino uma pessoa que está na favela e diz: ‘Mas o que é mudança climática?’ E ela não sabe que as mudanças climáticas, muitas vezes, promovem as enchentes, as enxurradas, os deslizamentos, o esquentamento dos seus barracos, das suas casas. Então isso está presente no dia a dia das pessoas. A fome é algo que infelizmente ainda é uma chaga que assola o mundo e que assola o Brasil”, afirmou o ministro
Na presidência do G20, o Brasil definiu três assuntos prioritários a serem discutidos: o combate à fome, à pobreza e à desigualdade; a mudança climática e o enfrentamento da questão ambiental com transição justa para um desenvolvimento sustentável; e a reforma da governança global.
“O presidente Lula tirou o Brasil do Mapa da Fome. Quando nós chegamos, em 2023, nós encontramos 33 milhões de famintos no Brasil, e mais 1/3 da população tendo algum tipo de insegurança alimentar. O que nós estamos fazendo aqui: o presidente tomou a decisão e as politicas públicas de proteção ao cidadão retiraram 24,5 milhões de pessoas da fome quando nós chegamos, mas ainda tem 8,5 milhões de pessoas que nós temos que ir atrás, fazer busca ativa para resolver o problema da fome e ter uma alimentação decente, uma alimentação de verdade para as pessoas”.
“Então essa pauta é fundamental porque o presidente Lula bota o dedo na ferida. Pega três temas muito sérios e bota na mesa, e o movimento social do mundo inteiro debateu isso com muita intensidade. Foi um ano de trabalho, que culminou com essa Cúpula Social do G20. Então aqui é o desaguar de um ano de debate pela sociedade civil organizada, pelos grupos de engajamento, e que eu tenho certeza que isso vai ser fundamental para que possa ter politicas orientativas para o mundo inteiro”, explicou Márcio Macêdo.
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O G20 Social pretende que as colaborações da sociedade civil sejam analisadas e enviadas para apreciação da Cúpula de Líderes, que será nos dias 18 e 19 de novembro.
Durante a Cúpula Social, haverá uma série de plenárias, além de feiras, atividades autogestionadas (propostas pela sociedade civil). A intenção é que, ao fim, seja produzido um documento de consenso para ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que encaminhará as demandas aos líderes mundiais na Cúpula do G20.
No bate-papo com jornalistas convidados, uma das propostas do Brasil na presidência temporária do G20, a tributação de super-ricos, também foi comentada por Márcio Macêdo.
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A ideia é cobrar um imposto global de 2% sobre os super-ricos. A medida impactaria apenas três mil pessoas, que detêm cerca de 15 trilhões de dólares de patrimônio, o que permitiria retirar 350 milhões de pessoas da situação de insegurança alimentar no mundo. Segundo Márcio Macêdo, o valor arrecadado também seria usado em um fundo para ações de combate às mudanças climáticas, promover políticas de sustentablidade e uma transição energética justa.
“Por exemplo, esse debate que a sociedade está fazendo através do G20 Social, e que o Brasil propôs aos chefes de Estado, de taxação dos super-ricos. 2% dos super-ricos não faz nem cócegas neles. Mas sabe o que isso significa para o restante do mundo e das pessoas? A possibilidade de resolver o problema de 350 milhões de famintos ao redor do mundo. Parte desse recurso pode compro um fundo que vai ter políticas públicas de proteção às florestas do mundo inteiro, sobretudo as florestas tropicais, que são as maiores do planeta. Pode ter políticas públicas para as pessoas que vivem nas florestas, os ribeirinhos, os quilombolas, os indígenas, os seringueiros, as pessoas que vivem nas periferias das grandes cidades que estão nas florestas. Então isso pode ser fundamental para o dia a dia das pessoas”, disse Macêdo
Desde o ano passado, uma série de debates e reuniões de negociação ocorreram entre 13 grupos de engajamento e movimentos sociais com as autoridades do G20 para discutir e alinhar pautas e propostas, com temas como mulheres, mundo do trabalho, startups e juventude.
O ministro classificou a participação das delegações de estados como espetacular e enfatizou que o G20 Social proporciona um espaço valioso para a troca de ideias. “Os debates possibilitam uma interação rica, permitindo que temas discutidos nas mesas de trabalho se intercalem e se complementem com as discussões feitas pelos chefes de Estado", afirmou.
Macêdo expressou, ainda, sua confiança no impacto da Cúpula nas políticas sociais globais: “Tenho absoluta convicção de que o G20 fará com que as vozes do povo sejam ouvidas para a implementação das políticas sociais”, disse.
O ministro lembrou que a criação do G20 Social foi, não apenas necessária, mas urgente. “Este evento foi uma decisão corajosa do presidente Lula, que compreendeu a importância de fortalecer a agenda social no cenário internacional. O G20 Social surge como uma resposta a desafios urgentes e exige a colaboração de todos para a construção de soluções eficazes”, afirmou.
Márcio Macêdo também mencionou a relevância do envolvimento do mundo digital no evento, especialmente com a criação do CRIA G20, plataforma que promove a participação ativa de jovens e novas tecnologias no debate global.
“A participação do mundo digital é fundamental. O CRIA G20 abre um canal importante para a juventude global, permitindo que as novas gerações tenham voz nas discussões sobre o futuro do planeta”, disse Macêdo
Além disso, o ministro ressaltou a relevância das favelas no contexto da Cúpula. Segundo ele, o G20 Social proporciona um “momento favela”, um espaço dedicado ao debate aprofundado sobre a realidade e o potencial das favelas. “A favela é potência”, afirmou Macêdo, sublinhando a importância de reconhecer as favelas não apenas como espaços de vulnerabilidade, mas também como áreas de grande potencial de desenvolvimento. Ele enfatizou a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para as favelas, ao mesmo tempo, em que ressaltou o potencial dessas comunidades para impulsionar a mudança social. “É fundamental mostrar a necessidade de políticas públicas específicas para as favelas e, ao mesmo tempo, evidenciar seu potencial transformador", declarou o ministro.
Durante a entrevista, também destacou a retomada da participação social no Brasil, ressaltando que o Governo Federal “desentupiu canais de participação social”, permitindo um novo fluxo de diálogo entre a população e o governo. “O governo brasileiro retomou a participação social, e isso é fundamental para fortalecer a democracia e garantir que as políticas públicas atendam às necessidades da população”, afirmou. Ele acrescentou ainda que o G20 Social representa a “coroação desses dois anos de participação social retomada” sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro reforçou o compromisso do Brasil com a construção de alianças globais para enfrentar um dos maiores desafios sociais: a fome. “O Brasil está iniciando o G20 Social com um apelo claro ao mundo: a construção de uma aliança global no combate à fome. A erradicação da fome é uma prioridade urgente e devemos trabalhar juntos para garantir que ninguém fique para trás”, finalizou Macêdo.
Sobre o programa
O programa Giro Social pode ser acompanhado pela TV (aberta ou via satélite) e pela internet, no YouTube, Facebook, TikTok e Instagram do Canal Gov. Para as rádios, o sinal de transmissão é oferecido pela Rádio Gov, pelo mesmo canal de A Voz do Brasil. O programa tem transmissão direta dos estúdios da EBC montados no Boulevard Olímpico, local onde o G20 Social ocorre. Nos próximos dois dias, outros ministros do Governo Federal passarão pela bancada de entrevistas do programa.
Assista à íntegra do programa Giro Social
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